As pessoas sem instrução falam tudo errado

MITO 02 - NÓIS FALAR ERRADAMENTE

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As pessoas sem instrução falam tudo errado
MITO 02

O mito que propõe a premissa de que pessoas com pouca instrução falam errado, é, aos poucos, desmoralizado pela compreensão de que o verdadeiro mote da comunicação verbal é simplesmente efetivar esta comunicação.

As formas de expressão estigmatizadas como “falar errado”, por estar fora da dita linguagem padrão (ou culta, se preferir), não interferem no objetivo final da verbalização de ideias, sentimentos e informações. Devemos entender que o objetivo final do “falar” é realizar a comunicação! Quando o entendimento é realizado, não importa se a expressão verbal foi emitida com sotaques, trejeitos, regionalismos ou ainda com pobreza de vocabulário. O receptor compreender a mensagem é o objetivo real.

Julgar a forma como o outro se comunica não passa de preconceito, ou mesmo de intolerância, gerada por um insensato “orgulho cultural”.

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Considerando a comunicação como a possibilidade de transmitir uma informação compreensível, deveríamos lembrar ser muito mais difícil compreender a fala de um erudito, do que a simplicidade das palavras de pessoas menos aculturadas. Cabe ainda recordar que nenhum idioma é estático, e, por vezes, observamos formas de falar, outrora consideradas erradas, que se afirmaram e tornaram-se aceitas e até oficializadas, indo do simples “pra” (para) e você, que já foi vossa mercê, até os neologismos trazidos pela tecnologia que inexistiam em dicionários com pouco mais de vinte anos de publicação.

Nosso “uai” mineiro, o “tchê” gaúcho, o “oxi” goiano ou o “oxente” nordestino, já foram “errados”, ou ao menos considerados incultos. Atualmente, mesmo em documentos oficiais, encontramos estas expressões formalizadas, quebrando parte da barreira da ideologia cultural ultrapassada.

Não ter instrução não quer dizer “não saber comunicar-se”. Na verdade, a simplicidade de um vocabulário mais restrito pode ampliar a comunicação. Um dos maiores exemplos é a sabedoria dos mais velhos, muitos que não tiveram a oportunidade do ensino oficial, alguns que sequer saber ler e escrever, mas traduzem, na simplicidade de suas palavras, a experiência que a vida lhes comunicou e jamais seria compreendida em lições teóricas de pretensas culturas.

Saulo Semann

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