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sexta-feira, 26 de abril de 2024

Sonho: Uma mega produção extraída do inconsciente

Um complexo sistema psíquico habitado por emoções, imagens, sentimentos, sensações, estímulos fisiológicos, imprevisível, sem um padrão formatado, não está sujeito a relação tempo x espaço, embora seja uma realidade, trata-se de uma experiência quase sempre ilógica.  Uma realidade intangível.  Não se exerce controle sobre os sonhos, ele é que nos insere em contextos alimentados pelo inconsciente, o que justifica nossa impotência em qualquer tentativa de manipulá-lo.

Trata-se de uma vida paralela ou é uma parte da vida orgânica ?

Sonho é uma temática que por natureza se amplia em várias direções devido a elasticidade das interpretações nos mais variados olhares da religião, cultura, senso comum e ciência.

Na visão do pai da psicanálise Sigmund Freud, os sonhos são desejos reprimidos no inconsciente.

No senso comum acredita-se que o sonho possui sentidos premonitórios, o que exige uma interpretação recheada de tons místicos.  Seria o sonho uma expansão da consciência alimentado pelo inconsciente ?

Freud dedicou muito do seus estudos a essa temática e em 1899 publicou o livro A interpretação dos sonhos, que nos primeiros 6 anos vendeu pouco mais de 600 exemplares.  Hoje, um livro de indispensável referência não apenas para a comunidade acadêmica, mas para todos que se sentem atraído em entender essa faculdade pouco explorada e de singular causadora das inúmeras curiosidades a respeito.

Segundo o pai da psicanálise, o contexto onírico se explica pelo manifesto (fachada) e o sentido latente (O significado).  Vamos observar:  A fachada poderíamos considerar como um despiste do superego que trabalha como um guardião que seleciona o que vem do inconsciente e acessa ou não o consciente.  Já o sentido latente por intermédio da interpretação simbólica torna ciente o desejo do sonhador escondidos por trás dos aparentes fatos ilógicos narrados.

A psicanálise no uso de seu privilégio em enriquecer a temática através de Freud, conceitua o sonho como cargas emocionais manifestadas através de pontos recalcados e armazenados no inconsciente, que produzem imagens e sons dentro de uma realidade analogicamente virtual.  Para quem já imergiu no entendimento sobre metaverso torna-se mais compreensível essa dinâmica.

Quando analisado com os devidos cuidados, o mundo onírico oportuniza o caminho para encontrar raízes onde habitam as emoções que geram as imagens e os sons, o que propiciam um melhor conhecimento sobre o momento da psique do indivíduo.

A interpretação dos sonhos pode ser considerada um sugestionável instrumento para “elaborar”, segundo Carl Jung.

Já os neurocientistas possuem uma visão menos encorpada sobre os sonhos, pois postulam o conceito de ser o sonho, uma espécie de fluxos de informações sem sentido e funcionam para manter o cérebro em ordem.  Ora, como a complexidade de tal faculdade teria por finalidade se utilizar de informações trafegando sem sentido para dar equilíbrio ao cérebro ?  Não apenas inusitado, mas plenamente incompreensível.

Um outro fato curioso é o que mostra alguns estudos afirmando que temos de 5 a 6 ciclos de sono por noite, e que cada ciclo passa pelas fases 1,2,3 e REM, essa última pelo menos 1 sonho se manifesta, o que significa entender que temos entre 5 e 6 sonhos por noite.

Mas por que geralmente não nos lembramos parcialmente ou totalmente dos sonhos ? 

Como os sonhos geralmente ocorrem na fase REM do sono, as reações químicas em nossas células, podem não permitir que seja armazenado no hipocampo, ou seja, esquecemos os conteúdos do sonho. 

Dizem especialistas que para lembrar totalmente do sonho, é necessário que a pessoa acorde até no máximo 10 minutos após o sonho haver se desfeito.

Durante o sonho a dinâmica do consciente fica rebaixada, aí o inconsciente passa a conduzir o trabalho da mente, o que justifica a manifestação de conteúdos recalcado no inconsciente criando todo o cenário para produzir os sonhos.

Essa fantástica fábrica de produções oníricas sempre fascinou estudiosos dessa temática desde a Grécia antiga.  Porém ainda hoje esse terreno continua sendo adubado com dúvidas que oportunizam caminhos para levar a novas descobertas em meio a complexidade da mente humana.

Autor:

José Romero Gomes da Silva

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