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segunda-feira, 22 de abril de 2024

O vazio latente: a busca angustiante por Meg, a cadela fujona

Era uma tarde de um feriado muito quente quando Ana resolveu dar banho em suas cadelas, uma pug e outra buldogue francês, batizadas de Meg e Lilo.

Ana tinha um verdadeiro apego emocional por aqueles bichos e se preocupava em demasia por eles. Quando ia dormir, se certificava se as cadelas estavam em seu quarto, precisamente em sua cama para fazer-lhe companhia e dormir com ela de conchinha.

Meg era a mais carinhosa das duas. Sempre atenta, percebia quando todos iam sair e a ordem de “passa” era atendida imediatamente por ela.

Ana adorava brincar com aquelas criaturas e quando a mãe de Ana falou sobre sua decisão de doar aqueles animais porque eles deixavam a casa numa verdadeira desordem, Ana chorou. A mãe de Ana, percebendo o amor que a filha tinha por aqueles bichos, desistiu imediatamente da decisão louca que havia tomado.

Ana demonstrava tanto amor por aquelas cadelas que a mãe dela, que tinha verdadeiro pavor de cachorros por conta dos traumas que teve quando ainda era uma criança, se permitiu externar seu carinho, do modo dela, para aqueles seres tão especiais.

Mas, naquela tarde quente de feriado, Ana dando banho na Meg e Lilo, resolveu soltá-las para elas se enxugarem ao ar livre e foi a pior decisão de Ana. Meg saiu correndo e não voltou mais.

Ana já tinha feito isso antes e Meg e Lilo sempre voltavam para casa. Muitas vezes os irmãos de Ana soltavam as cadelas para elas espairecer e deixava o portão entreaberto e lá vinham as duas correndo para dentro de casa. Isso tinha virado rotina na casa, mas naquela tarde o cenário da mais pura tranquilidade virou um verdadeiro pesadelo na casa de Ana.

Lilo voltou tranquilamente para casa, mas Meg nem dava sinais de sua existência.

Ana percebendo que se passou muito tempo para que Meg aparecesse no portão de casa, entrou em pânico por ter deixado suas cadelas tão à vontade.

Numa verdadeira caça ao tesouro, Ana buscou ajuda dos vizinhos e da irmã mais velha para encontrar Meg, mas não encontrando se desesperou. Sua irmã mais velha ligou, então, para a mãe que estava no hospital como pai que estava internado e a mãe de Ana ficou sem saber o que fazer naquele momento: deixar o marido no hospital e ir à procura daquela cadela que conquistou seu coração ou esperar que Meg reaparecesse. Quando a mãe de Ana percebeu, estava dentro do carro em direção à sua casa em busca daquele bicho que, intimamente, amava tanto, só que não demonstrava e pediu ao Universo que a perdoasse por isso.

Ao chegar em casa, a mãe de Ana não a encontrou, pois Ana estava por entre as ruas buscando o paradeiro de Meg. Imediatamente a mãe de Ana começou a vagar pelas ruas também em busca de Meg. As ruas em que Ana morava era um verdadeiro labirinto, o que dificultava ainda mais a busca por Meg. Mas, elas não desistiram.

A mãe de Ana, que até então era indiferente àquela cadela, começou a rezar e pedir ao Universo que a ajudasse a encontrar aquele animal que ela descobriu o tanto que era especial na vida dela e o Universo, com pena do sofrimento de Ana e da família, atendeu aos pedidos incessantes deles.

Ao encontrar Meg em uma das ruas mais distantes da casa de onde Ana morava, Ana não conteve as lágrimas e se sentiu a pior das criaturas por ter “confiado” que a cadela ia voltar sem precisar dela ir atrás.

A mãe de Ana, ao vê-la chorando, a acolheu em seus braços e pedia calmamente para que ela abrisse seus olhos marejados de lágrimas e olhasse para Meg que estava no colo dela. Ao abrir os olhos, Ana despejava lágrimas em seu rosto a ponto de molhar sua roupa. O sofrimento de Ana era de culpa e ela não acreditava que Meg estava ali, diante dela. Quando ela se deu conta que Meg estava ali, sã e salva, e soltando seu pelo em sua roupa, como de costume, Ana respirou fundo e abraçou tanto a cadela como se fosse a Felícia.

A mãe de Ana, arrependida dos pensamentos que tivera em se desfazer daquelas cadelas e sentiu que havia sido absolvida por aquilo. Já Ana, em um verdadeiro frenesi, transformou o choro em sorrisos ao lado da amada Meg e Lilo e tudo voltou à sua normalidade naquela casa humilde e cheia de amor.

Autora:

Patricia Lopes dos Santos

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