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terça-feira, 23 de julho de 2024

Por que as dietas da moda não resolvem a obesidade e são um perigo à saúde?

Principal doença não contagiosa do mundo, a obesidade vem crescendo de forma alarmante em todas as camadas sociais. Ao mesmo tempo, as dietas da moda prometem formas de redução rápida do peso, mas não são voltadas para lidar com o desafio da obesidade. Muito pelo contrário, podem representar um risco à saúde.

Antes associada às pessoas de maior poder aquisitivo, hoje a obesidade no Brasil também tem altos índices entre as classes sociais mais baixas, por causa da maior facilidade de acesso a alimentos de baixa qualidade nutricional, especialmente os ultraprocessados e não naturais, como salsichas e refrigerantes. Outro fator que impressiona no país é o aumento do problema entre crianças e adolescentes.

Dados de 2022 da Organização Mundial da Saúde estimam que existam em torno de 1 bilhão de pessoas com obesidade no mundo. Dessas, 650 milhões são adultos, 340 milhões são adolescentes e 39 milhões são crianças. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, duas a cada três pessoas estão acima do peso e um entre quatro adultos está com obesidade, um grupo que soma cerca de 40 milhões de pessoas. Já entre as crianças e adolescentes, 1 em cada 3 está acima do peso. E os números se agravam a cada ano. O percentual de pessoas com obesidade aumentou 72% em treze anos no país.

A obesidade é um fator de risco para o surgimento de muitas outras doenças crônicas não transmissíveis como as cardiovasculares, diabetes e diversos tipos de cânceres. Mas, ainda assim, não recebe a mesma atenção da hipertensão e da diabetes. Pelo contrário, a pessoa com obesidade é vista como preguiçosa, o que afeta também a saúde mental de quem está ‘fora do padrão’.

Infelizmente, boa parte da população associa a obesidade apenas ao excesso de comida e ao sedentarismo. Mas qual é a parcela das pessoas que efetivamente consegue escolher o que comer e quando se exercitar? Há um grande desafio de acesso em um contexto de grandes desigualdades socioeconômicas e promessas milagrosas de soluções fáceis.

As dietas da moda, muitas delas incentivadas por celebridades e pela mídia, são um perigo para o controle do peso de forma saudável e a longo prazo, em muitos casos podendo resultar em complicações para a saúde. Prometendo mudanças rápidas, oferecem receitas genéricas sem considerar o biotipo, a genética, comportamentos e outras especificidades da pessoa, o que faz com que sejam desbalanceadas e generalistas, podendo causar carências importantes de vitaminas e nutrientes, bem como causar outros malefícios ao corpo.

É preciso entender que a obesidade é uma questão que vai além do comportamento do indivíduo, sendo um problema de saúde pública, resultado de muitos e diferentes fatores. Seu cuidado pode necessitar de diversos serviços de saúde para além do olhar nutricional, tais como acompanhamento psicológico, terapia medicamentosa e, em casos graves, cirurgia. Por isso, é necessário procurar profissional de saúde adequado, que pode ser de nutrição, endocrinologia ou psicologia que entenda a pessoa com obesidade e a acolha.

Além disso, para promover a saúde e prevenir a obesidade, deve ser incentivada uma vida ativa, com ações de mobilidade urbana, de esporte e lazer, que incentivem a prática de exercícios. Ao mesmo tempo, deve-se facilitar o acesso a alimentos saudáveis e, no sentido oposto, desestimular o consumo de alimentos não-saudáveis.

Diante deste contexto de necessário controle da obesidade, é fundamental que se saiba que as dietas da moda não são a solução. O que se almeja não é um padrão estético às custas de uma vida saudável, mas criar as condições que garantam qualidade de vida com saúde.

Autores:

Luis Fernando Villaça Meyer. Diretor de Operações do Instituto Cordial 
Guilherme Nafalski. Doutor pela Unicamp, coordena o Painel Brasileiro da Obesidade / Instituto Cordial

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