“A língua portuguesa apresenta uma unidade surpreendente”

MITO 01 - Unidade surpreendente

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Variação linguística

O enunciado estaria correto caso a expressão “unidade surpreendente” estivesse isolada por aspas demonstrando uma clara ironia. Não! A língua portuguesa nunca foi e nunca poderá ser tratada como uma unidade.

Poderia enunciar regionalismos de nosso país, estrangeirismos usados com tanta frequência a ponto de serem explicados em renomados e reconhecidos dicionários da língua portuguesa, ou ainda os neologismos tecnológicos com substantivos, adjetivos e verbos presentes em textos técnicos e usados com significados distintos. Porém, prefiro citar o próprio berço além-mar de nosso idioma: Portugal!

Em Portugal, terra-mãe de nossa fabulosa língua, que expressa de maneira inigualável os sentimentos, nem mesmo por estas bandas encontramos a unidade do idioma. Regionalismos, do mesmo modo que registramos no Brasil, são característicos de grupos populacionais, mesmo em um país com limitado espaço geográfico. Habitantes de Lisboa e Setúbal verbalizam suas expressões de maneira diferente, e com notável sotaque regional, das pessoas do sul em Faro e Beja; e ainda mais distinto dos que vivem em Braga ou Porto. Posso acrescentar ainda o “portunhol” (sim, lá também existe) falado nas áreas fronteiriças de Bragança, Castelo Branco e Évora.

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O Reino Português colonizou 53 países e, atualmente, ao menos 10 possuem a língua portuguesa como idioma oficial. Cada qual com suas características e até mesmo palavras que sequer foram registradas em dicionários de outras nações com a mesma língua.

Não, a língua portuguesa, igual a todos os outros idiomas, não é uma unidade, e muito menos surpreendente, a não ser com a devida colocação da ironia no tom de pronúncia de quem assim afirmar.

 Saulo Semann

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