24.7 C
São Paulo
domingo, 21 de abril de 2024

Procrastinação

Procrastinar. Ato de adiar tarefas importantes para um depois que muitas vezes nunca chega. Conhecido também, vulgarmente, como ‘preguiça’, está associado àquele fofo bichinho que vive agarrado a um galho e que muito ‘len-ta-men-te-re-a-li-za-seus-mo-vi- men-tos-ci-né-ti-cos, que é a capacidade do corpo de realizar qualquer trabalho em movimento para que coisas em si e ao seu redor sejam transformadas.

A procrastinação também já foi associada ao ‘desânimo’, sentimento combatido até nas sagradas escrituras, e é precisamente por isso que precisamos conhecer o que está por trás da procrastinação.

Iniciemos pelo prefixo. A pre-crastinação, no sentido contrário, também existe, apesar de ninguém quase falar sobre ela. É o desejo frenético de realizar uma tarefa de imediato e terminá-la o mais rapidamente possível, muitas vezes até precipitadamente, antes de amadurecer o raciocínio. Já a pro-crastinação funciona opostamente.

Tendo oportunidade de estudar mais a respeito e me aprofundar nas razões desse comportamento, vejo que a procrastinação merece uma atenção maior do que lhe tem sido dada. Apesar de não haver um estudo mais avançado e específico sobre o tema, está provado que algumas das razões para se chegar ao estado de procrastinação já foram analisadas cientificamente, e alguns fatos interessantes merecem ser revelados.

Primeiramente, não se espantem, mas dependendo da origem, e do tempo que se instala, a procrastinação é um dos comportamentos mais difíceis de ser modificado. Talvez pelo cunho de banalidade que atribuímos a ela. Podemos associá-la ao vício do cigarro. Sabemos que faz mal, mas não assusta, nem causa uma morte repentina, talvez por isso não seja proibido. Assim é também com a procrastinação. Não assusta. Logo, a pessoa dificilmente procura ajuda para se livrar dela.

O motivo da procrastinação ser considerada banal é o mesmo que um viciado em tabaco se permite para continuar fumando. É aquela sensação ‘prazerosa’ que faz com que ele se sinta confortável, relaxado, despreocupado. Uma sensação de ‘morbidade’, malemolência, saciada pelo doce ‘far-niente‘ diante de um mundo recheado e coberto só de demandas, que só vêm para atrapalhar o sossego.

A outra grande razão, é que muitas vezes a procrastinação está associada a um simples traço de personalidade, quando muito de caráter, onde na verdade o que existe é uma perigosa escassez de conscienciosidade (falta de disciplina, cumprimento de deveres e determinação).

Hoje a neurociência e a psicologia avançam no diagnóstico dessa ‘tendência’ no indivíduo para procrastinar. Abordam a Terapia Racional Emotiva desenvolvida por Albert Ellis que trata a procrastinação como um fracasso auto regulatório (entre pensamentos, comportamentos e emoções) com significativo impacto na vida do próprio procrastinador e das pessoas ao seu redor.

A Terapia Racional Emotiva busca fazer com que a pessoa primeiro se conscientize da procrastinação e procure substituí-la pelo engajamento na(s) tarefa(s) que lhe pertence(m), identificando e modificando crenças procrastinatórias irracionais, A terapia tem obtido relevantes resultados no desenvolvimento profissional da pessoa, muitas vezes conduzido pelo inovador processo de Coaching.

Crenças metacognitivas relacionadas a afetos negativos fazem com que um procrastinador crônico pense e sinta quando essas crenças são ativadas resultando no adiamento da tarefa o que pode se transformar numa fonte de angústia e até sofrimento. Muitas vezes essas cognições estão relacionadas a afirmações autodepreciativas, hostilidade a pessoas (por vezes, afetos parentais muito rígidos), assim como um grau de aversividade à própria tarefa.

O medo do fracasso também é algo relevante para o procrastinador, assim como a necessidade que ele tem de ser perfeito. Acentuar crenças racionais é importante para desmitificar padrões limitantes inatingíveis.

O obstáculo a transpor se torna maior quando o procrastinador, inconscientemente, encara a procrastinação como algo positivo, como uma estratégia inteligente para uma resolução melhor da tarefa e vai adiando a sua execução a esse pretexto. A conscientização nesse caso se torna mais complicada, pois a pessoa não se sente incomodada por agir dessa forma.

Muito comum em estudantes, a procrastinação tem se revelado também presente no meio do trabalho, pela falta de motivação e outros vícios comportamentais que precisam ser corrigidos e que, na maioria dos casos, são, hoje, mais fáceis de serem diagnosticados e tratados, através da conscientização da própria pessoa. Um passo importante para que ela se liberte de algo que influi negativamente no seu futuro e na sua qualidade de vida.

Autora:

Kawer

1 COMENTÁRIO

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Leia mais

Patrocínio