A metáfora do “teatro do engano” facilita entendermos o frequente dualismo entre o discurso e o ato, quer dizer, entre o que falamos e o que fazemos. Um ator profissional separa cuidadosamente sua vida real – a do dia a dia, de pai, de filho, de esposo ou esposa – e o papel que treina para representar no palco, diante da platéia. Esse dualismo faz parte da sua profissão.
Quanto aos outros seres humanos, a necessidade de firmar-se no mundo competitivo e inseguro no qual vivem, pode levá-los a se comportar de maneira similar a um ator profissional. Todos nós vivemos em busca de algum objetivo, pode ser o de apenas buscar alimento e abrigo, quanto incontáveis outros desejos, típicos da sociedade moderna. Nessa busca permanente por resultados de nossas escolhas, lançamos mão dos recursos de convencimento, elaborando discursos cativantes para ganhar aplausos e conquistar aliados ou mesmo discípulos.
Nos dias atuais com a disseminação das chamadas “redes sociais” o problema da dissimulação tornou-se crônico. Nunca se sabe o que uma pessoa é pelo que exibe no Facebook, no Instagram e até no WhatsApp. Gente relativamente pobre se passa por rica, as pessoas que se acham feias, retocam as fotos que exibem. Como tudo que é humano, as redes sociais estão povoadas por gente de toda espécie, ladrões de dados acham ali um terreno repleto de tesouros; os solitários e tímidos se exibem sem pudor nas páginas de suas comunidades virtuais. Não há estatísticas, mas provavelmente falsos perfis se misturam em grande quantidade aos perfis autênticos. Alí, as pessoas flertam, namoram, marcam encontros virtuais e disseminam fofocas e casos privados. É uma sociedade paralela à realidade, onde ocultar a verdadeira personalidade fica extremamente fácil.
Há também a questão dos “boatos”, chamados de “fakenews”, um anglicismo que popularizou-se, principalmente nos meios políticos. Os criadores desses boatos querem que uma versão de “verdade” seja espalhada e usam grupos das redes sociais para atingir seu intento.
Justamente na era em que informações e conhecimentos úteis podem ser facilmente acessados, ao mesmo tempo e por uma trágica contradição, mais e mais boatos e noticias falsas se espalham como incêndio numa campina seca. Outra questão é a corrida para ter sucesso, (dizem “likes” ) e ganhar muito dinheiro. Os chamados youtubers estão na moda e entre eles há uma frenética corrida para ver quem tem mais seguidores.
Nessa busca por acessos e seguidores que darão gordo retorno financeiro, muitos youtubers lançam mão de sensacionalismos, assuntos bizarros e quanto mais polêmicos, ou fora do normal, mais conseguem visibilidades, mais fama e consequentemente mais faturamento, já que o provedor paga por milhagem de acessos.
Na continuidade do tema, iremos, na próxima semana, postar histórias das redes sociais que se tornaram escândalos e manchetes na mídia – e outros nem tanto – sobre esse “teatro do engano” que se tornou boa parte das redes sociais.
Autor:
Abel Aquino
Infelizmente cada dia mais as pessoas querem mostrar que tem uma vida, que na verdade não passa de simulações… E o pior que há pessoas que acreditam nisso e querem “ser iguais” a essas pessoas..