(RODRIGUES, Tiago Nogueira Hyra Chagas. Entre faltas e oportunidades: ONGs e prevenção da violência).
O referido artigo fomenta a análise dos discursos e práticas dos educadores atuantes em organizações não governamentais (ONG’s) da cidade de Florianópolis/SC, cujo objetivo seria retirar as crianças das ruas e conceder oportunidades através da educação. Segundo o autor, estas ações podem ser entendidas como uma manifestação social da comunidade como meio de atuar a contribuir para combate a violência, sem afetar-se com a crise das instituições. Tais crises (que em não raras oportunidades freiam os trabalhos de várias entidades) passam ao largo das referidas ONGs que atuam na educação infantil. Conforme o presente artigo, o entendimento do conceito de violência reflete nas soluções apresentadas pelos agentes atuantes nesta área e ainda, no aspecto moral com que atendem a comunidade e suas demandas.
A construção do artigo flui a partir da observação de duas ONGs atuantes na área de educação infantil/juvenil e como atuavam preventivamente junto aos que estavam expostos às mazelas e vulnerabilidade sociais em Florianópolis/SC. A discussão do referido artigo é proposta diante do seguinte problema: “Como a sociedade civil se mobiliza para prevenir as violências? O que fazem efetivamente ONGs e projetos sociais para atingir este fim?”. Destarte, o objetivo principal do artigo efetivou-se em apresentar os cenários e a atuação das Organizações não-Governamentais ante a população carente, assim como a relevância dos seus serviços prestados na prevenção da violência.
Na introdução, o artigo apresenta uma explanação acerca das ações sociopolíticas e pedagógicas das ONGs que tem por objetivo “retirar as crianças da rua e dar oportunidade”. O autor conceitua a “rua” como criminalidade e violência, e a partir disto busca proporcionar a compreensão de que diante da ineficiência e sucateamento do Estado, muito pode ser feito em favor da comunidade para a prevenção da violência, assim como ocorre nas ONGs. No estudo de caso na cidade de Florianópolis, as instituições em lide ofereciam diversos serviços à comunidade (creche para as crianças de 0 a 6 anos, e educação complementar aos que possuíam de 6 a 16 anos), atividades artísticas, prática de esportes, assistência odontológica e ainda possíveis articulações para encaminhamento para emprego. De acordo com o artigo, a atuação das organizações junto aos carentes minimizava a “falta” daquilo que os indivíduos não tinham acesso. As situações de extrema pobreza relatadas pelos agentes atuantes nas ONGs eram combatidas com o incentivo, a inclusão, a profissionalização, o aconselhamento e a estimulação do protagonismo. Para o autor, “dar oportunidade” remete a concessão de uma educação de qualidade, acesso à cultura, ensino de valores sociais e valores morais.
O resultado principal alcançado neste artigo foi a ampliação da visão sobre a atuação dos agentes das ONGs, que fazem suas intervenções juntos as crianças/jovens não apenas no sentido de dirimir as situações de violência, mas sim, apresentando questões éticas, morais, novas possibilidades, capacitando profissionalmente e intervindo junto às famílias. Segundo o autor, o papel destes agentes é relevante na missão de afastar as crianças/adolescentes do mundo do crime, apesar não suprirem plenamente o abandono do Estado e a não efetividade das políticas públicas.
O artigo mencionado é de alto grau de importância, uma vez que permeia assunto tão relevante à sociedade. Entendemos que há vários atores que contribuem diretamente com o combate a violência, maximizando e até mesmo “fazendo valer” as políticas públicas do município. A atuação das ONGs como manifestação social em prol da coletividade é uma ferramenta muito preciosa que em muito pode contribuir com a área da Segurança Pública. A leitura do artigo é recomendada para profissionais envolvidos com a Segurança Pública e para os demais interessados acerca desta temática.
REFERÊNCIAS
RODRIGUES, Tiago Nogueira Hyra Chagas. Entre faltas e oportunidades: ONGs e prevenção da violência. Revista Brasileira de Segurança Pública, São Paulo, v. 11, n. 1, p. 130-147, Fev./Mar. 2017.