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quarta-feira, 24 de abril de 2024

RACISMO, UMA REALIDADE NÃO SIMULADA

O Cenário Político e o Racismo

O cenário político no Brasil é histórico. A polarização política toma caminhos sombrios através da discussão e da violência que salta das redes sociais para as ruas. Tudo isso se intensificou a partir do momento em que cada um tomou para si um candidato e nele depositou a sua confiança como em  um “salvador da pátria”, cada eleitor deixou de ser um mero espectador e passou a ser um torcedor.

Isso fez com que, como em qualquer torcida organizada, cada um defendesse “com unhas e dentes” o seu time, ou melhor, seu atleta. A vitória teria de ser algo incontestável(na visão desses torcedores), se não houvesse, de cada lado, um tipo de desconfiança sobre o processo eleitoral.

O Real Problema

A duras penas, estamos convivendo com isto, e do outro lado, temos um problema gravíssimo, quase idêntico ao “nós e eles” criado no cenário eleitoral. Este assunto é de tal gravidade que faz com que olhemos para o passado (período colonial) como se algumas atitudes perpetradas naquela época ainda existissem entre nós.

Assim, enquanto “debatemos” sobre a política brasileira esquecemos que há um debate que se mostra sempre deficiente de atenção, o RACISMO.

A denúncia e o debate sobre o assunto “RACISMO NO BRASIL”, não tem o intuito de causar cisão, tampouco, criar um movimento de segregação racial. Longe disso, a ideia na verdade é dissuadir as ações de injúria e violência racial em nosso país. Passamos pelo processo de abolição da escravatura há muito tempo, porém ainda não houve uma concreta abolição de pensamentos racistas em muitas mentes. 

O que Diz a História

Quem leu um pouco da história do Brasil se lembra que por volta de 1840 , historiadores do IHGB – Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro propuseram como uma saída para formatar a identidade do Brasil, na época, o branqueamento da nação a longo prazo. (Marcos Costa – livro, História do Brasil Para Quem Tem Pressa).

Portanto, quando vejo um cidadão negro ser achincalhado e proibido de entrar no elevador do seu próprio prédio (Caso Eddy Jr.) sinto repulsa. Desse modo, entendo que, uma grande parcela da sociedade ainda pensa como alguns historiadores do IHGB. Por isso digo, O RACISMO É UMA REALIDADE NÃO SIMULADA.

A Romantização

Quando vejo negros romantizando o seu próprio apelido racista, consigo enxergar a dinâmica da vida de muitos negros do período da escravista. Quer seja por opção ou por falta dela eles inflingiam castigos aos seus iguais. E agora, muitas vezes somos castigados pelo silêncio daqueles que se julgam anti-segregadores por aceitar apelidos racistas.

Dessa forma, entendo que o debate está distante de acabar. Mas o que me deixa pasmo é que ele costuma vir à tona apenas quando surgem casos de injúrias raciais, e até mesmo de morte. 

Inegavelmente, as pessoas que não fazem parte das estatísticas não sentem na pele a dor que sentimos. Os números dizem que 56% da população brasileira, que é considerada preta ou parda, é minorizada, e uma grande parte da população têm dificuldade em se colocar no lugar das vítimas. Veja esse trecho retirado da revista exame que mostra uma pesquisa sobre o racismo estrutural feita pelo Instituto Locomotiva encomendada pelo Carrefour:

O primeiro ponto que indica um problema estrutural é a maior presença de negros nas classes sociais mais baixas. Tal indicador faz com que a população negra utilize mais os serviços públicos de saúde e educação, tendo maior dificuldade de inserção no mercado de trabalho, especialmente nos cargos de liderança. Quando inseridos, o preconceito continua, uma vez que 52% dos trabalhadores negros já sofreram alguma discriminação. Além disso, 54% acreditam que brasileiros não reagiriam bem diante de um chefe negro.(https://exame.com/)

Estamos Distantes do Fim

Sem dúvida, isso nos mostra que ainda estamos distantes de números considerados amenos para esse tipo de situação. Acredito que a erradicação do racismo se dará através da conscientização. Ou seja, para que se efetive a conscientização, deve-se começar na educação básica. Formar o caráter do cidadão na mais tenra idade previne desgastes e gastos com punições futuras.

Portanto, é inadmissível que um país de uma cultura tão diversa e de um povo miscigenado como o nosso ainda veja todos os dias pessoas morrendo ou sendo agredidas simplesmente por ter a cor da sua pele diferente da do seu agressor.

Carlos Literato
Carlos Literato
Carlos Literato é Articulista, Graduando em Pedagogia, Psicanalista e Bacharel livre em Teologia.

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