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sábado, 4 de maio de 2024

Alguma coisa está muito errada…

Enquanto a bola vai rolando lá pelas bandas do Catar, um país peninsular árabe, rico, o mundo vai girando, com boa parte de sua população extasiada, movida a um marketing expressivo, enchendo estádios e aglomerando pessoas para cervejinhas por aqui (e mundo afora, com certeza) na esperança de ver seu país campeão da Copa.

O futebol é apaixonante para multidões. Desde a época em que era pobre, com jogadores indo para seus clubes de ônibus, levando suas chuteiras, e os torcedores “abrigados” em arquibancadas sem proteção contra sol ou chuva.

Investidores, há já algum tempo, perceberam o filão que o futebol seria, desde que tratado como um negócio profissionalizado – no maior sentido da palavra – onde os múltiplos “produtos” (e subprodutos) se bem trabalhados poderiam (também) gerar lucros exorbitantes fora das quatro linhas.  

Camisas, tênis, meias, bolas, bonés, com marcas internacionalizadas acrescentam valor ao negócio principal. Marcas publicitárias “escondendo” as camisas complementam os painéis comerciais ao redor do perímetro dos estádios.

Tudo isso seja em Copas várias ou campeonatos regionais. Na Europa – e mais recentemente no Brasil – clubes são comprados por investidores que já perceberam o filão pluralista. Difícil o aficionado do futebol perceber o quanto é bombardeado pelo marketing profissional bem engendrado e estimulado a gastar na compra de produtos e subprodutos: a ponta do iceberg.

Enquanto isso, no Qatar, nosso Ronaldo, ex-jogador da seleção e figura pública e histórica para o esporte brasileiro e Vinicius Junior, da seleção atual, são vistos consumindo em um restaurante, carne de ouro, numa churrascaria famosa (ouro mesmo) pela bagatela de 9 mil reais e que, talvez, nem tenham pago para provar a tal iguaria.

A aberração continua quando se constata que o Ronaldo português, aos 37 anos e em decadência, foi contratado pelo Al-Nasser da  Arábia Saudita por  200 milhões de euros por temporada incluindo salário e incentivos econômicos via publicidade. É a máquina a que me referi acima.

Deixou na rabeira Messi e Neymar que custam ao PSG da França, míseros 70 milhões cada um, por temporada. Lembre-se que o dono do clube  é o Xeque Tamim bin Hamad bin Khalifa Al-Thani o Emir do Qatar. Petróleo a rodo. E, mais recentemente, ao que consta, a – por enquanto estrela da Copa, Mbappé – renovou seu contrato com o mesmo clube por  500 milhões de euros pelos próximos três anos.

E não há como deixar de se perguntar – honestamente – que mundo é este? Por que há tanta disparidade na luta de seres humanos pela sobrevivência diária? Parece que escolaridade pouco conta versus talento para a prática profissional de um esporte.

Não fora assim, o salário mensal médio de um Pesquisador em Saúde Pública na Fiocruz jamais seria de apenas de R$ 5.590 podendo alcançar R$ 9.000.

E a cereja do bolo: entre 2020 e 2022 dobrou o percentual de casas que não conseguem garantir alimentação básica para menores de até 10 anos. Hoje, 3 em cada 10 famílias brasileiras sofrem com a subalimentação infantil. E os recursos federais para a merenda escolar perdem valor de compra ano a ano: o repasse por aluno, atualmente, varia entre R$ 0,36 e R$ 1,07.

Muito menos que uma Bola de Futebol Profissional oficial!

Ressalte-se que não sou contra o futebol, mas sim contra um sistema que ignora o entorno do ser humano. Alguma coisa está errada!

E mais não digo.

Autor:

RAdeATHAYDE

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