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terça-feira, 23 de abril de 2024

Amor Platense

Ele era uruguaio, ela era argentina. Mas ambos nasceram no Brasil.

Um de um lado, uma do outro. Mas ambos no Brasil.

Filhos de um pai que não reconheceu a paternidade, separados por milhas e milhas de mato, o único resquício do que um dia podia ser verdadeiramente chamado de “Brasil”. 

Hoje, já não era mais assim. Para eles, já não era desde que nasceram.

Nunca se iludiram quanto ao lugar em que estavam. Guardavam as ilusões para planejarem futuros aos quais não teriam acesso se por ali continuassem. 

Para ele, o uruguaio, a Yerba Mate e a Erva Sagrada já bastavam para o dia ser bom se estivesse na companhia de quem amava. Bem como o Uruguai.

Para ela, a argentina, como toda boa cria Porteña, gostava de estar em constante movimento. Mesmo que, ao final dele, seguisse no mesmo lugar. Bem como a Argentina.

Quando se encontraram foi como se o Rio do Prata encontrasse o mar. 

Amor Platense, que fazia sentido e que parecia tão natural.

Após isso, a única certeza que ambos têm é a de que não irão soltar a mão um do outro. 

Mesmo com as inconstâncias da argentina, ou com as revoltas do uruguaio, o Rio da Prata segue sendo o que os une e os dá paz. 

Para qual lado irão navegar?

Ainda não sabem. 

Mas o mistério faz parte da aventura.

2 COMENTÁRIOS

  1. Todos os finais de semana acompanho os contos, o autor nunca me decepciona!
    O que dizer do texto de hoje? Poético, metafórico, perfeito! Isso é arte.

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