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terça-feira, 23 de julho de 2024

Design inclusivo- experiências universais

Como meu primeiro artigo por aqui eu tive uma série de medos: primeiro eu fiquei com medo de criar polêmicas , depois pensei “ ninguém vai ler”, e por fim pensei “apenas escreva e pronto”, fico feliz por ter levado apenas o último pensamento a sério, então resolvi falar do que eu me importo, e mesmo que com receio espero que outras pessoas acabam se importando também.

Mesmo que o debate sobre inclusão e acessibilidade esteja em voga, na ponta, no desenvolvimento de produtos e sistemas percebemos que essa preocupação com o design inclusivo aparece mais quando há necessidade de branding de marca do que de fato sob o pensamento de acessibilidade e inclusão.

Um cliente que não consegue utilizar o auto serviço por conta do tamanho da letra, ou da altura do posto de atendimento, alguém que não consegue realizar suas compras online pois não há suporte de auto descrição no site. Um turista que não consegue ler instruções de segurança pois não há legenda em seu idioma. Um pedestre com dificuldade de andar na rua pois não há faixa em alto relevo (ou por que talvez você que não possui deficiência esteja parado bem no meio desta faixa específica 🤨 ).

A verdade é que o pensamento inclusivo é um processo do qual todos devem fazer parte, e apesar de considerarmos a inclusão como suporte de um produto ou serviço a pessoas com deficiência, o design deve ir além.

A deficiência no contexto do design deve partir do pressuposto de: incompatibilidade entre as necessidades do indivíduo e o design deste produto ou serviço. Sob essa ótica a deficiência pode ser vivida por qualquer pessoa que for excluída pelo projeto em questão.

Design Inclusivo: De forma simples pra você

De forma breve e não tão aprofundada o design inclusivo é a criação de sistemas e produtos que levem em consideração a sua usabilidade independente das pessoas que irão utilizar o serviço, isso quer dizer que ele deve ser acessível para pessoas que portam qualquer tipo de deficiência ou limitação.

Às vezes pode acontecer confusão sobre diferenças entre design universal ou inclusivo, mas aqui não iremos nos estender sobre as diferentes aplicações. O principal ponto é que comumente o design universal é mais utilizado para produtos físicos que necessitam de uma solução definitiva e usual para todos, enquanto o termo “design inclusivo” é bastante utilizado para soluções e ferramentas digitais que possuem mais facilidade em alterações.

Quando falamos de um simples conceito, o grande público pode pensar: Mas isso é algo básico. E de fato é. Mas na prática, a verdade é que se você não possui nenhum tipo de limitação ou não se percebe em uma situação limitante, dificilmente você irá notar as dificuldades de outras pessoas na utilização de qualquer produto.

Infelizmente esta mesma percepção (ou a falta de), se estende a uma grande parcela de novos designers.

Há princípios?

Talvez você fique surpreso ao descobrir que sim.

E como isso aqui não é uma aula (ainda), vou apenas citar pra que você fique por dentro 😁

  • Equidade
  • Flexibilidade
  • Consistência
  • Autonomia
  • Direito de escolha
  • Prioridade em conteúdo
  • Agregue valor

Apesar de princípios básicos, na prática o que diferencia ou não sua utilização é a capacidade do designer de compreender o mundo do lado de fora de sua caixinha chamada “eu”.

Abra a caixa! 📦

Inclusão no Brasil: Coisas que você deveria saber

Nós falamos lá no início sobre a inclusão ser destinada a todos, mas obviamente quem mais sofre com problemas de acessibilidade são pessoas portadoras de algum tipo de deficiência.

De acordo com pesquisa do IBGE mais de 18,5 milhões possuem algum grau de deficiência no Brasil, o levantamento considera idade de 2 anos ou mais, isso é basicamente 8,9% da população nessa faixa etária.

uma pesquisa feita pelo Blend Edu houve um avanço na temática no ambiente corporativo em comparação com 2020, nesse levantamento 81% das empresas afirmam destinar recursos específicos para ações de diversidade e inclusão.

Em paralelo a esse cenário, os dados sobre educação do IBGE apontam uma disparidade no grau de escolaridade, onde apenas uma em cada quatro pessoas com deficiência concluem o ensino básico obrigatório, sendo a taxa de analfabetismo de 19,5%.

Enquanto apenas 25,6% das pessoas com deficiência tinham concluído o ensino médio, mais da metade das pessoas sem deficiência (57,3%) obtiveram esse grau de instrução.

Ainda considerando a disparidade nos dados declarados pelas empresas, com a realidade empregatícia no Brasil, apenas 29,2% das pessoas com deficiência estavam trabalhando com registro. E mesmo considerando aqueles que possuem nível superior de educação cerca de 54,7% com deficiência ocupavam postos de trabalho, contra 84,2% para pessoas sem deficiência.

Percebemos que o cenário de investimento ainda não acompanha o alto grau de desigualdade. E que processos, produtos e serviços ainda precisam ser desenhados pra acompanhar as diferentes necessidades e diferentes contextos sociais.

Você pode até estar pensando: Bruna, beleza, mas o que isso tem a ver com o design inclusivo? Vamos fingir que estou do seu lado, e estamos conversando, eu diria: TUDO!!

A acessibilidade para diferentes produtos, locais, e oportunidades fazem com que esses números acima existam. Estudantes que não conseguem acompanhar aulas por dificuldades cognitivas e não possuem suporte e um design inclusivo nesse processo, pessoas que não conseguem se inserir em um ambiente de trabalho pois não há espaço físico adequado. Dentre centenas de outros exemplos que poderia te citar.

Design de interior, design de interfaces, design de processos, de produtos. Mesmo que a maioria das pessoas não perceba, mesmo que os próprios designers não percebam, nós participamos da criação de tudo que nossos olhos alcançam.
A derradeira pergunta que deixo é: Qual mundo então, nós estamos projetando? 🤯

Autora:

Bruna Almeida

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