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terça-feira, 16 de abril de 2024

É APENAS UMA QUESTÃO DE OPINIÃO!

Opinião pública não é o mesmo que opinião publicada | by Marcio Gonçalves |  Medium
medium.com

MAS, SE VOCÊS SE MORDEM E SE DEVORAM UNS AOS OUTROS, CUIDADO PARA NÃO SE DESTRUÍREM MUTUAMENTE. (Gálatas 5:15).

Uma opinião nem sempre será um conselho, mas um conselho, sempre será uma opinião. Qual é a sua opinião? Estamos em pleno pulsar das mídias sociais, como bem dito pelos mais jovens: “… Está bombando nas redes sociais…”. Esta expressão característica dos adolescentes e jovens da atualidade, apenas revela, o quanto estamos envolvidos pelo fenômeno social crescente e presente das redes sociais, ou como muitos classificam; Mídias eletrônicas. A palavra Tecnologia, modernidade e comunicação, se complementam peremptoriamente, no contexto da vida atual.

Para uma compreensão esclarecedora, do que representa o sentido de opinião, se faz necessário, uma compreensão distintiva, entre: “Opinião” e “Opinião Pública”. Para se criar uma nítida opinião, minha opinião precisa vir respaldada pela separação dos termos. Muito já se ouviu: “… A voz do povo é a voz de Deus” ou seja; “Vox Populi x Vox dei”.

Será realmente que aquilo que se está sendo dito tem realmente o contexto de “Opinião Pública” o seu respaldo, ou é apenas, mais uma opinião? Separando às aplicações, bem como; compreendendo os sentidos intrínsecos da “opinião” teremos uma maior condição de dar nossas opiniões!

“… Ademais, a complexidade das questões levantadas, afasta de certo modo, o homem comum dos problemas de alto indagação. O que na realidade existe é a massa que aceita por comodismo, os pontos de vista dos grupos relativamente pequenos, porém; detentores dos melhores veículos de comunicação”. ANDRADE (1962).

“… É APENAS UMA QUESTÃO DE OPINIÃO!”.

AUTOR

A origem do termo: “Opinião Pública” encontra-se aparentemente, na antiguidade. Os Gregos e os Romanos empregavam palavras semelhantes, falando estes últimos, em “CONSENSUS POPULI” numa alusão especificamente jurídica. ANDRADE (1962, p. 108).

Na verdade, o termo: “Opinião Pública” em seu contexto atual, não esteve presente na Antiguidade. O termo Opinião Pública com o significado de participação popular, nas coisas de interesse público, apareceu somente, na metade do Século XVIII, por meio de Jean Jacques Rousseau (1712-1778) quando de sua obra: “O Contrato Social”. Nesta sua obra, Rousseau escreveu: ” … A vontade do povo é a única origem da sabedoria e das Leis”. Em igual direção dizia David Hume (1711-1776) A soberania da opinião pública, longe de ser uma opinião utópica, é o que pesa, e pesará sempre em todas as horas, nas sociedades humanas”. Napoleão dizia (1769-1821) “A opinião Pública é uma potência invisível”.

Não existe opinião pública, onde não aja, um acordo substancial, mas não existe opinião pública, onde não aja desacordo. Opinião pública pressupõem: discussão pública. (Robert. E Park, e Ernest. W. Burgess, Introduccion On The Sciense Of Sociology, University Of Chicago Press, Chicago, 1921, p. 832).

Enquanto, Rousseau e Hume viam a “vontade do povo” como sinônimo da “Opinião divina para outros autores, posteriores; a Opinião pública tem uma conotação diferenciada, quando emprega a racionalidade, como um princípio fatorial determinante, em sua formação. Também, nas redes sociais, muitas pessoas confundem o simples tear de uma opinião e passam a dá-las, o status de “Opinião Pública”, quando não, a fim de justificar suas conotações, ainda associando-as, com o conceito de representação da “Vox dei”, isto é; ” é a voz de Deus”. Assim como opinião, nem sempre representa a voz de Deus, também; na maioria das opiniões e suas aplicações, nas redes sociais, dificilmente representam, a “voz de Deus”, mesmo porque, não apenas a verdadeira Opinião pública, como também, a verdadeira opinião divina, ambas são construídas tendo uma consistência racional, nas quais, se observam a premissa de sentidos.

