O acesso feminino e a desigualdade de gênero são pautas importantes para discutir o mercado de trabalho, uma vez que as mulheres têm se colocado como protagonistas no orçamento doméstico. De acordo com uma pesquisa realizada pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), no ano de 2020, 39% dos lares da região metropolitana de São Paulo tinham à frente uma mulher – muitas delas sustentando filhos e/ou netos sem um companheiro.
Existe uma disparidade no que diz respeito à mão de obra feminina, já que a renda das famílias onde elas são chefes pode ser até 27% menor do que aquelas chefiadas por homens, com uma média mensal de R$ 2.646,00. São dados que refletem a realidade das mais diversas regiões do Brasil e que mostram a importância de se promover meios para que as mulheres tenham ainda mais acesso ao mercado de trabalho e, para que possam, ainda, ter seus salários equiparados.
A força de trabalho feminino pode ser traduzida, por exemplo, pelo número de mulheres que ocupam posições no setor do varejo. Atualmente, 60% da mão de obra do setor é preenchida por elas.
Apesar da evidente força que representam, as mulheres continuam enfrentando uma série de barreiras sociais na hora de acessarem o mercado de trabalho. De acordo com o relatório Gender Insights Report – How women find jobs differently, divulgado pelo Movimento Mulher 360, os recrutadores são 13% menos propensos a clicar em perfis femininos no LinkedIn – o que mostra um viés inicial de seleção.
A pesquisa revela, ainda, que para combater o viés inicial de seleção, as empresas têm investido em contratações anonimizadas e remoção de identificadores-chave como nomes e fotos de candidaturas de pretendentes. Alguns estão usando a tecnologia para eliminar o viés de entrevistas presenciais.
Neste ponto, plataformas que automatizam e otimizam os processos de recrutamento baseado em ciência de dados e Inteligência Artificial como a da Levee têm muito a contribuir. Desde 2017, através da tecnologia, a startup colaborou para que seus clientes contratassem 23,5 mil mulheres – muitas delas com dois ou mais filhos para criar e que fazem parte de um grupo que, muitas vezes, encontram mais dificuldades para conquistar uma posição no mercado de trabalho, tornando-se mais vulnerável.
Com uma plataforma baseada em machine learning, esses possíveis vieses citados na pesquisa são neutralizados nas fases sensíveis dos processos de contratação. Atualmente, 80% das vagas são preenchidas por mulheres, já que, os processos seletivos automatizados e baseados em testes de habilidades, conhecimento geral e experiências anteriores fazem com que a pessoa mais adequada seja contratada para a posição certa, independente de gênero.
Promover o acesso feminino ao mercado de trabalho vai além de uma questão de equidade de gênero, mas se trata também do empoderamento feminino, de elevação de autoestima e de se promover um ciclo virtuoso que, em alguma medida, beneficia toda a sociedade, já que garante a suas famílias melhor qualidade de vida, com acesso à alimentação, evitando a evasão escolar das crianças, que não precisam mais deixar a escola para contribuir com a renda doméstica.
E, no que diz respeito à promoção da autoestima feminina, isso permite também ajudar a mitigar o ciclo de violência doméstica, uma vez que a dependência econômica dos homens é um dos motivos que impedem mulheres de denunciarem casos de violência sofridos dentro de suas próprias casas.
Isso ficou claro com a pandemia iniciada em 2020, que além da crise de saúde pública, social e econômica, revelou dados alarmantes em relação à violência doméstica, principalmente, aquela que é praticada contra as mulheres. Segundo a ONU Mulheres o custo global da violência contra as mulheres, que é estimado em aproximadamente US$ 1,5 trilhão, deve ser ainda maior ao fim da pandemia, o que mostra uma urgência de se tratar o tema em todas as esferas da sociedade, não apenas no âmbito governamental.
Encontrar formas de mitigar esse problema é um compromisso que deve ser assumido por todos, inclusive, pelas lideranças do ambiente corporativo. Ao apropriar-nos da obrigação de promover a inclusão da mulher no mercado de trabalho e, com isso, aumentar a sua independência financeira, criamos uma sociedade melhor e mais justa para todos. Mulheres fortalecidas emocionalmente têm mais condições de cuidar de si, e das pessoas que as cercam.
Autora:
Márcia Costa
Advisor da Levee, plataforma que automatiza e otimiza os processos de recrutamento baseado em ciência de dados e Inteligência Artificial
Embora tenha uma série de empenhos e projetos para que se tenha igualdade entre os gêneros, é possível verificar em diferentes âmbitos que esta ainda é uma realidade longe de acontecer. E é possível verificar em vários noticiários que a violência para com as mulheres aumentou ainda mais na pandemia. É uma triste realidade para o contexto em que vivemos.
Além das mulheres serem menos valorizadas no mercado de trabalho, ainda sofrem os abusos/ violência em casa. E embora hajam leis, e órgãos protetores, os mesmos nem sempre conseguem solucionar a todos os problemas, bem como, nem sempre as mulheres conseguem denunciar ou sentem-se oprimidas pelo companheiro.