A mentira tem perna curta e nariz grande. Não quero dizer que um baixinho narigudo – como um daqueles personagens animados da Pantera Cor-de-Rosa – seja a personificação da mentira. Ela não tem cara, nem perna, só que é mais rápida que uma pantera.
A verdade é mais tranquila. A mentira é desesperada, por isso ela corre e chega mais rápido. Só que, nessa correria toda, às vezes ela tropeça (ou trupica, como diz nosso gostoso dialeto), e vira um bolo só. Daí a gente não sabe onde ela começou e onde ela termina.
A verdade é que a mentira é frágil, por isso é um tolo quem tenta se esconder debaixo dela. É só bater um ventinho que voilà, a verdade vem à tona.
A verdade é uma caverna de pedra, milenar; a mentira, uma cabana efêmera, improvisada, um acampamento. A verdade é verde: vida, saudável, “siga em frente”; a mentira é vermelha: morte, fogo, “pare”.
A mentira é sacana e sem escrúpulo algum. É típico da mentira se fantasiar de verdade. Faz parte do jogo. É a estratégia básica de qualquer mentira. As vezes ela se veste de verde, e às vezes, a verdade – nua e crua – é vermelha, como o sangue que aparece quando a gente se corta.
A mentira (ou omissão da verdade) só é boa quando usada para fins de justiça. Falo da justiça real, filosófica, conceito que pouco – ou nada – tem a ver com o sistema judiciário. Este, é composto, muitas vezes, por mentirosos que se pautam, muitas vezes, em mentiras pra conseguir o que querem por intermédio da Lei (uma ferramenta também muito utilizada em favor da própria injustiça e de interesses que não são universais).
Hoje é Dia da Mentira, e ontem foi 31 de março. Em verdade, uma data histórica em nosso país. Há 57 anos e 1 dia, aconteceu o Golpe Militar, e até hoje, a Comissão da Verdade traz à luz os fatos que foram escondidos debaixo do tapete da mentira em que o país viveu durante aquele período sangrento, omisso e covarde.
A verdade sempre vem à tona, porque ela é real e eterna. A mentira não existe, é falsa e temporária. E a mitomania é uma doença que precisa ser tratada.
Nada como a verdade: ela sempre prevalece. É linda – e às vezes cruel – mas nela a gente pode confiar. Nada de sujeira debaixo do tapete e nada de cortina feita de fumaça, encobrindo a nossa visão. Quero um mundo transparente como água potável, e visível, como tudo que enxergamos quando o clarão do sol bate, acendendo a luz do dia.
Nada como a verdade… como já citado, as vezes dói mais, mas pelo menos não ilude ninguém. Na mentira a pessoa pode se safar por um tempo, mas cedo ou tarde a verdade vem a tona e tudo se acaba.
Exatamente Ana! Pode-se até ganhar um tempo com a mentira, mas perde-se a razão.
De que adianta mentir? Isso te poderá te levar a um estado melhor (uma promoção no emprego, um relacionamento, uma vantagem financeira), mas cedo ou tarde a verdade vem a tona. E mesmo que as pessoas não vejam, aos olhos do Senhor nada escapa.
Isso aí.