Principalmente, se notar-se o sentido de Opinião, e Opinião pública, em suas aplicações nas redes sociais, nos aspectos aplicáveis aos aspectos políticos. Na verdade, toda polarização política, nada mais é, do que; a ausência da terceira palavra: “Consensus”. Enquanto os polos estiverem divididos, cada quais; enxergarem apenas suas próprias opiniões atribuindo-as, ao sentido de “Opinião Pública” não criaremos os meios para o assento do termo “Consensual” ou, de acordo com o que lemos, o “Consensus”. Jesus afirmou, nos Evangelhos, que “Uma casa dividida, ela não subsiste”, ou no caso de um país dividido, ele subsistirá?

“É APENAS UMA QUESTÃO DE OPINIÃO!”.

AUTOR

O termo: “Vox Populi x Voz dei” é um termo criado, quando de ter enviado uma carta ao imperador Carlos Magno, esta enviada por Albino Flaco, Abade de Tours. No mesmo tom, em sua obra “Discursos” Nicolau Maquiavel (1469-1527) disse que se podia comparar a voz do povo com a voz de Deus. Já, na opinião do poeta Inglês, Alexander Pope (1688 -1744) “é estranha a voz do povo, ela é e não é a voz de Deus”.

Ainda, que nos deparemos com diferentes opiniões, quanto às opiniões sobre a Opinião, qual sua opinião sobre o uso da “Opinião Pública” como instrumento político de convencimento das massas? Temos uma maciça massa populacional capaz de emitir opiniões firmes e consistentes, ou a “Opinião Pública” nunca foi pública, muito menos, se pode associá-la, ao sentido de que a voz do povo é a voz de Deus? Ou, você entende, que a ausência do “Consensus” é um pressuposto de não se alcançar a verdadeira opinião? Seja pública ou individual?

OPINIÃO PÚBLICA NÃO EXISTE!

Gustave Lebon, em sua famosa obra: “As Opiniões E As Crenças” considerava o aspecto irracional da opinião pública, quando escreveu: ” O meio social exerce nas nossas opiniões e na nossa maneira de proceder uma ação intensa”. “A despeito de nossa vontade, ele determina interferências inconscientes que sempre nos dominam”. LE BON (1955, p. 123). Ainda, o Psicólogo Social Francês, afirma: “Os homens, na sua imensa maioria, somente possuem opiniões coletivas, e que; os mais independentes professam em geral, as opiniões dos grupos sociais a que pertencem” LE BON (1995, p. 123).

“Certo , é entretanto; que essas acepções levariam ao conceito de “massa” onde prevalecem ás reações emocionais, às considerações racionais” IDEM (p.121). Não isso que impera nas redes sociais, no momento de polarização política, em que estamos? “A opinião consistente é fruto de um ser não inconveniente”. Esta frase não é de Le Bon, mas é minha! O grau de ofensas, insultos, palavras de baixo calão, insultos à razão e ao bom senso, tudo isto; nos leva realmente a notabilizar à ausência do “Consensus”.

” é apenas uma questão de opinião!”.

AUTOR

AOPINIÃO PÚBLICA”, NA PERSPECTIVA DO DISCURSO LIBERAL. Quando os Liberais, principalmente Benjamim Constant falam de Opinião Pública, o estão fazendo pensando principalmente, no sujeito que opina, no público opinante, e/ou, em outras palavras, o “Discurso Liberal” enfatiza o sentido subjetivo em detrimento do sentido objetivo: “A Opinião Pública será aquela porque é a opinião de um público concreto e determinado, que: J. Habermas seguindo os fisiocratas chamou de esclarecido (1994 p.129). “… Um público minoritário de especialistas, presuntivamente atento e informado, mas sobretudo; capaz de exercer uma influência importante sobre as decisões coletivas”. Não seria isso, a famosa: “Massa de Manobra?”. Até que ponto podemos dizer que existe uma “Opinião Pública?”. Opinião Pública ou Massa de Manobra? A postura das grandes massas, nas redes sociais corrobora para qual das duas definições? Ou a postura do público em geral, representa originalmente, uma postura de e da, “Opinião Pública?”. Uma coisa é muito clara, se o discurso liberal, de fato; representa o sentido de “Opinião Pública”, essa opinião jamais corroboraria para uma “Vox dei” e com restrições, incorpora, a “Vox Populi”. Seguindo neste sentido, Gabriel Tarde (1992,p.79) ” Em todo caso, o relevante conceito de liberal de “Opinião Pública” encontra-se: no corpo (público) e não na alma (opinião)”. “… É menos importante se este público envolve-se com os assuntos de interesse geral (ou de algo que possa ser apresentado objetivamente como tal) ou, o que é mais importante, se procura na sua discussão pública, a satisfação dos interesses coletivos, antes que os interesses individuais, ou egoístas de cada participante”. IDEM (1992,p. 79).

