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quinta-feira, 2 de maio de 2024

Bertha Lutz e a Combinação entre Ativismo e Educação

Passado mais um dia internacional da mulher (8 de março), fica a reflexão de toda a luta e ativismo para que o direito das mulheres avançasse nos últimos anos. No dia internacional da mulher a imprensa e demais instituições lembraram datas importantes como a conquista do voto feminino em 1932; além disso um dos eventos solenes foi a entrega do Diploma Bertha Lutz oferecido anualmente pelo Senado Federal para premiar mulheres que atuam na luta pelos direitos das mulheres.

O nome da honraria não poderia ser mais simbólico, uma vez que Bertha Lutz foi uma das maiores ativistas pelos direitos das mulheres da história do Brasil. Filha do grande cientista Adolfo Lutz, recebeu uma excelente educação na Europa, com formação na tradicional Universidade de Sorbonne na França.

Além da luta política e da participação em movimentos pelo sufrágio e congressos que clamavam pelo direito ao voto das mulheres, é importante ressaltar o trabalho de Bertha Lutz como educadora. Sua formação superior e seu trabalho como bióloga onde teve grande destaque, fizeram diferença e chamaram atenção para a importância do ensino de qualidade na luta pelos direitos das mulheres.

Em 1929, Bertha ajudou a fundar a União Universitária Feminina, que incentivava a educação superior para mulheres. Apesar de as mulheres terem direito a frequentar universidades desde 1879, e o número de mulheres no mercado de trabalho e na educação superior ter crescido desde o final do século XIX, em maior parte pelo incentivo das ideias feministas, na década de 1920 ainda era muito pequeno o número de mulheres na educação superior.

(Foto – Brasiliana Fotográfica)

Bertha Lutz viu sua grande causa ser conquistada em 24 de fevereiro de 1932, quando Getúlio Vargas instituiu o direito ao voto, mas apesar disso a participação política ainda era pequena. A própria Bertha decidiu conquistar seu lugar e se candidatou à Assembleia Constituinte, mas apesar de não se eleger, continuou tentando e se tornou suplente do deputado federal Cândido Pessoa, assumindo o mandato quando ele faleceu. Bertha Lutz morreu em 1976 aos 84 anos, deixando um legado de conquistas a consolidação do movimento ao qual se dedicou.

Mais do que o direito ao voto, a luta pela ampliação da educação das mulheres foi percebida desde cedo como grande ferramenta de mudança social e inclusão das mulheres. A educação permitiu as mulheres mostrar a sociedade que capacidade e inteligência independem de gênero e competir em igualdade com os homens no âmbito social e no mercado de trabalho.

Quase cem anos depois, esse ativismo e o incentivo à educação continua presente, uma vez que é uma construção. O movimento feminista deve se orgulhar de sua trajetória pois o futuro que é previsto é de mais conquistas e mais legados importantes deixados por grandes mulheres.

Autora:

Anna Flávia Lopes jornalista e pesquisadora na área de história da imprensa

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