Escritor Rafael Caputo acaba de publicar seu novo livro. Trata-se de uma divertida e inusitada coletânea de contos, poesias e crônicas.
Antes de mais nada, quero deixar claro que tive a oportunidade de conhecer pessoalmente o escritor Rafael Caputo quando cobri a quarta edição do Prêmio Kindle de Literatura, em fevereiro de 2020. Ou seja, pouco antes da pandemia.
Na ocasião, o autor estava concorrendo com “Larissa Start”, seu romance de estreia. Segundo o próprio enredo, uma história de amor contemporânea com ingredientes curiosos: algoritmos, depressão e suicídio. Cotado como um dos favoritos para ganhar a premiação.
O evento, organizado pela Amazon do Brasil, Kindle Direct Publishing e Editora Nova Fronteira, foi um dos últimos que ocorreu de forma presencial em São Paulo; e contou com cinco finalistas de um total de 1.800 romances inscritos. Dentre eles, o estreante Rafael Caputo. Todavia, o prêmio acabou ficando com a escritora Barbara Nonato e seu livro “Dias Vazios”. Ainda assim, Caputo saiu de lá vitorioso.
“Participar de um evento assim já é uma grande conquista. Ficar entre os finalistas só comprova que estou no caminho certo.”
Rafael Caputo
De fato, o caminho percorrido por ele vem demonstrando que o carioca radicado em Curitiba, Paraná, possui uma escrita bastante criativa. Nesse sentido, ganhando cada vez mais espaço no cenário literário com inúmeras participações em concursos e antologias.
Premiações literárias
Dentre os prêmios que o autor já conquistou, estão:
- Prêmio Microconto de Ouro, promovido pela Casa Brasileira de Livros;
- Prêmio Literatura Mínima de Microcontos, organizado pelo Café do Escritor;
- Concurso de Crônicas Lygia Lopes dos Santos, da Academia Feminina de Letras do Paraná;
- Prêmio Literário Paulo Setúbal;
- Concurso Pérolas da Literatura;
- Prêmio Literário da Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais;
- Dentre outros.
Ao todo, Caputo soma mais de 20 premiações e menções honrosas em concursos literários espalhados pelo Brasil. Aliás, em diversas categorias.
Agora, o escritor decidiu reunir todo esse trabalho em uma divertida e inusitada coletânea pessoal chamada Contando ninguém acredita. São contos, microcontos, poesias e crônicas. A maioria delas, premiadas. A variedade das obras demonstra a grande capacidade do autor em contar histórias.
Contando ninguém acredita, por Rafael Caputo
Contos
Primeiramente, destaco o conto “O livro”, que surpreende o leitor com um final fora do comum. Apesar de curto, o enredo promove sensações variadas: raiva, frustração, perplexidade e até vergonha (caso o leitor não tenha captado as pistas do desfecho, deixadas como um rastro de migalhas durante toda a narrativa).
Já o conto “A vida é trem-bala, parceiro” é ousado e provocativo, fazendo o leitor refletir sobre os dias atuais. De modo curioso, apresentando a morte como um cargo a ser ocupado. Justamente, por uma personalidade histórica conhecida e implacável. Sobretudo, responsável pela pandemia da COVID-19 como estratégia bem-sucedida para alavancar sua produtividade.
Crônicas
Aproveito para reforçar que essa busca latente em chocar os fãs é uma das marcas registradas de Rafael Caputo, que usa e abusa de recursos literários para provocar seus leitores. Tal característica é ainda mais visível em seus microcontos, totalmente atípicos. Bem como suas crônicas, sempre ácidas e repletas de muita indignação, sarcasmo e ironia. Alguns exemplos são os textos: “Já é um começo!” e “Síndrome de Pilatos”, um triste reflexo de boa parte da sociedade, infelizmente.
Poesias
Ademais, se você acredita que poesia é sinônimo de amor, precisará rever seus conceitos. Até mesmo os poemas do autor tratam de temas como dor, angústia, solidão, perda, morte etc. Em outras palavras, estrofes carregadas de duplo sentido que dão o toque necessário para interpretações pra lá de sentimentais, e em algumas ocasiões, até mesmo perturbadoras.
Contudo, sem medo de parecer clichê, posso afirmar que Contando ninguém acredita é diversão garantida para todas as idades. De antemão, a coletânea reúne 38 textos, sendo 15 poesias, 13 contos, 5 microcontos e 5 crônicas. O projeto gráfico da obra também chama a atenção ao explorar uma abordagem vintage muito bem feita. Por fim, o livro físico está disponível na loja on-line da Editora Uiclap.
Rafael Caputo, um escritor versátil
Além do romance finalista do Prêmio Kindle de Literatura e a referida coletânea, o escritor também possui uma coleção só de microcontos, sob o título de “Um microconto por dia”. Ou seja, nada mais nada menos que 365 microcontos (um para cada dia do ano).
Em seu acervo, há ainda um livro infantojuvenil de nome peculiar: “Minha mãe foi tatuada errada”, e outro romance intitulado “Carne Fraca”. Este, uma trama psicológica que aborda a relação doentia entre um jovem inconsequente e uma doida possessiva. Inclusive, com um final alternativo. Aquele, uma comovente história em que Guilherme, uma criança de 10 anos, ajuda as tatuagens de sua mãe a resolver uma extraordinária crise de identidade.
Concluindo, assim é o multifacetado Rafael Caputo, escritor camaleônico da nova geração. Licença poética à parte, podemos até dizer: não binário de gênero textual fluído. Porque não? Uma vez que transita entre variados gêneros literários em busca da mais autêntica liberdade de expressão: a escrita.