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sexta-feira, 26 de abril de 2024

Marrocos, candidato ao grupo BRICS

A sigla Brics, cunhada a partir de 2001, refere-se aos quatro países, Brasil, Rússia, Índia, China, e mais tarde, África do Sul, 2011. Tal grupo envolve países em desenvolvimento sua primeira reunião aconteceu em 2009, em Ecaterimburgo, Rússia, data na qual os encontros passaram a ser anuais, com a participação dos chefes de Estado e governos.

Evolução e atração

Desde 2011, o grupo Brics ( Brasil, Rússia, Índia, China e Àfrica do sul) tomou a forma de uma conferência diplomática, mas nas últimas décadas, face aos desafios internacionais, Covid 19, crises econômicas, ameaças energéticas e a guerra na Ucrânia, 2021-2023, o grupo passou a intensificar suas relações em diferentes domínios, segurança alimentar, troca de informações e cooperação internacional, bem como nos assuntos estratégicos, em forma de cúpula, onde se permuta a organização de encontro, a cada ano, entre os cinco Estados, membros do Brics.

O objetivo deste grupo Brics  é de afirmar o protagonismo dos países membros na cena internacional, realçando o seu peso económico e político, perante outros Estados e grupos de Estados como os Estados Unidos e União Europeia.

Marrocos, na lista dos candidatos ao grupo Brics

O Marrocos, país do norte da África, grupo da UMA, compartilha uma fronteira pelo norte com o continente europeu, sul continente Áfricano, oeste e este com o continente Americano e Asiatico, respectivamente  pelo mar Atlântico e Mediterraneo, constando pela primeira vez na lista entre os países, candidatos a aderir ao grupo econômico “BRICS”, tal notícia tem sido informada pela ministra dos Negócios Estrangeiros de Sul da África, Naledi Pandor, perante uma entrevista aos meios de comunicação social a margem de uma conferência de imprensa, segunda-feira passada, transmitida via a tecnologia “Zoom”.

Tal notícia suscitou a opinião pública sobre o interesse marroquino, sua capacidade e vontade a aderir a este grupo Brics, apesar de uma série de requisitos exigidos em termos econômicos, políticos, sociais e diplomáticos.

Além da vontade, ambição, prestígio dos países componentes do grupo Brics, devido ao peso em termos econômicos e comerciais a nível internacional. Assim fazer parte desse grupo significa antes de nada reservar um lugar ao lado destes agrupamentos económicos, ter uma posição influente no cenário internacional, forçada, implantada e constituída, de forma a enfrentar ou confrontar a dominação económica ocidental, e unir contra o Grupo dos Sete, países mais ricos e industrializados, Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão, Reino Unido, e União Europeia.

Acompahando as mídias nacionais, o Marrocos parece não exprimir oficialmente nenhuma vontade para aderir aos BRICS, ao contrário de muitos outros países, mobilizados graças aos meios à disposição para promover a sua candidatura, apoiar as visitas oficiais às capitais dos membros do grupo econômico, Brics.

Sem nenhum comunicado oficial por parte das autoridades marroquinas, diante do nome do Reino estar citado na lista entre os países candidatos a ingressar no grupo Brics, segundo a Ministra dos Negócios Estrangeiros sul-africana, o que suscita uma série de interrogações sobre tal citação do Marrocos?.

Referendo a Índia e Brasil, alguns dos países membros do Brics, apoiadores da abertura, face a qualquer atitude de obstrução ou objeção dos novos membros, dadas exigências para aderir ao bloco “BRICS”, numa iniciativa de  ampliar a organização econômica, estratégica e necessária contra os desafios do atual contexto internacional.

Das condições para ingressar no grupo Brics, é necessário ter  um produto interno bruto de mais de 200 bilhões de US$, aprovado pelos cinco países, membros do bloco, além de uma plataforma de alto crescimento econômico e estabilidade política, bem como uma localização e posição estratégica em relação ao comércio internacional.

