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terça-feira, 23 de abril de 2024

Idosos tendem a dormir pior em países tropicais

Pesquisa revela que a qualidade do sono está relacionada à temperaturas específicas

A primavera chegou e a previsão é de que a estação tenha temperaturas acima da média devido à influência do El Niño. Depois de um inverno também atípico, a onda de calor já reflete no consumo de eletricidade do país, impulsionado pelo maior uso de ar-condicionado e ventiladores. Se você equipou o quarto com esses aparelhos, o questionamento que fica é: como a temperatura influencia na qualidade do nosso sono?

Para o Dr. Gleison Guimarães, pneumologista e especialista em medicina do sono, os idosos são a parte da população que mais sofre com essas variações bruscas.

“Roupas adequadas ao sair da cama, hidratação, prática de exercícios físicos regulares e evitar a exposição ao ar quente e à luz solar em horários de pico são algumas medidas para reduzir riscos de danos à saúde. Além disso, vale apostar na tríade de reforço para o nosso sistema imunológico, que inclui um sono de qualidade e quantidade, alimentação balanceada e em movimentar o corpo”, pontua o médico que é autor do livro “Super Sono: por que dormir mal está atrapalhando todas as áreas da sua vida – e como resolver isso”.

Um estudo realizado pela Harvard Medical School coletou quase 11.000 registros de noites dormidas e dados ambientais de 50 idosos. A pesquisa ressaltou o impacto das mudanças climáticas na qualidade do sono na população de maior idade. Foi constatado que ele pode ser mais eficiente e reparador quando a temperatura do quarto variar entre 20°C e 25°C.

“Essa é a parcela da população que mais sofre com o sono inadequado, o que influencia nos resultados relacionados à saúde e bem-estar, como função cognitiva e física, humor e afeto, irritabilidade e reação ao estresse, produtividade, controle da diabetes e risco de doenças cardiovasculares. O estudo ressalta o impacto potencial das mudanças climáticas na qualidade do sono em idosos, particularmente aqueles com status socioeconômico mais baixo”, sinaliza o membro da American Academy of Sleep Medicine (AASM) e da European Respiratory Society (ERS).

As mudanças na maneira de dormir fazem parte do processo de envelhecimento. Com o passar dos anos, temos a diminuição da quantidade de sono profundo e o aumento dos despertares noturnos, motivo que faz o cochilo depois do almoço ser essencial. Para o Dr. Gleison Guimarães, é plausível afirmar que em áreas com temperaturas mais altas e sem acesso à refrigeração, idosos possam ter mais dificuldade em descansar.

“Países tropicais tendem a ter temperaturas mais altas e umidade elevada, o que pode tornar o quarto um ambiente menos confortável, especialmente sem climatização adequada. Quando pensamos na aposentadoria composta por um salário mínimo, dificilmente uma pessoa que a recebe vai ter condições de pagar pela conta de luz elevada no fim do mês. Portanto, podemos falar que a renda também pode influenciar, mesmo que indiretamente, na qualidade do sono”, explica o especialista.

Vale ressaltar que para conquistar as sete ou oito horas de descanso recomendadas, muitas vezes, as abordagens para melhorar a qualidade do repouso se concentram em tratamentos médicos, sempre associados às mudanças comportamentais. Apenas a medicação pode não ser suficiente, de acordo com o Dr. Gleison Guimarães.

“Presencio uma negligência com relação às intervenções ambientais, como ajustar a temperatura, a ausência de barulho ou a adoção de ruídos, ou mesmo a iluminação do ambiente, que também precisa estar correta. O quarto deve ser promovido a um santuário do sono. Essas medidas ambientais podem auxiliar muito, mas são menos exploradas, infelizmente”, finaliza o especialista.

Autora:

Jéssica Leiras

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