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segunda-feira, 22 de abril de 2024

Memórias afetuosas: o vínculo especial entre sobrinha e tia

Ana estava em sua varanda, fumando seu costumeiro cigarro, quando se recordou de sua Tia Lane.

Tia Lane era companheira e verdadeira escudeira de Ana.

Mesmo tendo diferença de apenas seis anos, Tia Lane cuidava de Ana como se fosse sua filha. O cuidado que Tia Lane tinha com Ana fazia com que esta se sentisse protegida de tudo e de todos.

Em sua doce infância, mesmo rodeada pela poeira do lugar simples que morava, Ana dividia os melhores momentos de sua tenra idade com a Tia Lane: das brincadeiras no carrinho de rolimã aos banhos de torneira no tanque de concreto.

Todas as proezas feitas por Ana eram acobertadas por Tia Lane e a tia não aceitava de forma alguma que fizesse mal à sua amada Ana.

Uma vez, Tia Ivana, irmã da Tia Lane, queria dar um castigo a Ana e Tia Lane porque ambas tinham desobedecido às ordens dadas por ela. Tia Lane, percebendo que o castigo seria sofrido, correu para o quintal e cavou um buraco naquela terra vermelha, encheu de água e colocou capim em cima para disfarçar a arapuca que havia feito para sua irmã para que quando Tia Ivana corresse atrás das duas caísse naquela armadilha feita por ela. Só que o feitiço virou contra o feiticeiro: Ao ver a Tia Ivana com o cinto na mão, Ana e Tia Lane correram mais que depressa para o quintal e se esqueceram da armadilha feita para Tia Ivana, caindo e ficando presas naquele lamaçal. Ao pisarem naquele buraco de lama, Ana e Tia Lane desataram a rir uma da outra por estarem cobertas de lama, mas ao ver a Tia Ivana com sua expressão em riste, perceberam que iam apanhar e muito: primeiro por terem desobedecido Tia Ivana e segundo porque se sujaram naquele barro.

A surra que Tia Ivana deu nas duas foi digna de pena, mas nada superava o sorriso de Ana e Tia Lane por terem tentado burlar a Tia Ivana.

O tempo passou e Tia Lane foi morar num lugar religioso voltado apenas para meninas e aos finais de semana visitava a casa de Ana.

Ana, já com seus doze anos, esperava ansiosa pelos sábados para rever sua tia tão amada.

Tia Lane chegava à casa de Ana, com sua malinha de mão, e a alegria chegava junto com ela.

Vestida com sua saia envelope vermelha e uma blusa decotada, Tia Lane, com seu corpo escultural, desfilava pelas ruas da quadra dezoito ao lado de Ana.

Ana tinha verdadeira admiração por Tia Lane por ver uma mulher tão segura de si que não dava a mínima para os cochichos dos vizinhos ao seu respeito. Ela gostava mesmo era de exibir o melhor de si e sua indiferença àquelas pessoas a fazia se sentir ainda mais poderosa.

Mesmo vivendo numa casa religiosa, Tia Lane não hesitava em fazer diferente do que lhe era pregado. Ela não ligava para o que poderiam dizer dela, ela queria apenas viver intensamente os finais de semana como uma pessoa livre de qualquer tipo de imposições e não ligava para os rótulos que lhes eram dados.

Ana olhava para a Tia Lane e desejava ser igual a ela quando ficasse adulta.

Quando Tia Lane engravidou, convidou Ana para ser madrinha do seu filho primogênito. A alegria de Ana foi tremenda que ela não acreditou naquele presente dado por sua tia. Ana chorou de emoção ao pegar Nando no colo e sentiu o mais profundo amor que poderia sentir por uma criança. 

Encantada com aquele presente da tia, sentiu na pele o quanto teria que ter responsabilidade por aquele pequerrucho e  Ana tentou dar o melhor de si para aquele bebê e cuidava com o mesmo amor com que tinha recebido da Tia Lane.

Receber Nando como afilhado, fez com que se perpetuasse o amor da Tia Lane por Ana e o ciclo daquele amor nunca teve fim.

Autora:

Patricia Lopes dos Santos

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