Posicionamento de Marrocos

O Marrocos, dadas as taxas de crescimento projetadas pelo Banco Mundial, com perspectivas de 3,5% no ano corrente, e 3,7% pelo ano 2024, dados e condições, que os são capazes de proprocionar ao país, uma posição para ingressar nessa organização econômica e comercial, elevando a economia marroquina a uma posição considerada entre os grandes eixos do comércio internacional, a título da 43º posição no mundo, segundo (Enabling Trade Index 2014), em termos da qualidade das políticas, dos investimentos nas infraestruturas, dos serviços administrativos e burocráticos.

O parâmetro do setor bancário tem proprocionado a Marrocos um crescimento significativo, devido a sua saída, ultimamente, da ‘lista cinza’,   dados agregados macroeconômicos muito importantes, além de outros indicadores socioeconómicos, objeto do fortalecimento e promoção da candidatura, consequência da posição de Marrocos para aderir ao grupo Brics.

Um outro setor prometido foi  dos investimentos, que cresce no Reino, graças à estabilidade política e equilíbrio que conhece o mercado marroquino, uma das condições importantes para qualquer candidatura manter o processo, capaz de ingresso no grupo Brics.

Além disso o Marrocos detém boas relações com os membros do BRICS, facilitando sem dúvida a aceitação da sua candidatura, dadas as receitas econômicas, as forças das políticas, capaz da obtenção de empréstimos preferenciais, para os mega projetos privados e infraestruturas nacionais, em termos de autoestradas, centro-hospitalares, energias renováveis, escolas, universidades, academias esportivas e transportes públicos.

Marrocos e Brics entre as forças e desafios   

O Marrocos, constado na lista dos países pretendentes aderir ao bloco Brics, tornou-se candidato potencial, cumprindo com alguns requisitos, rumo a ingressar no grupo de Brics, a título das relações estratégicas, onde Rabat detém um papel importante lado a lado com outros países do grupo, mantendo canais de negociações e diálogo sobre questões estratégicas, no contexto da cooperação e colaboração internacional, bem como nos campos da defesa, da soberania, da integridade territorial e segurança nacional.  

Ingressando nesta organização, o Marrocos só pode ganhar e fortalecer sua economia com a competitividade, abrindo-se sobre  outros mercados e economias, mudando a imagem do Marrocos, atraindo investimentos internacionais, mantendo o equilíbrio da demanda interna, dada a competitividade internacional, consequência do poder e das influéncias sobre as contas nacionais, as importações e exportações, bem como sobre o controle do nível  da produção industrial, da renda nacional, dos serviços e trocas comerciais.

Tais notícias provenientes do exterior sobre as declarações da Ministra dos Negócios Estrangeiros sul-africana, ou de outros jornais, referente a candidatura do Marrocos ao grupo de Brics, atende uma questão estratégica diplomática e internacional, sem nenhuma base de justificação junto ao governo do Reino de Marrocos, uma vez que nenhuma mídia ou site oficial tinha posicionado sobre a candidatura do Reino de Marrocos, aderir a este grupo de cunho diplomático e económico internacional, Brics.

Nesta perspectiva de candidatar-se ou não, estar na lista ou não, o desejo e a vontade do Marrocos, como qualquer outro país, parte da lógica do desenvolvimento das infra estruturas socioeconómicas, a titulo de socioliberal, de democracia, de abertura, atendendo assim ao interesse do povo marroquino, do seu bem estar, e de sua defesa através dos canais diplomáticos, ou via o gabinete real, longe de qualquer pretensão não esclarecida junto a um grupo ou organização, dadas as capacidades e limites do Marrocos, em termos do seu produto interno bruto no horizonte de atingir 200 mil milhões de dólares, das qualificações e condições, em termos de investimentos, das indústrias tecnológicas e automóveis, além das relações produtivas em termos minerais, de metais preciosos, cobalto e ouro, ou das importantes reservas de fosfatos, que o país comercializa no contexto comercial e industrial.

Autor:

Lahcen EL MOUTAQI

Pesquisador universitário, Rabat, Marrocos

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