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terça-feira, 23 de abril de 2024

Camada de rocha derretida pode se estender por metade da Terra

Camada de rocha derretida

Geólogos propõem a existência de uma camada de rocha derretida a apenas 150 quilômetros abaixo da superfície da Terra. Essa camada, caso exista, faria parte da astenosfera – a camada que se encontra abaixo das placas tectônicas no manto superior da Terra. A astenosfera

é fundamental para o movimento das placas tectônicas, uma vez que forma um limite relativamente suave que permite que as placas se movimentem pelo manto.

Embora a razão pela qual a astenosfera é macia ainda seja desconhecida, já se suspeitou que a viscosidade pudesse ser uma consequência de rochas derretidas. No entanto, um estudo realizado por Junlin Hua e seus colegas das universidades do Texas de Austin e Brown, nos Estados Unidos, sugere que, embora possa haver uma camada globalmente disseminada de rocha derretida, esse material não parece influenciar significativamente o fluxo das rochas no manto. De acordo com a equipe, a influência predominante no movimento das placas tectônicas é a convecção do calor e das rochas no próprio manto. As rochas não precisam estar derretidas para que ocorra o movimento das placas – ainda que o interior da Terra seja predominantemente sólido, as rochas podem se deslocar e fluir como mel durante longos períodos de tempo.

Hua explica que, embora seja intuitivo pensar que o material derretido desempenhe um papel importante na viscosidade do material, a equipe descobriu que, mesmo onde a fração derretida é bastante alta, o efeito no fluxo do manto é muito menor do que se imaginava.

Curiosamente, o papel da camada de rocha fundida (ilustrada pelos salpicados em vermelho) no movimento das placas tectônicas é menor do que se poderia imaginar.
[Imagem: Junlin Hua/UT Jackson School of Geosciences]

Camada não-contínua

Durante sua pesquisa de doutorado, Hua estudou imagens sísmicas do manto sob a Turquia e observou sinais de rocha parcialmente derretida sob a crosta. Ele compilou imagens semelhantes de outras estações sísmicas e criou um mapa global da astenosfera, descobrindo que essa camada derretida é comum em todo o mundo, aparecendo em leituras sísmicas onde quer que a astenosfera esteja mais quente. A equipe de pesquisa propõe que essa camada parcialmente fundida possa existir em quase metade da Terra, mas não é uma camada contínua, como seria uma casca de cebola. Embora a equipe não tenha encontrado correlação entre essa camada derretida e o movimento tectônico, sugerindo que ela pode ser um marcador do que está acontecendo na Terra, em vez de uma contribuição ativa para qualquer coisa. Thorsten Becker, coautor do estudo, afirma que o derretimento local ainda pode ter importância.

Bibliografia:

Artigo: Asthenospheric low-velocity zone consistent with globally prevalent partial melting
Autores: Junlin Hua, Karen M. Fischer, Thorsten W. Becker, Esteban Gazel, Greg Hirth
Revista: Nature Geoscience
DOI: 10.1038/s41561-022-01116-9

José Ruiz Watzeck
José Ruiz Watzeckhttps://escolassempatria.blogspot.com/
Jornalista, Escritor, Autor, Geógrafo, Matemático, Professor, Neuropsicopedagogo, Especialista em Docência do Ensino Superior, Pós graduado em Auditoria, Gestão e Licenciamento Ambiental, Pós graduado em Geoprocessamentos e Georreferenciamentos, Pedagogo, especialista em Astronomia e Astrofísica.

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