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sábado, 16 de novembro de 2024

Enquanto ele Tenta

Ele já estava tentando há um tempo.

Na verdade, ele já tentava há muito, mas muito tempo mesmo. 

Mais tempo do que ele conseguia se lembrar. 

O que ele tentava?

Pouco importa.

O que importa é que ele tentava.

E não conseguia.

“Uma hora vai”, sua mãe sempre dizia. 

Mas para Augusto, essa hora nunca parecia chegar. 

E cada vez mais, ele se sentia como o ponteiro imóvel de um relógio quebrado. 

“Uma hora vai!”, sua mãe reforçava. 

Sua mãe, Cláudia.

Cláudia, que é quem se lembra dos mais diversos problemas que Augusto teve ao longo de sua vida.

Mais do que ele mesmo. 

E sabe também que tudo se resolveu com o tempo. 

“Tenho certeza que vai dar tudo certo.”, ela dizia.

E a certeza de uma mãe nunca falha. 

Muito menos de Cláudia.

Era ela quem dizia que tal brincadeira ia dar errado, ou que Augusto iria mal na prova se não estudasse. 

Que levasse um casaco, pois era bem possível esfriar durante a noite em que ia dormir no amigo.

Que ele não deveria ir dormir no amigo, pois tinha problemas em dormir sozinho e só ia atrapalhar a noite de sono dos pais de seu colega.

E ela sempre tinha razão. 

Sempre.

Se ela teria razão sobre Augusto e suas tentativas sem fim?

Difícil saber. 

Mas ela está lá, como sempre esteve enquanto ele aprendia a ser gente. 

Ela está lá….

Enquanto ele tenta. 

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