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terça-feira, 23 de julho de 2024

Mudanças climáticas e repercussões na saúde

Os palestrantes do 7º Fórum Latino-Americano de Qualidade e Segurança na Saúde que aconteceu no mês passado no Centro de Ensino e Pesquisa Hospital Albert Einstein, em São Paulo, dentre outros temas relevantes, debateram o risco a saúde causado pelas mudanças climáticas.

A Organização Mundial da Saúde – OMS estima que entre os anos de 2030 e 2050, 250 mil mortes serão causadas, anualmente, tendo como pano de fundo problemas climáticos (enchentes, queimadas, secas, poluição e guerra).

Essas alterações ambientais provocam o aumento da fome, causada pela escassez de alimentos básicos, e incrementam o aparecimento de doenças pulmonares, cardíacas, AVC e a depressão.

Muito se fala atualmente sobre os danos ambientais-climáticos causados pela guerra entre Rússia e Ucrânia. Ambos os países são importantes produtores e exportadores de trigo, cevada, óleo, semente de girassol e milho, e o conflito vem causando privação desses produtos.  

Os espaços para plantio se tornaram campo de batalha, seja por terra (bombas, rios poluídos e mortificação de espécies nativas) ou pelo ar (atmosfera tóxica e liberação pelas bombas de partículas de combustível e metais).

Na Ucrânia, antes da guerra, havia importantes e intactas florestas, e de acordo com a ONG World Wide Fund For Nature, quase em sua totalidade (90%) encontram-se degradadas.

É sabido ainda que a Ucrânia, junto com Rússia e Belarus, fornecia um quarto da madeira para o mundo, e com a guerra, países outros começaram a flexibilizar suas leis, para permitir o desmatamento e suprir essa míngua.

Diante dessa escassez, os impossibilitados de comercializar com a Rússia e da Ucrânia, como a China, começam a vasculhar áreas Terra adentro, para cultivo. Ambientalistas como a africana Hindou Oumarou Ibrahim, já dão voz a esse problema.  

De suma importância falar sobre os povos que vivem em ecossistemas remotos do mundo, em mega florestas, protegendo-as.

Segundo a ONG Nia Tero, com presença global, a estatística demonstra que territórios indígenas abrangem mais de um terço das florestas intactas da terra, preservando uma porção significativa da biodiversidade do mundo:

                        “Indigenous peoples sustain 80% of the world`s remaining biodiversity, including ecosystems essential to our global climate, fresh water, and food Security”.

Lutas precisam continuar, como a de Nemonte Nenquimo, ambientalista ganhadora do Nobel Verde, prêmio mais importante do mundo ambiental, por proteger 500 mil hectares da Amazonia de extrações oriundas de empresa petrolífera equatoriana.

Medir como a maior floresta da Terra, a Amazônica, irá responder futuramente as mudanças climáticas provocadas pelo aumento de dióxido de carbono é um dos temas estudados pelos especialistas nas últimas décadas, conforme menciona Caio Possati em artigo escrito para O Estado de São Paulo (03/10/2022). Torres de 35 metros, estruturaram um modelo para medir esses estragos, chamado de AmazonFace.

Estamos pisando em águas turvas há muito tempo e quanto mais desmatamento houver, mais distantes estaremos de atingir as metas do Acordo de Paris de 1995, que define regras para que os signatários garantam que a temperatura da Terra não aumente até 2º C, com limite secundário de 1,5º C.

O COP26, Pacto de Glasgow para o Clima, alcançou resultados importantes sobre saúde e clima, desenvolvendo assuntos relacionados ao gás metano, desmatamento, acordo entre EUA e China sobre efeito estufa, sustentabilidade, o papel dos bancos, penalidades, dentre outros assuntos.

Impõe-se urgência na responsabilidade dos governos e organizações. As indústrias devem seguir freneticamente com seus desafios, como diminuir emissões de gases do efeito estufa, produzir carros elétricos e plásticos não recicláveis, e muito mais.

Compromissos nacionais e internacionais ambiciosos, como o projeto de tribunal climático internacional, legislações mais duras e fiscalização, são cruciais, para a proteção do planeta.

O lugar do meio ambiente entre as preocupações das sociedades transformou-se, passando de vaga inquietação, para desafio primordial ante a necessidade de sobrevivência da humanidade.

Os cientistas são categóricos:  se os governos não começam a agir, todos os países estarão expostos a catástrofes no século XXI (tempestades, inundações, penúria, epidemias) – (Frédéric Bessat, Universidade PARIS IV-Sorbonne).

É motivo para entrar em pânico? Respondo: Sim. O setor saúde se encontra frente a um grande desafio. O caos climático ameaça as conquistas e os esforços de redução das doenças transmissíveis e não-transmissíveis.

O remodelamento que se possa promover para alterar o quadro catastrófico pode consumir décadas, assim o setor de saúde deve tomar medida enérgicas e de adaptação para reduzir ao máximo esse colapso, que acaba respingando em todas as áreas da economia.

Autora:

Fernanda Varella – advogada especialista em LGPD, Defesa do consumidor e saúde.

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