28.3 C
São Paulo
terça-feira, 23 de abril de 2024

“Tudo que é sólido desmancha no ar”

Depois de ler o livro do filosofo e escritor Marsall Bergman, cujo título é “Tudo que é Sólido

desmancha no ar”; fiquei inspirado em escrever um texto sobre a sociedade moderna, e o

capitalismo.

Se recorrermos a grandes livros que nos contam as histórias passadas da humanidade,

verificaremos que construir, destruir e reconstruir é uma constante na trajetória humana.

Principalmente após o surgimento do capitalismo (entre séculos XVII/XVIII). No livro acima ele

expõe com muita clareza esse desenvolvimento em suas várias etapas. Desde a

era medieval até nossos dias. Muda-se governos, países, continentes, mas a retórica é a

mesma. Moderno, tudo em nome do moderno. Provavelmente na antiga história, o homem

que presenciou e vivenciou a necessária mudança das relações de troca, que deu origem ao

capital, viveu também seu momento moderno, momento em que se deu a passagem do feudalismo para a economia de mercado. Nasceu ali o sistema capitalista. Marsall, coloca como analogia, o desenvolvimento da peça de teatro “Fausto” da obra de Goethe – como o surgimento de um cidadão moderno. Demonstrando mais um passo na evolução do homem e da sociedade. Onde “Fausto, o protagonista, faz um pacto com “Mefisto” para atingir seus objetivos,numa clara desfiguração do caráter humano. E desta transformação, podemos deduzir em que base se desenvolveu as relações humanas de troca – (poder político e econômico), surgindo e se

solidificando indivíduos “metamorfoseados”, produtos desta luta interior entre o bem e o mal,

formando uma sociedade capitalista, que se cristaliza pela forma estabelecida por esses novos

homens, que estabelecem as novas relações de troca de mercadorias. Muitos deles,

como Fausto, não resistem à sedução de “Mefisto”, e o mal vence, em nome do progresso e

desenvolvimento (modernismo). O capitalismo surgido no século XVIII desenvolveu um

sistema que tem como figura geométrica uma pirâmide. Quanto mais na ponta (topo), maior

a concentração de riquezas. O controle fica com a “burguesia”, os donos do poder;

geralmente são os que acumularam maiores lucros, ou que possuam maior força política. E na base, as massas (são os cidadãos que exercem qualquer forma de trabalho assalariado; o que se chama de proletariado para alguns, operários para outros). Nesta forma de sociedade, há um crescente antagonismo: A base empurra para cima buscando ampliar seu espaço (ganhos), e por sua vez os detentores do poder político; empresários, patrões, e os governantes, pressionando de cima para baixo (manutenção do poder), com a argumentação resumida no slogan – Essas são nossas condições! Não estamos pedindo opiniões; gerando tensões: chegando-se a guerras, revoluções, manifestações de ruas, e todo tipo de força para tentar diminuir essa concentração de poder e de renda deste sistema capitalista.

 Aqui faço uma pergunta: será que todas as formas de governo do planeta não são facetas do capitalismo? (A opressão, e a lutas de classes para uma distribuição de renda mais equitativa é cíclica e generalizada, acontecendo nas economias de todo o planeta. Quem governa melhor? Qual a melhor forma de economia? Essas respostas ainda estão sendo procuradas por pessoas que não ouviram “Mefisto”. Cada governo que se instala na ponta desta pirâmide quer deixar seu registro. Quer se perpetuar, ficar para a história. Implantando políticas, conforme a sua

ideologia (capitalista, socialista, comunista) todos prometem melhores condições de vida para

seus cidadãos. Na realidade as reivindicações e os benefícios sociais são pouco atendidos, e o

capitalismo, ideologia que conheço bem, pois vivo no Brasil, país emergente, novo na história

moderna, seguiu a mesma configuração de poder, um clone do EUA e Inglaterra (essa, berço do capitalismo). O capitalismo se “metamorfoseia” em facetas diversas (promovendo o

individualismo e o acúmulo de riquezas) conforme a época, e sua história, e dependendo

também do seu local geográfico. Sempre incentivando uma produção veloz; mais

quantitativa, e menos qualitativa. Criando e forçando uma demanda, muitas vezes ilusórias para aumentar as formas de consumo em massa, e consequentemente o lucro. Mas a luta de

classe se mantém com desigualdade gritante. Ao ponto de travar o desenvolvimento da saúde,

educação, e a qualidade de vida da população, que vive nesta condição, na maioria dos países que gerenciam suas riquezas com essa configuração de pirâmide social. Em alguns deles a miséria brilha como o sol. Instalou-se uma economia de mercado que visa o lucro imediato,em curto prazo: novos produtos, novas ideias, lançadas e relançadas, em nome do moderno… Todos os outros produtos de consumos, e até moradias populares, são fabricados e produzidos para serem descartados, demolidos e reconstruídos rapidamente, num ciclo sem fim…

O moderno não é para durar para sempre, exceto os símbolos do capitalismo, representados pelas grandes estruturas; superpontes, super- arranha-céus, grandiosos complexos rodoviários,

ferroviários, aeroportuários (promovendo velocidade inerente ao novo capitalismo), uma

exaltação a grandiosidade e ao consumo. O consumo em larga escala. É como se o mundo

fosse acabar amanhã. E assim, a raiz do capitalismo, se expande por diversas partes do mundo,

(na indústria, na religião, no comércio e serviços) sempre prometendo bem-estar, e melhor

qualidade de vida pelo mundo afora. Destruindo, construindo e reconstruindo, e imprimindo

uma velocidade cada vez maior, como se tivesse num processo de alimentação ilimitado, onde

a matéria prima é o próprio ser humano. Portanto, o exemplo de Fausto que ouve “Mefisto” às

vezes, em contradição as leis de Deus são por analogia ao eu oculto da humanidade, que em

nome da sobrevivência, se pactua, e é submissa e aceita o sistema que lhe é imposto, e outras

formas de governos autoritários. Mas o capitalismo está chegando a sua velocidade máxima, e

para evitar novas colisões, como mostra a história, precisará descobrir outras formas de

produção, gerenciamento e desenvolvimento, porque afinal, os povos, as massas, começam a

enxergar que tudo que é “Sólido desmancha no ar”, inclusive a vida…

Autor:

Jaeder Wiler

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Leia mais

Patrocínio