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quinta-feira, 25 de abril de 2024

O problema da corrupção

A construção moral de um espaço social é fator fundamental para que todos optem por práticas ou comportamentos não corruptos. A influência social afeta profundamente o modo como os indivíduos se comportam em todas as áreas da vida, incluindo a esfera pública. Há também o fato de que, normalmente, a corrupção está tão arraigada e institucionalizada que muitas pessoas não ousam questionar ou desconhecem sua natureza ilegal ou imoral.

Essencialmente o conceito de corrupção se sujeita a valores e normas de consenso da população. Ou seja, só é possível determinar o que é ou não corrupção se existir valores e normas. Há um problema quando há uma constante ou permanente violação dessas normas, pois a corrupção se torna algo “comum” e passa a fazer parte da sociedade.

Este não é um apenas problema brasileiro, mas que possui diferentes dimensões em outros países. Então, por exemplo, no Brasil muitas vezes a sociedade associa as práticas corruptas como desvio ético de servidores públicos e de agentes políticos, mas não o faz em relação ao seu próprio comportamento cotidiano. Fica a ideia de que a corrupção é coisa do “Estado”, mas não de um “gato” de energia elétrica.

Além disso, a corrupção é considerada ainda mais intensa no âmbito político e em relação aos impactos causados ao subdesenvolvimento econômico e social. É claro que há todo um contexto histórico, em que certos arranjos do sistema econômico e político dão margem para este fenômeno, mas não se deve esquecer que no dia-a-dia certas práticas reforçam e renovam o problema.

Em sentido amplo, corrupção poderia ser definida como o abuso de poder para ganho pessoal. De certo, há muitos meios nos quais a corrupção se materializa, o que dificulta medi-la ou mensurá-la, que usualmente é operacionalizada por meio da percepção dos indivíduos.

O ponto central é que a corrupção é prejudicial para os problemas da crise democrática, em que muitas pessoas já não se veem representadas por partidos políticos. Talvez uma reflexão inicial, para começar a mudança na nossa comunidade seja entender o compromisso e o papel de cada um – então, sim, devemos abandonar os “gatos” de energia elétrica, além de adotar outras ações.

É que há dimensões comportamentais, culturais e sociais para a eficácia das estratégias anticorrupção e, nesta fase, é imprescindível uma efetiva participação da sociedade civil.

Obviamente, a adoção de sistema que utilizam de instrumentos de conformidade e transparência é necessária – no setor público e privado. Só que nenhuma lei muda uma cultura de um dia para o outro. Ainda mais quando a corrupção se reinventa mudando as regras, extrapolando-as ou assumindo novas formas/abordagens à medida que o mundo (e as estratégias de confrontação) evolui.

Se você e eu não assumirmos esse compromisso em adotar comportamentos éticos, quem fará isso?

Autores:

Laize Almeida de Oliveira
Faculdade de Administração. Mestra em Administração (UFG)

Gabriel Outeiro
Faculdade de Direito, Unifesspa. Doutor em Desenvolvimento Socioambiental (UFPA)

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