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domingo, 17 de novembro de 2024

Antes tarde do que nunca!

Minhas crônicas de quinta (que as vezes sai na sexta).

Tem uma quinta na minha sexta, mas, mais vale um pássaro na mão do que dois voando. É aquela velha história: quem muito quer, nada tem. E o apressado come cru (porque vai com muita sede ao pote) e as vezes acaba metendo os pés pelas mãos… E, numa dessas, troca gato por lebre, e eventualmente, seis por meia dúzia.

É nessas horas que dá um estalo e você percebe que, se o cão que ladra não morde, é melhor caçar com gato. Não adianta forçar a barra, porque pau que nasce torto nunca se endireita, ainda que o espeto seja do ferreiro. Tapar o sol com a peneira também não serve, porque a verdade é uma só: é de grão em grão que a galinha enche o papo. E não adianta cantar de galo, é preciso saber dançar conforme a música.

É necessário ter em mente que quem espera, um dia pode até alcançar, mas como nada cai do céu e o seguro morre de velho, se quiser petiscar, é melhor se arriscar – especialmente quando não se tem nada a perder… só não dá pra botar o carro na frente dos bois, e, antes de tudo, nunca se esqueça de dar nome a eles. O sol nasce pra todos, e se o vento soprar a favor, pode ser que você mate dois coelhos numa só cajadada. E se, ao errar, acertar um ladrão, fique em paz, pois ainda terá 100 anos de perdão (bem melhor que ver o sol nascer quadrado). Mas vale ressaltar: quem nunca errou, que atire a primeira pedra. Com todo cuidado, pois tudo o que vai, volta e aquilo que se faz aqui, aqui mesmo se paga.

A justiça tarda, mas não falha: os últimos serão os primeiros. A quê, eu não sei, não tenho bola de cristal… também não vou inventar história, porque a mentira tem perna curta… o peixe morre pela boca, e em boca fechada não entra mosquito! Por isso, caçar pelo em ovo ou chifre na cabeça de cavalo nunca foi a melhor solução. De consciência limpa, quem não deve, não teme. Pisar em ovos é difícil demais, mais difícil até que procurar uma agulha no palheiro.

Curta a vida porque a vida é curta, e o amanhã a Deus pertence. Tem coisas, que até Ele duvida… ainda que a voz do povo seja a voz de Deus. Muito ajuda quem não atrapalha, e cada caso é um caso. Nesse caso, o Cara só ajuda quem cedo madruga (e quem comeu o pão que o Diabo amassou e, claro, não cuspiu no prato que comeu), até porque mar calmo nunca fez bom marinheiro. Mas Ele não dá asa a cobra, nem uma cruz que você não possa carregar.

Quem não chora não mama e água mole em pedra dura, tanto bate até que fura. Quando se tem a faca e o queijo na mão, não seja Maria-vai-com-as-outras, faça você o que eu digo e não o que eu faço. Se bem que se conselho fosse bom não se dava de graça. Se bem que de graça… até injeção na testa. Mas quando a esmola é muita, o santo do pau oco desconfia. Só não dá pra ficar parado, porque saco vazio não para em pé, né…

Falando em pé, diga-me com quem andas, que pra bom entendedor meio provérbio basta. É aquilo: antes só do que mal acompanhado, e cada um sabe onde o calo aperta. No mais, os incomodados que se mudem! É sempre o sujo falando do mal lavado e fica tudo mais sujo que pau de galinheiro. Enquanto um burro fala mais que o homem da cobra, o outro abaixa a orelha… e aí, quem cala consente. Depois, não adianta chorar pelo leite derramado.

Em terra de cego quem tem um olho é rei. Mas o pior cego é aquele que não quer ver, ainda que a boa educação – vinda de berço – o ensine que cavalo dado não se olha os dentes… Dizem que o que os olhos não vêem, o coração não sente, ao passo que só se vê bem com o coração. No fim das contas, psicologicamente falando, quem ama o feio, bonito lhe parece. De todo modo, enxergando ou não, esses olhos, um dia a terra há de comer.

E tá tudo bem. Pior que tá também não fica. E se melhorar, estraga.

A morte vem a galope. Minha boca é um túmulo, mas quem mandou dar palco pra doido dançar… agora, aceita que dói menos. Cada doido com a sua mania, e aquilo que não me mata, me fortalece. Coletivamente falando, é sempre bom lembrar que a união faz a força.

Vivo com a pulga atrás da orelha e mesmo sabendo que uma mão lava a outra, não boto a minha no fogo por nada nem por ninguém desse mundo. Porque você sabe como é, quando o gato sai os ratos fazem a festa, então é sempre bom ficar com um pé atrás, ainda que você tenha começado com o pé direito. Cá estou, falando de pés novamente, e das botas que Judas perdeu só Deus sabe onde, depois de nadar horas e horas e morrer na praia.

Antes tarde do que nunca! Terminei, mas deixei muitos provérbios pelo caminho… Afinal, ninguém nasce perfeito e só a prática leva a perfeição. E também tem aquela, né: minha cabeça eu só não esqueço porque tá grudada.

Luana Carvalho
Luana Carvalho
Arquiteta, cria da Unesp - Presidente Prudente. Brasileira, com 27 anos de sonho e de sangue, e de América do Sul. Escrevo porque não sei guardar segredo.

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