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segunda-feira, 25 de março de 2024

Sistema prisional

Para a sociedade o sistema prisional nada mais é que uma instituição criada e mantida pelo Estado para abrigar pessoas comprometidas com a justiça.

Regimes, mais rígidos ou mais brandos, de acordo com os crimes cometidos e fazem jus, ou não, a progressões de regimes.

Trabalham nas unidades prisionais pessoas concursadas.

Também é visto como um depósito de pessoas que merecem estarem lá e que não tem conserto, comem, bebem, recebem atendimentos médicos e jurídicos, tudo a custa do dinheiro do povo e muitas vezes sendo atendido na área da saúde, mais rapidamente do que aqueles que chegam a morrer na fila do sus.

Fazendo uma análise do que se vivencia por detrás dos muros de uma unidade prisional, vamos encontrar outros aspectos importantes que deverão ser observados.

Existem paredes frias e tristes, onde um ser humano que agiu por impulso, por vingança, maldade mesmo e que não soube controlar as suas tendências menos dignas, executou o que achava certo e foi parar ali.

Tudo o que não quis ouvir e assimilar repassado por seus pais, cuidadores, familiares, professores, enfim pessoas que só queriam o seu bem e se tivesse absorvido todos esses cuidados teria evitado um ato irreversível, agora precisa obedecer às regras das unidades prisionais, vindas de pessoas estranhas e não se rebelar para não agravar a sua situação.

E agora? É ele e o mundo. Se é primário, adolescente, o pavor, o medo toma conta do seu coração.

Se é reincidente, vê tudo se repetir.

Eles que diziam para aqueles que os alertavam das consequências que poderiam advir dos atos que estavam realizando:

_ A vida é minha, eu faço o que eu quero, ninguém tem nada a ver com isto.

Será?

Ele arrastou consigo todo um histórico de dor, as vítimas e os seus familiares, muitas vezes, por motivo torpe que poderia ter sido evitado.

E aquela família que não quis ouvir e que agora está chorando? Muitos entram em depressão, se endividam para pagar um advogado, viajam distâncias enormes carregando sacolas, crianças e uma carga de dor, desespero, vergonha, constrangimento de ter que se submeter as normas para poderem adentrar para a visita.

Agora ele chora arrependido, sente saudades até do cachorrinho que chutou quando estava “vivendo a vida”, exige a visita daquela companheira que rejeitou, maltratou, do filho que rejeitou, sente falta da comida da mãe que chegava a estragar esperando por ele,… vai arrebanhando pessoas como se as comprasse no supermercado, se fazendo de vítima da sociedade.

Celas superlotadas , realizando as suas necessidades fisiológicas ali, sem o mínimo de privacidade, sente dor, frio, medo, muitas vezes remorso, culpa, ou não, mas muita raiva, revolta dos funcionários, do sistema, não admitindo que a falta de responsabilidade foi sua, apenas sua.

Famílias inteiras cumprem pena junto com ele, pois ficam a mercê dos seus pedidos e vontades.

Crianças sendo geradas sem a menor responsabilidade, já as condenando aos preconceitos sociais, jovens envolvidas na criminalidade e sendo também encarceradas em nome do amor , abarrotando as unidades prisionais femininas.

Preconceitos, humilhações, crianças tristes, revoltadas ou apáticas. Esta é a vida dos familiares dos sentenciados.

E quanto ás vítimas? Os seus familiares são condenados a carregarem a dor do horror da perda do ser amado, muitas vezes ocorrido com requintes de tortura.

O valentão, o rebelde, agora chora, muitas vezes com medo e ter que se sujeitar ao convívio de mais valentões que ele e obedecê-los.

E aí, valeu a pena?

Vidas jogadas fora, 20, 30 anos, por um segundo de valentia.

Suicídios ocorrem dentro das unidades prisionais, mortes de diferentes formas, vinganças,…

Quanto aos servidores?

Ambiente insalubre, físico e psicológico, é horrível, mexe com o emocional, não tem jeito, por mais que se diga que não, infelizmente, mexe. È impossível trabalhar neste ambiente e continuar sendo a mesma pessoa.

Convivências difíceis, grupos fechados se formam e cada um vai ficando individualista, “dançando conforme a música” para se encaixarem nos grupos ou apáticos, desenvolvendo muitas vezes, doenças psicossomáticas como depressão, síndrome do pânico, ansiedade, insônia, medo, ou ficam sarcásticos, violentos, irônicos, os mais tímidos se fecham e sofrem rejeições e críticas, violentos, ambições desmedidas, concorrências, maledicências, alcoolismo, suicídios e, as vezes, deixam aflorar as suas tendências menos dignas e cedem ao crime.

Quantos servidores já vivenciaram, ou estão vivenciando seus familiares envolvidos na criminalidade e ter que se sujeitar as normas para adentrar na unidade prisional, normas estas que são o seu cotidiano de trabalho, também sentindo na pele os preconceitos e a dor que os visitantes sentem.

Atrás de uma parede prisional existe muito mais do que a sociedade imagina, famílias são desfeitas, crianças infelizes e desencantadas com aqueles que deveriam ser o seu alicerce, crianças nascidas em uma cela já vivenciando todo o horror daquele ambiente, pois a mãe está encarcerada. Pais íntegros que trabalham honestamente no sistema prisional ou em outra localidade, se vê de repente em meio a toda essa desesperança. Famílias perdendo os seus entes para a criminalidade ou para a morte por motivos torpes e com certeza, evitáveis.

E aí?

Critica-se o sentenciado, os corruptos, mas o ser humano também “mata” o outro, todos os dias com rejeições, quando aponta o dedo para ele e esquece de apontar para si, quando submete o outro as suas vontades, caprichos, quando em nome do amor que diz sentir  por ele  vai minando a sua autoestima, quando o induz, se aproveitando de alguma brecha que indique alguma tendência menos digna, ao crime, a atos que o outro vai executando e quando se dá conta também está encarcerado.

Atrás das grades perde-se a vida , sonhos, sente-se culpa, remorso , ou não, cultiva-se a maldade, aumentando cada vez mais o seu comprometimento com a justiça.

Parar para pensar, refletir, se autoconhecer é o caminho reto e seguro.

Respeito ao colega de serviço, empatia é também o caminho reto a seguir.

Autora:

Teresa Armando Elios da Silva

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