VEGANO: Admirável Mercado Novo

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Nicho Vegano Cresce Mirando Defensores dos Animais e Consumidores em Busca de Uma Vida Mais Saudável e Sustentável

Nicho Vegano Cresce Mirando Defensores dos Animais e Consumidores em Busca de Uma Vida Mais Saudável e Sustentável

Quando Bruno Barbosa e Marcela Izzo abriram as portas do seu “açougue” vegano (em dezembro de 2016), não acreditaram no que seus olhos viam. Uma fila começava a se formar.

O casal – ele publicitário e ela arquiteta – havia divulgado na imprensa que inaugurariam o “No Bones” em São Paulo, mas o interesse superou as expectativas. “O mais surpreendente foi a quantidade de itens que cada um pedia”, diz Bruno.

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Ele lembra que o quarto cliente perguntou quantas caixas de coxinhas de jaca havia na geladeira e comprou todas por R$ 5,90 cada. Logo depois, outro levou 30 hambúrgueres vegetais – feitos de feijão-preto e ervilhas – e o estoque da loja acabou em 3 horas.

Hoje, a No Bones (“sem osso” em português) fatura cerca de R$ 40 mil por mês e, como a procura tem batido no máximo da capacidade de produção, o faturamento estacionou.

Dessa forma, a fim de ampliar as vendas, os fundadores mobilizaram seus familiares para ajudar com o negócio e alugaram um novo espaço para instalar uma cozinha maior.

Dali sairão os produtos que abastecem tanto a loja quanto a 1ª franquia, inaugurada em Niterói (RJ) no final de 2017. Agora, os “açougueiros verdes” estudam novas lojas que exigirão investimento de R$ 120 mil a R$ 160 mil, dependendo da cidade e eles esperam que a receita cresça 50% no próximo semestre.

O ritmo de expansão indica o potencial do mercado vegano que, segundo a Sociedade Vegetariana Brasileira, já possui 5 milhões de consumidores. E, para atender esse público, há um número crescente de empreendedores investindo em modelos de negócios que oferecem itens sem insumos de origem animal.

Isto é, de roupas a rações para pets; de cosméticos a artigos de limpeza. Em 3 anos, a SBV atestou 200 produtos de empresas que atendem às exigências dos veganos.

Essa é uma exigência mundial, pois no Reino Unido, por exemplo, em uma década o número de veganos aumentou de 150 mil para 542 mil. Nos EUA, somente nos últimos 3 anos a população vegana quadruplicou e representa 6% dos americanos.

Especialistas acreditam que o veganismo vêm ganhando adeptos por 3 motivos: (a) percepção de que uma dieta com muita carne é prejudicial; (b) repúdio ao tratamento aos animais pela indústria; (c) preocupação com a sustentabilidade do planeta.

E, como consciência ambiental não é exclusividade dos veganos, os negócios responsáveis e sustentáveis atraem uma parcela de pessoas atentas à procedência dos ingredientes da produção. Estima-se que até 70% delas desejem ter um estilo de vida mais saudável, sem necessariamente seguir a cartilha do veganismo.

O Sebrae afirma que, embora nem sempre os produtos veganos sejam mais saudáveis do que os convencionais, a percepção ajuda bastante esse nicho de mercado.

Para o engenheiro de software Victor Ramos isso impulsiona empreendimentos como o dele, o e-commerce VegPet. “Queremos atingir donos de pets que desejam dar aos bichinhos uma alimentação mais saudável, 100% vegetal, sem corantes ou conservantes”, afirma ele.

A ideia da VegPet nasceu da dificuldade de achar uma ração de base vegetal para seus 2 cães e, depois de muito buscar, finalmente ele encontrou um fabricante no interior de São Paulo. Vegano, ele resolveu investir R$ 2 mil na montagem de um site somete para revender o produto.

Em 2015 Victor largou o emprego numa empresa de tecnologia para se dedicar ao empreendimento, usando suas reservas financeiras para manter os boletos em dia até o negócio decolar.

Mas o dinheiro acabou antes do prevista o ele teve de vender o carro e fazer ginástica para bancar o orçamento. O sufoco durou até 2016, quando o fundo Bossa Nova – conhecido por apoiar startups – aportou R$ 290 mil na empresa.

Com a grana, ele pode criar um produto próprio e a ração para gatos e cachorros Bicho Green. A embalagem desse produto não utiliza a palavra “vegano”, ela apenas informa tratar-se de um produto 100% vegetal e isento de aditivos artificiais.

Essa é uma estratégia de marketing a fim de evitar radicalismos e tentar atrair um público maior do que o adepto ao veganismo.

Mercado de Trabalho

Embora esse ainda seja um segmento para certos profissionais, a perspectiva é positiva, pois conforme algumas consultorias de RH as oportunidades na área vão crescer, uma vez que existe uma tendência de avanço dos negócios que não exploram animais.

Esse é o caso da Superbom, pioneira no segmento vegetariano que decidiu investir robustamente no público vegano. Em 2015, ela lançou a primeira linha de queijos sem leite – dos tipos prato, parmesão e mozarela, à base de amido de batata e concentrados de cenoura e abóbora.

“É preciso estar atento ao consumidor para saber o que ele deseja, antecipando tendências”, disse David Oliveira – gerente de marketing da Superbom, que tem mais de 25 mil pontos de vendas no país e emprega 160 mil pessoas.

Conforme ele a procura pela linha vegana aumenta 20% ao ano, exigindo ajustes na estrutura de produção, além da contratação de novos funcionários. Dessa forma, quem pretende atuar nesse segmento pode ficar tranquilo, pois não é obrigatório abrir mão de insumos animais.

Raramente os recrutadores exigem que o trabalhador seja vegano e, segundo empresários do ramo, o perfil ideal é o do profissional conectado com os valores da organização, como a crença nos benefícios da alimentação saudável e a busca pela sustentabilidade.

A Lola Cosméticos – fabricante de produtos de higiene e beleza do Rio de Janeiro – emprega 300 pessoas e prevê de 30 a 50 novas contratações no 1º semestre de 2018. A empresa usava insumos animais até 2014, quando seus fundadores resolveram transformar o negócio.

Como já não faziam testes em animais, mexeram nos insumos de xampus, condicionadores e finalizadores. De lá para cá, a companhia passou a usar só matérias-primas vegetais e minerais.

Hoje, os 100 itens vendidos são veganos, como a manteiga vegetal para hidratar os fios e o gel à base de óleo de coco. “Essa decisão nos deixou mais alinhados com nosso público e ajuda a atrair quem compartilha de nossos valores”, disse Dione Vasconcellos, sócia-diretora da Lola Cosméticos.

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