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sexta-feira, 26 de abril de 2024

Você é ou não é todo mundo?

A maturidade faz a pessoa se perguntar se entendeu, de fato, os que os pais lhe passaram. Fui educado da forma que minha mãe tentou fazer? Qual foi o legado imaterial deixado? As respostas são muitas e, normalmente, complexas. O terreno em Mongaguá ou Saquarema no qual nunca foi erguida a edícula para receber a família nas férias de janeiro não tem tanta importância diante da afirmação dos pais “você não é todo mundo!”.

Afinal, somos ou não somos todo mundo? A multidão do senso comum deveria responder positivamente, vez que dissemina a empatia como obrigação; supostamente, seria possível ver pelos olhos do outro e calçar os sapatos apertados ou largos da outra pessoa. Seríamos, então, todo mundo – ou, ao menos, teríamos o potencial de o ser.

Quando não somos todo mundo, de antemão, afirmamo-nos haver uma individualidade, uma singularidade nossa. O espaço individual jamais poderia suplantar ou ser transposto ao universal ou ao do outro. A alteridade se enquadraria nas grandes ficções discursivas, então.

Pergunto, novamente: você é todo mundo? Há um ovo nosso, ao qual devemos proteção, cuidado e admiração, pois é nosso e de mais ninguém – “quem pariu Mateus que o embale” – ou, de outro lado, vivemos numa sociedade alternativa onde tudo é compartilhado, até o ser, fazer e existir?

A reflexão é cruel e nos coloca no embate entre a existência psíquica, com seus mandamentos próprios e mecanismos egóicos, ou ao discurso bonito e bem aceito na academia e nas redes sociais. Tome seu tempo para responder.

Autor:

Arthur Dartagnan Chaves dos Santos, Psicanalista. Acadêmico de medicina. @arthurdartagnanchaves

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