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domingo, 28 de abril de 2024

A Primeira Academia Goiana de Letras

A tentativa de criar uma associação literária e o protagonismo de Eurídice Natal e Silva

No ano de 1904 na então capital de Goiás Vila Boa (hoje Cidade de Goiás); um grupo de intelectuais se reuniu na tentativa de fundar a Academia de Letras de Goiás. De acordo com Coelho Vaz (2008), em 9 de outubro de 1904, houve uma reunião na casa de Joaquim Xavier Guimarães Natal para discutir os termos da instalação da academia, conforme publicado por um jornal da época.

Três dias depois no dia 12 de outubro de 1904 a Academia foi instalada no Palácio Conde dos Arcos, sede do governo do Estado, onde a jovem escritora Eurídice Natal e Silva de apenas 19 anos foi escolhida presidente da academia que acabava de ser criada. Naquela mesma noite segundo Coelho Vaz (2008) foi oferecido um baile em homenagem à Eurídice, que aconteceu na casa do médico José Netto.

A fundação da Academia de Letras de Goiás é um evento que deve ser celebrado, mas é importante destacar o apoio de nomes importantes da cultura e história goiana; como José Bonifácio Gomes de Siqueira (escolhido secretário), Augusto Rios, Godofredo de Siqueira, Acrísio da Gama e outros, ao nome de

Eurídice, sendo iniciativa dos próprios membros oferecerem o baile que segundo registros, foi copiosamente divulgado pela imprensa local.

Eurídice Natal e Silva nasceu na Cidade de Goiás (Vila Boa) em 23 de novembro de 1883, filha do juiz Joaquim Xavier Guimarães Natal e Ângela Bulhões Jardim. Eurídice foi uma escritora de contos e os registros existentes, mostram que seus textos eram relatos sobre sua rotina e como era a vida em Vila Boa naquela época.

De acordo com os registros da época Eurídice se casou com Marcelo Francisco da Silva em 1905, de acordo com Vasconcellos (2010), a família se mudou para o Rio de Janeiro, tendo anos depois regressado a Goiás. Eurídice faleceu em 31 de agosto de 1970, aos 86 anos em Goiânia.

A Academia de Letras de Goiás durou apenas quatro anos tendo sido extinta em 1908, mas apesar disso a iniciativa dos intelectuais da época de criar uma academia voltada para a literatura junto com a riquíssima produção dos autores da época, é muito relevante e merece o devido crédito.

A Academia Goiana de Letras acabou sendo efetivamente criada em 28 de março de 1938, tendo como fundadores Colemar Natal e Silva (filho de Eurídice), Mário D’Alencastro Caiado, Vasco dos Reis Gonçalves, Luiz do Couto, entre outros.

Assim como Eurídice várias escritoras se destacaram na literatura goiana no final do século XIX e no decorrer do século XX, podendo ser citadas Rosarita Fleury, Consuelo Caiado, Alice Sant’Anna e Cora Coralina.

De acordo com Prado (2019), foi através da imprensa que muitas intelectuais de Goiás, levantaram questões como o voto feminino, instrução de mulheres, formação acadêmicas para ocupação de cargos relevantes e outras questões sociais.

A iniciativa das escritoras de publicar nos jornais mais veiculados da capital do Estado devem ser historicamente consideradas como muito importantes para consolidar o protagonismo feminino na literatura goiana.

Referências

DO PRADO, Paulo Brito. Aventuras feministas nos sertões de Goiás: as mulheres e as suas lutas nos guardados de Consuelo Ramos Caiado (1899- 1931). 2019. Tese de Doutorado. Tese (Doutorado em História. Niterói-RJ: Universidade Federal Fluminense.

VASCONCELLOS, Eliane. Precursoras da literatura goiana. Revista UFG, v. 12, n. 8, 2010.

VAZ Vaz, Coelho aca Academia Goiana de Letras (História e Antologia) / Coelho Vaz. Goiânia : Kelps, 2008.

Autora:

Anna Flávia Lopes – jornalista e pesquisadora de história da imprensa

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