Eu tenho muita inveja dos animais. Mas sei que eles não tem inveja de nós. Começa que eles não tem ideia do que fazemos e posso lhes provar. É simples, se soubessem o que fazemos, não nos permitiriam acabar com a natureza em escala global, estariam talvez, protestando nas praias, nas estradas e nas florestas queimadas. E aqueles mais agressivos, certamente nos atacariam.
As vezes, eu gostaria de ser um animal irracional.
Veja um peixe. Ele não tem preocupação alguma. Um peixe não acorda cedo para se alimentar (uma péssima alimentação, por sinal) e pegar trânsito para ir trabalhar. Ele não tem metas nem datas a cumprir, nem volta pra casa, triste e estressado. Há várias espécies de peixes, como o peixe-espada, o palhaço, o linguado e outros, mas eu nunca ouvi falar de um peixe ansioso. O peixe, tem seu instinto para fugir do predador.
Quem sabe seria melhor ser um pássaro. Sim! Viver livre, nos ares. Sentir o vento em minhas asas e quase sem esforço, me deixar levar. Levar meu grito ecoante para partes distantes da terra e fazer com que saibam que um pássaro na natureza, muito além de ser bonito, é também um mensageiro do porvir. Quando vem a tempestade, a revoada é a primeira a bater em retirada e nos alertar dos perigos que se aproximam.
Analisando a natureza, vejo que a formiga é o verdadeiro exemplo de cooperação e trabalho em equipe, vejo a manada de elefantes chorar juntos a perda de um só membro, vejo golfinhos se divertindo enquanto exploram o imenso azul do oceano.
E quando vejo a baleia com seu tamanho colossal e admirável ternura, cantar lindas canções para seus filhotes, é quando observo tudo isso que percebo… nós somos a única espécie que destrói a si mesma e no processo, destrói o planeta. São essas coisas que me fazem pensar, no termo que nos foi apresentado (Aliás, termo esse, determinado por um membro da nossa própria espécie) de animais racionais. Temo que fomos enganados. Somos na verdade, os seres irracionais, rodeados pela natureza composta de verdadeiros, animais racionais.
Autor:
Eduardo Lira
A mais pura verdade!
Excelente crônica!!