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sexta-feira, 3 de maio de 2024

Alteridade e diferenças culturais no Brasil para a equidade

Em primeira análise, vale salientar que, diferentemente do ponto de vista biológico, que define o ser humano como uma unidade biológica, a perspectiva antropológica estabelece que a espécie humana construiu uma diversidade cultural. Ou seja, a antropologia delibera a cultura como uma diversidade e como é analisado essa pluralidade.

Sob a abordagem antropológica, essa diversidade também é denominada de “alteridade”. A alteridade é definida como toda experiência compartilhada e vivenciada entre grupos de costumes distintos. Logo, a alteridade diz respeito ao outro ou aquilo que é culturalmente dissemelhante. De acordo com Rocha (1988, p. 6–7): “Como uma espécie de pano de fundo da questão etnocêntrica temos a experiência de um choque cultural. De um lado, conhecemos um grupo do ‘eu’, o ‘nosso’ grupo […]”. Diante do exposto, conclui-se que pode haver o estranhamento de indivíduos em relação à cultura de outras pessoas a partir da proposição dos valores particulares. Um indivíduo que aprecia música clássica, por exemplo, poderá estranhar um grupo cultural que preza por escutar o funk brasileiro, com isso, além do estranhamento, ocorrerá o risco de desenvolver uma visão preconceituosa relacionada aos elementos culturais que compõem um indivíduo ou grupo social.

Posto isso, surge o etnocentrismo, que se resume como a concepção de uma pessoa ou comunidade cultural acerca de uma outra cultura, levando em consideração suas próprias crenças. O outro pode ser visto de forma “selvagem”, “suja”, ”pecador” e “pitoresco”, dessa forma, nota-se a intolerância partida do observador devido ao choque cultural. Segundo Maia (2020, p. 3):

O etnocentrismo representa uma forma de sentir, pensar e perceber que adota um grupo, valores e modelos como o centro. Ele parte de uma relação entre eu-outro, em que se utiliza os referenciais culturais da própria sociedade para avaliar os modos de vida distintos de sua cultura.

Pode-se ter como exemplo disso, a intolerância religiosa. Tal conjuntura reflete-se na visão deturpada que algumas comunidades cristãs apresentam sobre religiões de matrizes africanas como o candomblé, pois acreditam que essa, assim como outras religiões são “malignas” e que o cristianismo é a única religião “pura” e dotada de virtudes. Para Thomaz (1995):

[…] ele pode aproximar-se do preconceito quando, na convivência cotidiana e no contato com uma diversidade de outros com os quais se tem familiaridade, rotula e aplica os estereótipos que guiam a relação com a diferença. Em algumas situações, essa apreensão reveste-se de uma forma muito violenta e constitui o racismo, a intolerância, a xenofobia e os etnocídios, justificando a violência praticada contra os demais.

Contudo, há um meio viável para solucionar os problemas gerados pelo etnocentrismo. O chamado “relativismo cultural” pode ser entendido como o reconhecimento de que cada cultura é legítima quando observada sob seus próprios parâmetros. Ou seja, se um indivíduo pretende conhecer uma cultura dissemelhante, ele deve distanciar-se de seus próprios valores para conseguir compreender a lógica cultural da alteridade. A partir do momento que este indivíduo tenta se desnudar de seus princípios culturais, ele adotará uma postura sob o ponto de vista da pesquisa antropológica para entender o que acontece em outras sociedades.

A diversidade de culturas é vital para um saudável dinamismo cultural. Diversidade demanda respeito, pois a pluralidade cultural é uma realidade presente no Brasil. Portanto, deve haver uma atitude de respeito e de aceitação em relação às representações culturais.

BIBLIOGRAFIA

MAIA, G. F. . Antropologia Social. 2020. (Desenvolvimento de material didático ou instrucional – Livrodidático).

HOMAZ, O. R. A antropologia e o mundo contemporâneo: cultura e diversidade. In: SILVA, A. L.; GRUPIONI, L. D. B. A temática indígena na escola: novos subsídios para pro-fessores de 1º e 2º graus. Brasília: MEC; UNESCO; São Paulo: Mari — Grupo de Educação Indígena/USP, 1995. P. 425–441. Disponível em:nhttp://www.dominiopublico.gov.br/pes- quisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=26725. Acesso em: 12 abr. 2023.

ROCHA, E. P. G. O que é etnocentrismo. 5. Ed. São Paulo: Brasiliense, 1988. 95 p. (Coleção Primeiros Passos, 124).

GOMES, Manoel Messias. A diversidade de culturas no Brasil: como valorizá-las na prática educativa da sala de aula? Revista Educação Pública, v. 19, nº 30, 19 de              novembro             de             2019.             Disponível         em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/19/30/a-diversidade-de-culturas- no-brasil-como-valoriza-las-na-pratica-educativa-da-sala-de-aula. Acesso em: 16 abr. 2023.

Autor:

Rodrigo Barbosa de Souza

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