Sempre cortei o cabelo com o Antônio, o qual era chamado por todos de “Tony”. Era uma segunda-feira, fui até o barbeiro para cortar o cabelo, mas chegando lá Tony não estava.
– Cadê o Tony? — Perguntei para a secretaria
– Ele não veio trabalhar hoje, está viajando — Respondeu à secretaria. — Tem o Manuel. Ele é novo aqui. Quer dar uma chance?
– Mas eu sempre cortei com o Tony. Será que pega mal cortar com outro?
– Não seja bobo, todo mundo corta com todo mundo aqui.
– Ok, eu corto. — Me senti meio como uma Maria vai com as outras, que vai com qualquer um que chama.
– Apare dos lados e deixe curto em cima. — Falei ao sentar na cadeira.
Realmente Manuel era muito melhor que o Antônio, ele fazia Tony parecer um amador. Sai feliz com o novo corte de cabelo.
Passou um mês, voltei para aparar o cabelo, desta vez com o Manuel. Quando entrei pela porta, falei para a secretaria que queria cortar com o Manuel. A secretaria diz que o Manuel teve que sair para resolver algumas coisas. Somente o Tony estava disponível para cortar o cabelo. Aceitei, afinal conheço o Tony e nós somos amigos. Já fazia um tempo, por que não, rever o amigo?
– Fiquei sabendo que você cortou o cabelo com Manuel. — Tony começou a conversa
– Pois é você não estava aqui. E esse clima? Quente né, será que vai chover? — tentei mudar de assunto.
– Era só me ligar que eu aparecia, até te dei meu telefone para isso. — Tony me ignorou o assunto sobre o clima.
– Eu não sabia… Você estava viajando.
– Era aqui perto, eu dava um pulo aqui, cortava e voltava. — Pô, eu te conheço desde criança, cortei o seu cabelo quando você era apenas um guri. Te chamei para ser meu padrinho do meu filho. Não se chama para ser padrinho do filho alguém que faz uma desfeita dessas.
Voltei para casa com um dilema. Realmente preferi o Manuel cortar meu cabelo. Mas o Tony também trabalha lá. Como fazer para trocar de barbeiro na mesma barbearia sem magoar nenhum dos dois?
Autor:
Caio Geraldini
