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segunda-feira, 22 de abril de 2024

Doces lembranças de um prato de alumínio

Já passava das vinte duas horas quando Ana recebeu uma mensagem do seu primo tão querido que morava em outra cidade. 

Na mensagem, uma foto de um prato de alumínio que ele ainda guardava em casa, fez com que ela recordasse de suas raízes mais profundas.

Ao ver aquela foto, Ana sentiu a mais  profunda nostalgia. As doces lembranças de quando ainda era uma tenra criança brotaram e ela desejou voltar ao passado tão distante.

Hoje, com seus quarenta e poucos anos, Ana viajou ao tempo quando viu aquela imagem e lembrou-se dos momentos que teve ao lado dos seus.

A primeira recordação que teve foi de ver sua mãe ralhando com ela e seus irmãos para se arrumarem para visitar as sua tia Leth. As inúmeras recomendações dadas por sua mãe faziam com que Ana tivesse receio de fazer feio diante de seus familiares e ela se policiava a todo momento para não decepcionar a mãe.

A casa da tia de Ana ficava cerca de sete quilômetros de distância da casa dela e todas as vezes em que Ana, sua mãe e irmãos iam visitá-las, ela caminhava incansavelmente com expectativa de encontrar seus primos que tanto amava. Pelo caminho, se deparava com um matagal rodeado de Flores de Cosmos de todas as cores, que dançavam ao som do vento. Ana ia colhendo uma por uma e se encantava com aquele cenário simples, mas digno de uma fotografia. Mais à frente, uma construção inacabada esperava por ela e os irmãos mais novos para que eles pudessem brincar em suas manilhas abandonadas pelo tempo. A alegria tomava conta de Ana durante aquela caminhada até chegar à casa da tia.

Apesar da extrema pobreza em que vivia, Ana se sentia contemplada pelo Universo com momentos tão marcantes durante aquele passeio e quando chegava na casa da tia tão amada, se deparava com a recepção mais calorosa que poderia receber.

Tia Leth, a mais animada das tias, recepcionava a todos com muito carinho, mas Ana queria saber mesmo era dos primos.

Andy e Henry a esperavam para brincar no barro em seus carrinhos de rolimã improvisados com latas de óleo e uma tábua, uma verdadeira engenhoca criada por eles mesmos. Ana, que era mais nova dos três primos, sentava-se em cima daquela tábua que ficava em cima das latas de óleo e os dois se revezavam para empurrar aquele carrinho que era só alegria.

Depois de exaustos de brincar com seus primos, Ana ouvia os gritos da mãe chamando-os para almoçar.

Ao chegar à mesa, Ana olhava para a mãe que, com os olhos, a intimidava para não colocar no prato mais do que ela podia comer. Mas, Ana esquecia daquele olhar intimidador e se servia naquele prato de alumínio que ela tanto gostava e o sabor da comida era de dar inveja a qualquer banquete de qualquer reinado. Ana degustava aquele prato de feijão com arroz quentinhos e feitos na hora e era a melhor de todas as refeições.

Depois de almoçar, era a hora de ajudar nas tarefas domésticas.

Depois de concluir com suas obrigações, Ana se deliciava correndo no quintal em busca de cogumelos que poderiam estar escondidos por entre os matos e imaginava encontrar fadas naquele lugar. Tudo era mágico na casa da tia Leth e ela aproveitava de todas as formas aqueles momentos mesmo sendo vigiada pela mãe que se preocupava com as brincadeiras que eles faziam por medo deles se machucarem.

Ana recordou-se que naqueles momentos que viveu ao lado de seus primos era de uma pureza sublime.

Intimamente agradeceu por ter tido a oportunidade de ter vivido momentos tão inesquecíveis como aqueles e desejou que toda criança pudesse ter lembranças tão incríveis como as dela.

Autora:

Patricia Lopes dos Santos

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