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quinta-feira, 25 de abril de 2024

Populismo de direita ou de esquerda?

A partir do ano de 2012, no Brasil se alastrava uma crise econômica, política e social dividindo a opinião pública quanto às ações dos atores políticos. Neste mesmo período foi colocado em xeque a função do Estado no âmbito dos seus três poderes, levando a indagações sobre a qualidade da democracia brasileira.

A situação política no período, bem como aspectos desencadeados pela reeleição de Dilma Roussef em 2014, seu impeachment em 2016, as circunstâncias na qual Michel Temer assumiu o governo, assim como as eleições de 2018, são fatores que somados levaram descrédito à imagem do Governo, das instituições públicas e sobretudo ao que se refere as ideologias partidárias.

Nesse período havia uma série de operações policiais da Lava-Jato, que ajudaram a impregnar no Governo, a imagem de corrupção. No final, estes fatos foram preponderantes para dividir a população em dois grupos ideologicamente constituídos, o que proporcionou um campo favorável ao nascimento do que foi chamado de “nova” direita.

Mas acima de tudo, começou uma discussão sobre a existência de um populismo de direita. Segundo Ernesto Laclau e Chantal Mouffe, em seu livro “Hegemonia e estratégia socialista: por uma política democrática radical”, de 2015 da editora Intermeios, o populismo é legítimo e se caracteriza na política como uma espécie de articulação com o “povo”. Assim, é necessário entender o populismo como um tipo de articulação na política que permeia por conteúdos variados.

O problema aqui não é ser de direita, de centro ou de esquerda – cada pessoa tem direito à sua opinião política, desde que seja dentro do jogo democrático. Na verdade, a questão é que o que vai determinar se é um populismo de esquerda ou de direita são as demandas e os extremos entre o “povo” e os que por ventura tenha a pretensão de impedir que essas demandas sejam atendidas.

No vocabulário político brasileiro o termo “populismo” só passou a ser utilizado a partir de 1945 período distinto de governos populistas no Brasil (1945-1964). Os presidentes Eurico Gaspar Dutra, Getúlio Vargas, Café Filho, Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros e João Goulart eram considerados populistas devido à imagem de líder carismático e da movimentação de massas urbanas.

A crítica à expressão populismo é que se refere de meios políticos voltados para a manipulação popular e, por isso, é mal visto. E nossos partidos políticos nem sempre ajudam a esclarecer as coisas, pois a suas posições ideológicas assumidas são resultado de uma estratégia de decisão dos parlamentares, cuja dinâmica assume uma estratégia sem ideologia. Basta lembrar quantos partidos apoiavam o ex-Presidente Bolsonaro e já estão compondo o Governo Lula.

O nosso desafio, enquanto nação, é superar essas discussões e começar a debater o projeto que desejamos, seja para Carajás, para a Amazônia e para o Brasil. Um novo Governo precisa assumir compromissos políticos e implementar ações para a população como um todo.

De um lado, o atual Governo não deve encontrar dificuldades na sua agenda de ações, que passam pelo Executivo e, no máximo, dependem de alguma atuação do Legislativo com maioria simples. Por outro lado, eventuais agendas legislativas que exijam mudança na Constituição, ou reformas como a Tributária, demandam uma maioria qualificada mais difícil de ser conquistada ou mantida.

Ao mesmo tempo, enquanto sociedade, conseguir articular ou equilibrar o respeito ao ambiente natural, proteção de terras indígenas, com a produção agropecuária e minerária também é um desafio. Não que sejam sempre incompatíveis, mas sim que a consequência da polarização política de 2022, herdada dos fatos mencionados, dificulta o diálogo.

Ainda assim, é um desafio do qual não podemos fugir, sejamos de direita, de centro ou de esquerda. Isso se quisermos um país melhor.

Autora:

Laize Almeida de Oliveira

Faculdade de Administração

Mestra em Administração (UFG)

Gabriel Outeiro

Faculdade de Direito, Unifesspa

Doutor em Desenvolvimento Socioambiental (UFPA)

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