Se por um lado, aqui se esteja mais próximo, às concepções atuais sobre a opinião, no marco das democracias Ocidentais, que são democracias altamente pluralistas, e conflitivas, com mentalidades de sociedade privadas, por outro lado, se esquece de que; não são todos os que participam, na realidade; apenas uma minoria.

A Opinião Pública, Na Perspectiva Do Discurso Democrático.

Nesta perspectiva, a objetividade do interesse geral seria derivada, não tanto de seu caráter absoluto ou evidente, que o faria autônomo com relação às opiniões subjetivas ou individuais, quando de ser resultado de uma determinada atitude dos sujeitos desta opinião. Essa atitude pode ser definida como “altruísta” (limitada ou completamente egoísta”. GAUTIER (1990, p. 69).

“No sentido de tomar como seus, certos interesses ou pretensões dos demais participantes. O problema é elucidar que tipo dos interesses dos outros deve ser assumidos como seus, inclusive daqueles que não participam, mas que podem ser afetados pelos resultados da discussão”.

EXISTE “OPINIÃO PÚBLICA?” “Podemos então concluir que nos dias de hoje, conforme já assinalou Pierre de Bordieu, a Opinião Pública de fato não existe tal como foi apresentada na proposta democrática (Bordieu In: Thiolent, 1995). Pelo contrário, o que encontramos é o uso político, de um conceito que apesar de ter sido criado e desenvolvido, no âmbito de uma elaboração democrática, que tinha como principal proposta a participação de todos foi apropriado de forma excludente do Liberalismo. Em outras palavras, a apropriação simbólica do conceito de opinião pública, que se transforma em poder, na medida em que; apesar de excludente e restritiva, continua sendo apresentado pelo Liberalismo, como sendo a “vontade Política” da sociedade. É parte da estratégia da Ideologia Liberal de se confundir com a Ideia de democracia.

” é apenas uma questão de opinião!”.

AUTOR

Há pelo menos, duas tentativas em confundir às Opiniões, e ambas; se coadunam na mesma perspectiva, ou seja; dar ao sentido de “Opinião Pública” o sinônimo de “Democracia” e á expressão: “Vox Populi x Vox dei”, como sinônimo, da vontade divina. Ambas tentativas, claramente são vistas, nas publicações nas redes sociais. Tudo ou quase tudo, na vida; nos remete a necessidade de emitir opiniões, contudo; o que nos leva a pensar e questionar, os meios, os sentidos, às aplicações e o conteúdo, destas “opiniões”.. Será que o que temos nas redes sociais, como: Facebook, Instragran e etc, são realmente reflexos da “Opinião Pública”, ou nada é, do que, “utopias com nomes de opinião?”. Á você, leitor passo a palavra!

Que neste tempo de: “gladiadores” do conceito e imposição, político -partidária, que o senhor: “Consensus” deixe de ser uma possibilidade, mas de fato; se torne uma realidade”. Só a partir desta perspectiva, quem sabe um dia, de fato, a voz de Deus, se torne a Voz do povo, porque, enquanto houver polarização e imposição opinativas, a “Vox Populi” continuará sendo somente a “Vox Populi” estando longe de ser, a “Voz de Deus”, mesmo porque, conforme escrito na Carta de Paulo aos Romanos, “… Para que alcanceis, a boa, agradável e perfeita, vontade de Deus”. (Carta de Paulo aos Romanos, Capítulo 12:3). A Opinião de Deus, sempre haverá de convergir para: o bom, agradável e perfeito, isto é; a essência opinativa de Deus.

REFERÊNCIAS

Andrade, Cândido Teobaldo de Souza Mito e realidade da opinião pública. Revista de Administração de Empresas [online]. 1964, v. 4, n. 11 [Acessado 4 Setembro 2021] , pp. 107-122. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0034-75901964000200003>. Epub 13 Jul 2015. ISSN 2178-938X. https://doi.org/10.1590/S0034-75901964000200003.

SÁ, Fernando; Opinião Pública: Um Conceito Político Em Disputa. ALCEU – v. 13 – n.25 – p. 185 a 199 – jul./dez. 2012

Claudinei Telles
Telles
O autor é Mestrando em Ciências Educacionais (UNIVERSIDADE LEONARDO DAVINCI - PY). Bacharel em Teologia. (Faculdade Teológica Sul americana - FTSA). Licenciado em: Filosofia, Teologia, História e Pedagogia. E especialista em: Orientação Educacional, Teologia Bíblica, Ciência da Religião e Neuropsicopedagogia. Atuou por alguns anos, no Ministério Pastoral, Ensino de Teologia e Educação secular, nos níveis Fundamental e Médio.

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