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quinta-feira, 25 de julho de 2024

Composição repleta de significados: entenda como inserir peças antigas em um décor contemporâneo

Ao resgatar tradições à sua maneira, a combinação do antigo com o atual, o morador valoriza a memória afetiva, a beleza atemporal e um olhar sustentável

Muito bem aceito nos mais diversos estilos de décor, os móveis antigos são queridinhos para criar contrastes interessantes e contribuir com a bagagem histórica. E uma das melhores combinações, segundo as arquitetas Ieda e Carina Korman, do escritório Korman Arquitetos, é investir na mescla desses elementos dentro de uma atmosfera contemporânea, pois essa mistura seguirá como uma das grandes tendências para 2023.

Para elas, as peças com ares envelhecidos são únicas, uma vez que carregam o design da época em que foram criadas e um memorial de lembranças que agrega significado especial para os moradores, sem contar aquele contraste charmoso no décor. “Muitos desses ornamentos são passados de geração em geração como heranças que ultrapassam os valores materiais. Mas também contamos os objetos adquiridos posteriormente, com relatos memoráveis e que despertam o apreço de quem os adquire. Seja como for, peças assim agregam não só ao lar, mas à própria pessoa, pois é um retrato da mesma“, diz Ieda Korman.

Definindo o contemporâneo

Novo e atual, o estilo contemporâneo está em constante evolução e explora variadas ideias, tendências e conceitos da arquitetura e design do momento. Por vezes, na decoração pode ser confundido com o estilo moderno, mas Ieda explica que, por mais parecidos que possam ser, o estilo moderno se baseia em idealizações dos anos de 1920 a 1960, enquanto o estilo contemporâneo está relacionado a tudo que está acontecendo agora. Por isso, abre mais liberdade de experimentação.

As características mais observadas no décor contemporâneo são a valorização da luz natural e espaços vazios com pontos focais feitos, geralmente, com objetos esculturais, além de prezar o estilo clean com linhas e volumes retos, com o branco como base. Mas isso não chega a ser uma regra, pois o estilo contemporâneo permite possibilidades e pode reinterpretar a arte do seu próprio jeito, preservando tradições e combinando com muitos segmentos“, enfatiza.

O segredo da combinação

Nessa sala de estar elaborada pelo escritório Korman Arquitetos, a parede em tijolinhos enaltece preciosidades: as duas máquinas de escrever, que pertenciam à avó da moradora, ganharam molduras como verdadeiras obras de arte que expressam memórias | Foto: JPImage

Embora a ideia de utilizar os móveis antigos seja uma tendência, a arquiteta Carina Korman alerta para a harmonia e essência estética nos ambientes. Ainda que a ornamentação provoque um paradoxo necessário para eliminar a monotonia dos ambientes é fundamental não caminhar pelos excessos. “A receita do sucesso dessa mescla é justamente o equilíbrio entre as peças e o estilo. Por isso, sempre sugerimos trabalhar os adornos como pontos de destaque, escolhendo peças pontuais que serão a referência do espaço“, aconselha.

Uma dica compartilhada por ela é não encher o local com peças vintage, já que o exagero pode causar uma sensação obsoleta, de algo ultrapassado. Para ela, ‘menos é mais’ e o minimalismo respeita o contexto contemporâneo de evitar excessos.

Móveis herdados sempre dão um charme no lar. No cantinho próximo à escada do apto duplex, o carrinho herdado da avó, e desenhado pelo designer Jean Gillon, ganhou uma nova função: virou o bar da casa | Projeto da Korman Arquitetos | Foto: JPImage

Contudo, nem sempre é possível recuperar peças antigas para que elas exerçam sua função principal, mas a arquiteta tranquiliza e explica o conceito de upcycling. “Móveis podem ser ressignificados! Não precisamos abrir mão de um tipógrafo só porque não é mais possível escrever com ele… podemos pensar em outra função. Essa ideia se chama upcylicing, uma técnica que possibilita um reuso criativo aos objetos que perderam seu uso original. Isso também é sustentabilidade“, explica Carina.

E quando não temos móveis herdados?

Móveis retrô podem remeter à outras épocas também, como nesse living abrilhantado pelas cadeiras Oscar, um clássico do designer Sergio Rodrigues, produzidas com palhinha, mesmo material das “cadeiras de vó” de alguns anos atrás | Projeto da Korman Arquitetos | Foto: Gui Morelli

Também há quem aprecie esse tipo de decoração vintage e não possua nenhuma relíquia de família ou similar. Para essas situações, as arquitetas recomendam garimpar em lojas especializadas em móveis antigos, como antiquários e até feiras de antiguidades. “Com uma boa procurada, é possível localizar diversas peças vintage restauradas e assim criar história com elas. Outra aposta é comprar móveis no estilo retrô, aqueles objetos produzidos hoje, mas com inspirações de outras épocas. Essas peças retrô estão super na moda e podem oferecer sensações similares ao vintage“, finalizam.

Sobre a Korman Arquitetos

Com mais de 35 anos de história nos segmentos residencial, corporativo e comercial, o escritório conta com diferentes gerações no comando de projetos personalizados e exclusivos, realizados no Brasil e exterior. Carina se uniu aos pais, Silvio e Ieda, para juntos darem forma a ambientes criativos, com uma linguagem moderna e atemporal. O trio assina reformas dos mais variados estilos e concebe espaços do zero, num trabalho que inclui o acompanhamento da obra e a finalização da decoração. A Korman Arquitetos já participou das principais mostras do país, como a CasaCor, e teve projetos publicados nos veículos mais relevantes da área.

Autora:

Emilie Guimarães

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