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terça-feira, 12 de março de 2024

Viagem aos anos 80

Minhas crônicas de quinta.

Engraçado que a gente vive em 2021, portanto, 1981 foi há 40 anos… Mas alguma coisa aconteceu e os anos 80 – musicalmente falando – ainda permenecem em nossa alma. Eu que nem vivi essa época me teletransportaria fácil pra um lugarzinho qualquer, com um radinho qualquer ligado, tocando os lançamentos do momento. Resta saber: será que se eu estivesse lá iria gostar dos lançamentos do momento? Ou preferiria a nostagia dos anos 60?

Blinding Lights, do cantor canadense The Weeknd, é um som do ano passado, com uma pegada synthwave tão forte que talvez tenha trazido um pouco dessa experiência de sentir as novidades oitentistas. Eu curti, e o mundo também! Tanto que um mês atrás saiu essa notícia: “’Blinding Lights’, do The Weeknd, torna-se a primeira música a ficar o ano inteiro no Top 10 da Billboard”. Acho que a pergunta levantada foi respondida.

O New Wave (“Nova Onda”), movimento cultural pai da estética sonora (e também visual e comportamental) que teve seu ápice nos anos 80, trouxe consigo experimentações com novos instrumentos (elétricos) como o teclado, os sintetizadores, a guitarra elétrica e a bateria eletrônica, que tornaram o som dessa época tão característico.

Tem uma cena, também muito marcante, com a qual volta e meia me deparo por aí, que vou descrever a seguir. O local: um bar de esquina, prédio meio velho, com mesa de sinuca, cadeiras na calçada e uma Jukebox cheia de luzes coloridas, com o som “torando”. Os personagens: maioria homens com mais de 60 anos e algumas mulheres com mais de 40. O que eles fazem: jogam, bebem, comem espetinho, conversam, cantam e dançam. Basicamente, um bar com pessoas muito felizes. Horário: a partir das 3 da tarde, até quando Deus quiser.

Alguém vai lá na Jukebox e escolhe uma música, que logo começa a tocar. É Cyndi Lauper, direto de 89, cantando assim:

“- Adrovonaaaai, tchu qui tchu iuuu”

Pra quem entende:

“- I drove all niiiiiight to get to you”

Depois de algumas repetições desse refrão, aquela delícia de momento se prolonga até que o volume vai diminuindo aos poucos, anunciando o final da canção. E naquele meio tempo, entre espetinhos e cervejas, um cara já meio passado troca uma ideia com uma garota que, aleatoriamente, estava ali, matando aula da faculdade com alguns amigos.

– Cês que é estudado, que que ela fala nessa música, hein?

A turminha, animada, galerinha nascida nos anos 90, começa a brincar com ele e desconversam. Enquanto isso, a garota pede pra ele esperar, vai lá na Juke e coloca uma música, de 94. Ela volta, olha pro homem e fala assim:

– Escuta essa música aí que eu coloquei agora. Ela fala a mesma coisa.

Respeitando o clima nostálgico, puxando mais pro Brasil, pra alguns anos depois, a moça colocara Leandro e Leonardo pra tocar.

“- Eu quero estar nos braços dela daqui a pouquinho, pois passei a noite voando sozinho, dentro desse carro pela rodovia…”

– Entendeu? – a moça pergunta.

– É a mema história. – completa.

Até que alguém para a música no meio, um tanto bravo, dizendo:

“- Quem colocou isso aqui? Hoje é só anos 80, fio.”

E então escolhe outra música. O riffzinho inicial não engana: é Take on Me, do A-ha. Essa todo mundo conhece!

Luana Carvalho
Luana Carvalho
Arquiteta, cria da Unesp - Presidente Prudente. Brasileira, com 27 anos de sonho e de sangue, e de América do Sul. Escrevo porque não sei guardar segredo.

5 COMENTÁRIOS

  1. Nascido quase no século 20, me identifico muito com o texto, pois gosto mais das músicas antigas do que as recentemente lançadas, e ao meu ver, as músicas tem ficado cada vez com menos conteúdo e menos interessantes. Uma pena.

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