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terça-feira, 23 de abril de 2024

A COVID E O MITO.

Assim diz o SENHOR: Ponde-vos à margem no caminho e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho; andai por ele e achareis descanso para a vossa alma; mas eles dizem: Não andaremos. (Jeremias: 6:16).

Até o momento em que escrevíamos este artigo, a Covid -19 já tinham mais de 10 milhões de infectados no Brasil, só em São Paulo, o vírus já assinalou mais de 60 mil mortes. Em meio a tudo isso, o Senado redige à PEC que garante a volta do Auxílio Emergencial, o qual; trata de formas paliativas, a fome, a miséria, e tenta passar uma imagem de “amparo” frente ao caos, sentido pela economia, bem como; nos mais diversos setores da sociedade.    Neste cenário, os pastores das Igrejas pressionam, e o governador de São Paulo, num ato populista e politiqueiro, usa a fé, como um objeto político – eleitoral tudo isto, apenas para mencionar em que grau, os interesses de igrejas, pastores e seus lucros, impelem às decisões de um governador alardoado pelos acontecimentos que estão regendo, o Brasil e o mundo.

“Zico tá no Vasco com Pelé”, “Minas importou do Rio, a Maré”, “Beijei o beijoqueiro, na Televisão” “acabou-se à inflação”, “Barato é o amigo da barata”, “Amazônia preza sua mata”.

Talvez, você possa pensar: “esse cara endoidou!” De maneira nenhuma!

Mas, ainda que Zico, nunca jogou no Vasco com Pelé… E muito menos, a Amazônia preze à sua mata, estamos vivendo diante de dois mundos diferentes, dois polos existenciais e dois hemisférios a cortar o mito e a realidade, o real e o ideal, a Covid e o mito.

Temos um país dividido, entre um Presidente que tenta transformar a realidade em mito, e ao mesmo tempo, bem longe de ser uma realidade, seus afetos e pares eleitorais e políticos, o transformaram, a despeito da realidade em um grande mito. É comum, e isto foi visto, nas idas do presidente ao encontro de seus pares políticos, nos finais de tarde, o saudarem na porta do Palácio, e ainda assim; o conclamarem como mito.

Para deixar bem claro, aquilo que estamos dizendo e querendo dizer, de acordo com a Filosofia, mito “São narrativas utilizadas pelos povos Gregos Antigos, com o objetivo de explicar fatos da realidade e fenômenos da natureza”, porém; mito nem sempre é utilizado em seu sentido original, ele também, poderá ser usado; se referindo às crenças comuns, destituídas de fundamentos, objetivo e científico.

É neste sentido, o olhar de nosso escrito. Só para fins de exemplificação, o tema: A Violência contra A Mulher é assunto de debates e discussões, porém; ao falar sobre este assunto, Marilena Chauí; tratando da violência de gênero, dentro de uma premissa histórica e no contexto do Patriarcalismo e manifestação sócia Histórica, salienta o sentido do mito, no sentido de desmistificar e esconder a realidade do sofrimento e preconceitos vividos pelas mulheres, anos a fio, como parte da cultura e desenvolvimento histórico brasileiro, em especial, no Brasil colônia, passando pelo Brasil Imperial, até que cheguemos aos dias de hoje. No que se refere, à Covid-19, mitologizaram-na, principalmente, tratando-a, como uma simples gripezinha, por meio da qual, abalaram-se, todas às estruturas do mundo contemporâneo, e certamente, deixará marcas profundas por longo período futurista. Neste caso, o “mito” Jair Messias Bolsonaro, mitologizou o mito da Covid. Igualmente, que vem da esfera Psicológica, mais especificamente da Psicanálise Freudiana, que poderá nos ajudar a compreender, a postura mítica e perceptiva da realidade, vivenciada por Bolsonaro e seus pares, eleitorais; está no Mecanismo de Defesa, isto é; o Negativismo manifesto na tentativa de não aceitar uma possível “culpabilidade” neste processo pandêmico, em especial, no que se referem às falas de Bolsonaro, tipo:” E daí” o que tenho eu a ver com isto? “ Vacina obrigatória, só aqui no cachorro Faísca”, “Sou o Messias, mas não faço milagre”, estas expressões, nada mais é, do que uma maneira de negação de uma realidade intrínseca e interiorizada. Na negação manifesta na visão psicanalítica, a negação é uma maneira de se autodefender, e o ser humano, os animais, quando atacados e pressionados, negam a realidade, como uma maneira de se defender.

Lembre-se! O mito em aspectos mais amplos, “Ele, o mito poderá ser usado, se referindo às crenças comuns destituídas de fundamento, objetivo e científico. Quem mais fez da Cloroquina um mito, como o Presidente Jair Messias Bolsonaro? Quem mais fez da Vacina Chinesa um mito, como o nosso Presidente? E, quem mais tenta passar uma realidade inexistente, como Bolsonaro e seus ministros? A despeito disto, é preciso lembrar, que o mito da Covid-19, promoveu à queda de dois ministros da saúde, quebrou a economia, sacrificou milhões de vidas, e Levou à óbito, milhares delas.

Se Roberto Avallone estivesse vivo, diante disso tudo, certamente; ele diria: “Meu Deus!”.

A realidade não mitificada nos remete à verdade personificada, isto é; “Olhai pelas veredas antigas, e perguntai: quais os caminhos direito, uma vez conhecido este caminho, andem por ele”.

Zico nunca jogou com Pelé, Minas nunca importou do Rio a Maré, assim; Bolsonaro jamais reconhecerá à legitimidade da Ciência, como também, nunca abrirá mão de suas “míticas” concepções. [i] Enquanto disserem: “Não andaremos” permaneceremos, sem rumo!

Por: Claudinei Telles dos Santos.


[i] Esse trecho é parte da música: “Pega na Mentira” de Erasmo/ Roberto Carlos.

Claudinei Telles
Telles
O autor é Mestrando em Ciências Educacionais (UNIVERSIDADE LEONARDO DAVINCI - PY). Bacharel em Teologia. (Faculdade Teológica Sul americana - FTSA). Licenciado em: Filosofia, Teologia, História e Pedagogia. E especialista em: Orientação Educacional, Teologia Bíblica, Ciência da Religião e Neuropsicopedagogia. Atuou por alguns anos, no Ministério Pastoral, Ensino de Teologia e Educação secular, nos níveis Fundamental e Médio.

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