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terça-feira, 23 de abril de 2024

Entre livros esperando a chuva                          

Em um pequeno espaço da escola, onde a secretaria resume-se a uma sala de aula adaptada, onde os professores compartilham espaço com uma mesa repleta de livros didáticos. O computador está apoiado sobre uma mesa retirada de outra sala de aula. No canto, encontra-se uma maquete possivelmente criada por alunos, representando uma praia com banhistas, coqueiros e barracas de palha. Essa maquete repousa sobre uma mesa instável, que não suporta o contato das mãos, pois cai ao chão, do outro lado, há armários com arquivos dos alunos, ao lado de um mural de avisos contendo os horários das aulas. Embora seja um espaço pequeno, transmite uma sensação aconchegante. Durante o intervalo, os professores trocam conversas:

– Ouviu sobre o reajuste salarial de quase quinze porcento? O professor empolgado pergunta.

– Sim! Mas pela sua empolgação você não ouviu que nosso estado só liberou três porcento, e parcelado. Diz o professor negativo.  

– Vamos fazer greve, por tempo indeterminado. Foi a vez do professor irado.

– Se greve resolvesse não estaríamos nessa situação. O realista encerra a conversa, todos calados ficam a pensar.

Entre o som das teclas do teclado e o entusiasmo das falas dos alunos, os sonhos dos professores por uma educação melhor buscam espaço. O local é quente, a terra é de concreto e não tem chuva para regá-los. A valorização da educação é para o professor o que a chuva é para o sertanejo: esperança de dias melhores, onde as plantações irão florescer, assim como o dinheiro que chegou ao campo, mas não chegou à sala.

Autora:

Alice Vieira

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