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sábado, 16 de novembro de 2024

Sem Prazo

Sem prazo.

Assim vivia Luís Felipe.

Talvez não tenha sido uma escolha consciente, mas foi uma escolha de seu ser, de ser assim.

Procrastinar até o último momento era sua cultura, religião e política pessoal.

Curiosamente, raras foram as vezes em que ele se deu mal por isso.

Talvez, inclusive, seria justamente por não se dar mal que ele continuou a seguir esse caminho por tanto tempo.

Seus próprios horários, seus próprios esquemas e sua própria organização.

Sempre, claro, sob os gritos apressantes de qualquer que fosse o responsável por supervisionar o garoto.

Inteligente, sempre.

Desinteressado, também.

Enquanto fazia suas atividades, buscava tempo para o devaneio.

Ah, o devaneio…

Tão importante para a mente de uma criança que não queria estar onde está.

Tão importante também, para o adulto que quer voltar para onde essa criança queria fugir.

Hoje, Luís Felipe cresceu.

E segue sem prazo.

Sem prazo para arrumar um emprego, sem prazo até pra acordar nas manhãs.

O único prazo que segue é o horário em que a lotérica fecha.

E nem esse é seguido à risca.

Não se preocupem, porém, pois para Luís Felipe tudo segue bem.

Afinal, ainda tem seus devaneios, por onde pode passear…

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