PADRÕES POEMIA II DE SUSATEL |
Parte I
Pusera-se a andar pelos vales dos empobrecidos de espírito, uma tal figura desalmada; E, ora, que metiam-se todos a fugir quando se deparavam com a mesma;
<<Que Deus salve-nos e desvie os nossos passos, para que não caiamos no mesmo caminho com àquele filho do diabo>>
Essa, era a prece feita pelas virgens em voz alta logo cedo antes do nascer do sol, quando se pusessem a cruzar a rua próxima de onde fora visto o dito filho de diabo.
E, sempre que as ouvia, retrucava em voz alta também o velho Lourenço, não o Marques, que morava logo ao início da ruela, <<ai de vós povo louco, quem salvará a Deus nosso redentor das baboseiras que andais a proferir>> já se punha toda a gente as gargalhadas, não só de suas palavras, mas, como também da forma como as tirava para fora de sua boca;
E quanto gargalhassem estufando o peito completamente possuídos pelas risadas que não se davam por cessar, lá vinha ele mais uma vez, já dizia o meu querido pai Victorino, que Deus nosso redentor tenha sua alma em descanso <<a escassez de trabalho faz com que homens andem metidos atolados com a vida alheia>>, e oxalá que não infartem de tanto rirem, já vos falta mas é trabalho, penoso seria um infarte por conta de uma descabida risada, e punha-se logo em seguida a tirar sarro do silêncio dos que haviam emudecido as suas gargalhadas…
Lourenço seu velho parvalhão fizeste oh então amizade com o mal parido, te puseste à mesa com o pai dele, o capeta, para a consumação desse pacto malévolo, olha lá que tu precisas mas é de uma mulher, e oxalá seu rabugento metido a atolado que a virgem santíssima Maria rogue ao fruto saído de seu ventre que diga ao senhor dos exércitos que lho reserve um lugar no quinto dos infernos… Sempre lá se fazia frente à sua porta aos beros o velho Crespo seu vizinho, quando ouvisse-no implicar com as lindas donzelas!
Oh Crespo seu camponês metido a filósofo, ainda andas metidos com estas coisas da quinta dos infernos, esquecesteis, pois, que sou eu quem auxiliou a virgem a parir
miúdo foi me consagrado desde aquele dia tio do miúdo, ele mas é que tem que obedecer a mim, e não eu a ele, parvalhão de uma figa…
Oh avó saia-te lá logo da janela, vossemecê não vê que o povo te tem a ti como um louco, cuja sanidade se apartara da tua pessoa faz tempo?!
Pedrito meu neto, quem te irá salvar a ti das armadilhas destas raparigas que açoitam os corações dos Homens uma vez tidos como reféns de seus encantamentos, senão eu o teu bom velhote, e enquanto eu cá estiver com os pés firmes nesta terra quente de espertalhões, cuidarei para que a tua tolice não te leve ao precipício…
Ah, Pedrito escuta-me oh rapaz, um dia ainda te metes em sarilhos por conta de um velho que julga estar com as pernas firmes em terra quente, enquanto que não passam de trémulas e degradadas pela desgraça de sua vida, eu sou o Crespo, o que diz à vossemecê que com este único olho vi seu avô ser burlado os sentimentos pela Joana Samantina dos montes…
Oh, Crespo vai-te lá cuidar dos teus porcos seu lambido pela velhice….
…
Autor:
Susatel
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