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quarta-feira, 24 de julho de 2024

Indústria de bacteriófagos prevê crescimento mundial de 3,7% até 2030?

O acréscimo da prevalência de diferentes infecções resistentes a antibióticos em todo o mundo é um risco de saúde global. A pandemia nos mostrou, como grande parte dos países não possuem estruturas hospitalares adequadas, quiçá medicamentos. Por outro lado, ele também pode ser projetado com um elemento fundamental na busca de novas contribuições para o mercado global de bacteriófagos. No relatório “Mercado bacteriófago – Análise global da indústria, tamanho, participação, crescimento, tendências e previsão 2018 – 2028” desenvolvido pela TMR Research e publicado no final do último mês, mostra que o segmento está se expandindo a um CAGR, ou seja, a uma taxa de crescimento anual composto, de 3,7% no período previsto de 2020 a 2030. 

Os bacteriófagos nada mais são do que vírus que atingem seletivamente e matam exclusivamente bactérias. Essa funcionalidade é considerada uma das entidades biológicas mais difundidas que têm a capacidade de combater e matar bactérias multirresistentes a medicamentos. Esses combatentes estão ganhando força na indústria da saúde devido à sua capacidade de matar infecções causadoras de bactérias quando a maioria dos antibióticos não pode trabalhar contra uma infecção. Assim, os bacteriófagos auxiliam os prestadores de cuidados de saúde na salvação de uma vida de pacientes, o que, por sua vez, impulsiona o mercado global nesse sentido. 

Inclusive, dado a importância crescente do seu uso, há um movimento de popularização dos bacteriófagos como alternativa, em tratamentos com exigência de antibióticos. Como qualquer tecnologia recente, ela está criando amplas oportunidades no mercado. Uma delas é a terapia bacteriófago, que usa vírus para introduzir seu material genético em bactérias e utiliza o mecanismo hospedeiro para sua expansão. O método está sendo cada vez mais utilizado nos campos de pesquisa da biotecnologia e biologia molecular em descobertas variadas de drogas, embora os fagos não possam substituir completamente os antibióticos. A fagoterapia, como também é conhecida, foi utilizada entre 1920 e 1940 e caiu em desuso com o advento dos antibióticos e a invenção da penicilina. O fato de o homem que mais investigou a técnica, o cientista georgiano, Giorgi Eliava, ter sido executado em 1937 também não ajudou ao seu desenvolvimento. Eliava tinha trabalhado no Instituto Pasteur em Paris com o microbiologista franco-canadiano Felix d’Herelle, um dos dois homens creditados com a descoberta de fagos, em 1934. 

Negligenciados durante décadas, os vírus exterminadores de bactérias, voltaram a ser utilizados em alguns dos casos médicos mais difíceis, incluindo uma mulher belga que desenvolveu uma infecção com risco de vida após ter sido ferida no bombardeamento do aeroporto de Bruxelas, em 2016. Recentemente, pode-se notar um aumento considerável nos casos de infecções de resistência antimicrobiana em todo o mundo devido a diferentes bactérias como Mycobacterium tuberculosis, Salmonella typhi e Pseudomonas aeruginosa. 

Esse fator resultou em um enorme interesse das empresas do ramo na fabricação de produtos químicos, produtos biotecnológicos e produtos alimentícios. Os esforços da indústria para liberar o potencial de bacteriófagos no biocontrole alimentar vem recebendo atenção generalizada, visto que, seu controle de doenças transmitidas por alimentos em várias partes do mundo causadas pelo consumo de produtos contaminados é uma aplicação promissora.  

Essas aplicações têm emergido como intervenções naturais eficazes para reduzir o risco de contaminação de patógenos entéricos em produtos de commodities. Assim, a demanda por vários bacteriófagos está aumentando em refeições prontas como frutas, vegetais frescos e laticínios para suas reações antibacterianas.  

Pesquisas implacáveis sobre a compreensão da microbiologia phage abrir implicações dessas espécies, como na descoberta e desenvolvimento de medicamentos. Historicamente, os pesquisadores observaram o papel na limitação da atividade bacteriana, mas o estudo sobre phages não pôde marcar a genômica bacteriana.  

Nos últimos anos, houve ressurgimento do interesse em pesquisas em todo o mundo por seu papel crítico na genética dessas bactérias e principalmente, da biologia molecular como um todo. Sendo entidades mais abundantes na biosfera, essas espécies continuarão influenciando a ecologia do nosso planeta de várias maneiras, e pesquisas sobre elas ajudarão os cientistas a decifrar o mecanismo para a química básica da vida. Atualmente, passos rápidos estão sendo feitos pela biologia molecular lançando luz sobre o mecanismo subjacente à sua evolução, como estudo de sequências genômicas de suas células hospedeiras.  

A partir de tais observações, descobriu-se várias aplicações terapêuticas promissoras de bacteriófagos. No plano de fundo da crescente prevalência de cepas bacterianas altamente resistentes, existem antibióticos em populações de pacientes em todo o mundo com potencial líticos dos quais estão tornando-se intensamente reverberados, pesquisados e discutidos. Isso abriu uma avenida totalmente promissora na ciência médica, na área de terapia hospitalar que tem por função combater micróbios resistentes a medicamentos.  

Há um enorme interesse da comunidade médica, especialmente nos EUA por trás dessas funcionalidades e aplicações. Para se ter uma ideia, este ano, médicos de um hospital nos EUA usaram essa técnica para tratar – com sucesso, um paciente diagnosticado com infecção múltipla de bactérias resistentes a diversos medicamentos. Este evento agitou o interesse entre a academia e várias empresas para alavancar a tecnologia de uso de bacteriófagos específicos para terapia sob medida. Uma empresa de biotecnologia, Adaptive Phage Therapeutics, se uniu ao Hospital Nacional infantil – Main Hospital para desenvolver um grande repositório de bacteriófagos, esse grande ensaio clínico é esperado em um futuro não tão distante. Tais esforços exploraram as eficiências clínicas e a taxa de resposta terapêutica da técnica bacteriófago, especialmente no ramo da pediatria. 

Todos os dados colhidos no relatório oferecem uma avaliação granular de várias tendências que moldam oportunidades em vários mercados regionais para esse núcleo. O estudo analisa caminhos promissores em regiões chave. Indo de encontro, a prevalência de infecções resistentes a antibióticos e os esforços da indústria para desenvolver oleodutos medicamentosos baseados na terapia de phage, que poderão apresentar caminhos lucrativos substanciais em regiões já desenvolvidas. Esses esforços serão alimentados pelos rápidos avanços que estão sendo feitos em biotecnologia e genômica.  

Enquanto ocorrem essas investigações acadêmicas, espera-se que economias em desenvolvimento, como no Brasil, sejam apoiadas pelas iniciativas governamentais para desenvolver infraestruturas de biotecnologia. Um número crescente de empresas no mercado de bacteriófagos está focado em atender às necessidades das comunidades médicas, desenvolvendo novas terapias baseadas em bancos de phage virulentos geneticamente modificados em várias partes do mundo e, isso somente poderá ser expandido com a colaboração médica global, tal como durante a crise epidemiológica da Covid 19. A expectativa está alta e provavelmente veremos resultados bem antes do esperado. 
Fonte: Pesquisa TMR (tmrresearch.com)

Autor:

Adriano da Silva Santos, Jornalista

2 COMENTÁRIOS

  1. As informações são bastante positivas. Esperamos que no futuro sirvam e que seja de acesso da população menos abastada também. Torcemos.

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