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quinta-feira, 22 de agosto de 2024

Com inteligência artificial, designer revela “verdadeiro Jesus” De da Vinci

Depois de apresentar ao mundo a reconstrução do rosto da Virgem Maria e de algumas das musas de Leonardo da Vinci, o especialista e designer Átila Soares da Costa Filho volta à inteligência artificial para revelar como deverá ter sido a verdadeira aparência de um dos modelos que serviram ao gênio da Renascença para o papel do Filho de Deus.

Desta vez, a base para seus experimentos foi o “Cristo de Lecco”, uma sanguínea pertencente a uma coleção privada italiana e atribuída a Leonardo, que o teria executado por volta do ano 1500. Átila contou com o uso de 7 ferramentas de edição de imagens: algoritmos de Inteligência Artificial mais aprimoramentos anatômicos e estéticos.

Segundo o designer natural de Niterói (RJ), algumas questões foram consideradas a fim de que se aproximasse de um resultado mais fiel ao que a experiência se propunha: “Pra começo de conversa, as linhas e sombras em “Lecco” não são em quantidade suficiente que nos proporcionasse uma fisionomia melhor definida. Ademais, houve um sensível clareamento nas marcas da sanguínea em razão dos desgastes do tempo, e isso é algo sobre o qual se deva ter certo cuidado. Por exemplo: os olhos do Messias no desenho seriam tão claros assim quanto parecem?” Outra destas questões foi tentar descartar, parcialmente, o estilo pessoal de Leonardo na busca pelo rosto de Jesus: “Cada mestre da Pintura, de forma mais ou menos consciente, imputava seu jeito particular de retratar um modelo – era o seu estilo. A maior prova disto é olharmos para as ligeiras diferenças sobre um mesmo retratado nos pincéis de diferentes artistas. Isto é o correto em termos de se expressar a genialidade de cada um mas, por outro lado, a técnica também poderia trazer certas dissonâncias à realidade objetiva sobre o rosto do representado. Em certos casos, esta “fuga” em relação à realidade poderia se dar, mesmo, por alguma imposição de quem estava comissionando o retrato… Os modelos, séculos atrás, também se valiam dos “filtros” da época para melhorarem a própria aparência”. E continua: “Lembro de ter assistido a uma palestra do roteirista Jean-Claude Carrière em 1993 quando discursava sobre seu processo de trabalho para “Valmont” (do diretor Milos Forman) de 1989. Dizia que, em sendo a inspiração do filme o romance “As Ligações Perigosas” (obra jacobina de Chordelos de Laclos), escrito em formato de trocas de cartas, devemos observar que, quando mandamos mensagens, nossa tendência é distorcer os fatos aqui ou ali, em maior ou menor grau. Partindo desta premissa razoável, Carrière, assim, justifica o porquê de haver tantas discrepâncias entre os acontecimentos no filme e o que fora narrado no conteúdo das cartas ao longo das páginas na obra clássica. Da mesma forma, acho que cabe ao pesquisador, no campo da História das Artes Visuais, ter esta noção sobre em até que ponto a representação de alguém deva estar compromissada à realidade”. E finaliza: “Pode até não ser a mais simples das tarefas, mas, com certeza, também não é inviável”.

Átila Soares é bacharel em Desenho Industrial pela PUC-Rio (Depto. de Artes e Design) e pós-graduado em História da Arte, Antropologia, Arqueologia, Patrimônio, História, Filosofia e Sociologia. Com estudos divulgados em mais de 80 países, faz parte dos comitês científicos na Mona Lisa Foundation (Zurique), na Fondazione Leonardo da Vinci (Milão) e no Comitê Nacional pela Valorização dos Bens Históricos, Culturais e Ambientais (Roma).

Autoria:

Átila Soares

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