O lugar onde melhor se fala português no Brasil é o Maranhão

MITO 03 – PARLEZ-VOUS PORTUGAIS OU MARANHÊS ?

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O lugar onde melhor se fala português no Brasil é o Maranhão
MITO 03

Determinar uma região, ou mesmo uma localidade, como referencial para o uso correto do idioma português é uma grande falácia. O riquíssimo idioma português, mesmo em seu berço lusitano, é experimentado, e exercido, com tantas variações que se torna impossível, e até mesmo irreal, determinar “o melhor português a ser falado”.

É compreensível a geração de tal mito, afinal grandes escritores como Graça Aranha, Gonçalves Dias, Coelho Neto, Viriato Correia, Aluísio Azevedo, que, com suas obras, tão bem representaram nossa cultura e idioma, despontaram suas contribuições literárias na terra dos grandes lençóis, Igualmente o orgulho da influência francesa na fundação da capital maranhense e colonização de parte de seu litoral, inflaram os egos para a propalação de ser “no Maranhão onde melhor se fala o português”.

As justificativas para formação deste mito são derrubadas com uma simples visita a esta unidade federativa. Talvez uma visita direcionada, dentro de ambientes acadêmicos, possa fortalecer a expectativa do incauto, que procura o “melhor português”, mas, caminhar e ouvir as ruas de São Luís trará para a realidade qualquer visitante. É Brasil! Diferenças de sotaque, regionalismos, normas padrões, ausência de normas, tudo pode ser ouvido em todos os ambientes, igual a qualquer cidade brasileira, afinal a capital maranhense é uma as mais miscigenadas do país e, naturalmente, carrega os termos particulares de cada grupo étnico (franceses, holandeses, portugueses, diversas tribos indígenas originais, etc.).

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Nenhuma localidade nacional, ou mesmo internacional, que usa o português como seu idioma principal, pode ser considerada como exemplo primaz. Não será o uso da segunda pessoa do singular a melhorar uma comunicação, muito menos a elevar o padrão do idioma. Obviamente a comunicação escrita demanda mais cuidados, na maioria das vezes, e suas pretensas normativas padronizadas (não são estáticas) aproximam os textos de seu escopo, independentemente de sua origem local.

O aperfeiçoamento do idioma se dá pela melhoria da comunicação, de maneira lenta, natural e, principalmente, sem tentativas tolas de criar referenciais locais como modelo a ser difundido ou ensinado.

Saulo Semann

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