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quarta-feira, 1 de maio de 2024

Juca e as formigas

Em uma terça ensolarada, o sol me convidou raramente a deslumbrar o desabrochar das flores junto das formigas. Ora, como se soubessem falar. Embora o sol, tampouco fizesse o mesmo, não irei de recusar esse convite que vieste por meio de outras formas de linguagem, sem necessário citá-las.

O chão estava molhado da noite anterior, não seria o bastante para lavrar a terra, uma vez que as formigas passeavam como se nada tivesse acontecido. Suponho que em solo mais confortável para as suas patinhas. Do contrário, não tanto para as minhas, pois uma formiga veio a meu encontro e indelicadamente, mais dela se puseram a caminhar sobre meus pés.

Havia muitas opções ao seu redor, não que o vento as atrapalhasse e não haveria animais que atrapalhassem sua caminhada, o que eu, dentro daquele espaço, seria diante para as trabalhadeiras nesse dia de semana? As folhas ainda hão de estar nas árvores a espera de sua colheita.

Não o suficiente com os pés que tocavam o solo ao lado de outras folhas caídas e de terreno mais confortável, subiam os calcanhares e as pernas, lhe pareciam sua própria casa. Rendi-me aos seus desejos e busquei me atentar aos padrões que eram mostrados pelas pequeninas, não me mordiam. Caminhavam sossegadamente, sabendo exatamente o que queriam, sem ao certo saber aonde chegar, não por isto que desistiram da caminhado, pelo contrário se organizaram a ponto de permanecer em sua rota.

Já era hora de haver um ponto de parada, algumas continuavam a subir e rapidamente já alcançaram meus braços, do alto, quase no pico da montanha, o vento as soprava e como se desejassem, saltavam de paraquedas em busca do caminho de casa. Algumas, até sorriam acenando para um reencontro no mais tardar e as outras, em aceno de despedida, hão de criar realidades, sem medo das alturas.

Agora, sim, está certo, chegaram, onde, além disso, somente dois, pois na cabeça é que começaram algo definitivamente estranho. Começaram-se fungadas, ali não me diga quem, mas deveria estar o tesouro dourado das pequeninas, embora não fizesse sentido, uma vez que sua atração era por folhas caídas ou se gostassem do trabalho, de arrancá-las e compor uma queda de folhas ao chão.

Começaram as incessantes mordidas, ora no couro cabeludo, especialmente nas orelhas, pois lá seria a entrada de seu mel precioso, embora saibamos que cera, talvez não fosse de interesse delas. As picadas ficaram incessantes e agora era hora de romper com essa realidade discrepante, não adiantaria viver nessa relação de estragos a minha pele. Pois assim, indiferentes ao voo ou não, eram pouco a pouco lançadas ao vento, de imediato ouvia gritos finos, mas entre meus e o delas, não o bastante se fossem mil estariam em mais dor que eu. Assim seja, voaram as pequeninas em volta do jardim e voltaram-se a olhar seu principal prato de costume,

embora que ainda receosas com minha atitude indelicada, mas convenhamos, em primeira partida teriam sido elas.

Juca, do outro lado da rua, não se conteve um só momento, ria e caí aos berros, meu pensamento não dirigiu a atenção para tal amigo, uma vez que haveria problemas maiores, ou melhor dizendo, pequenos vários problemas para serem resolvidos. Resolvido a situação com as formigas, era hora de voltar a atenção para Juca.

  • O que estás rindo assim? — Esperava outra piada sem graça de Juca.
  • Como não rir dessa dança, não sabia que virará dançarino? — Ainda com dificuldades, Juca se estremeceu na sua fala, mas possuiu coragem de abrir a boca.
  • Ora, Juca, as formigas não me deixavam em paz, era meu sossego ou desconforto e desprazer. — Respondi, obviamente.
  • Formigas? Em cima de você? — Juca, mostrando-se sério como algo lhe houvesse ocorrido a cabeça.
  • Sim, formigas, primeiramente escolhiam meus pés como seu solo, mas depois em sua longa-breve caminhada escolheram me atacar justo a cabeça. — Respondi com toda seriedade do mundo.

O olhar de Juca já poderia nos dizer algo, mas com palavras faria melhor sentido a expressão.

  • As formigas vão ao encontro do carecido, careces de alguma coisa? — Agora, sua expressão não havia espaços para risos, se não preocupação.
  • Como que haveria de carecer? Padeço de algo? Ainda tenho minha vida, meus membros e não estou em pedaços. — Mais claro que o sol, não haveria dúvidas da resposta.
  • Se o diz, porém, não me esqueço que as formigas vão de encontro com aquilo que está em falta, desnutrido. Sua mente está em boas condições? — Perguntou Juca.
  • Claro, claro. Esqueça-te Juca, passar bem.

A andar formigas, temos muito trabalho pela frente. O dia está lindo, como hei de padecer? Estou por inteiro, minha cabeça está integra.

Enquanto isso, as formigas olhavam ao longe a árvore a balançar, quase caindo, sem vento ela própria tremulava.

Autor:

– Miguel Marques, 27/12/2023

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