O passado revivido
É o passado que se tira do coração.
As coisas boas são recortadas e acrescentadas. O que acresce se mistura
ao real vivido, o doce e o amargo.
Somos feitos de memórias, muitas vezes
Fugimos de nossas lembranças.
O que fica é a água fresca que colhemos no rio caudaloso de nossas vidas:
Beto, quero que você vá a minha casa amanhã á tarde, adivinha por que?
Eu, claro que sei, vamos comer o bolo que vi a tua mãe preparando…sei que tenho um lugar especial nessa mesa.
Beto, sempre terá. Mãe fala muito da nossa amizade: somos irmãos de leite.
Ela diz sempre que eu e você somos inseparáveis e que eu devo cuidar bem
de você. Te ajudar sempre. Ela tem muita gratidão por tua mãe ter me dado de mamar quando nasci
Eu, sei. Minha mãe também me conta essa mesma história. Ela diz que tua mãe
não tinha leite e você mamou no peito dela. O leite da tua mãe secou.
Sim, amanhã vou comer na mesa o bolo e soprar as velinhas do seu aniversário.
Beto levantou da calçada e me empurrou na cadeira até a minha casa.
Autor:
Álvaro Eduardo Guimarães Salgado
Ah as lembranças… e quantas são…