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sábado, 20 de abril de 2024

Debaixo Do Sol

“O que foi há de ser; e o que se fez isso se tornará a fazer; nada há, pois, novo debaixo do sol”.

Eis uma expressão com cara de filosofia, embora metafórica, às vezes, emblemática, nada de subterfúgios, nada que nos conduza a mera nostalgia! No embate da vida, nos momentos e experimentos, Salomão busca em seu próprio tempo, respostas sobrepostas, na forma de se ver, no intuito de compreender, os enigmas do saber viver, avistando sem enaltecer, os atalhos para a felicidade.

Debaixo do sol o homem labuta por sua sobrevivência, numa conduta árdua, às vezes; dificuldades sem tréguas. Há muito, que te procuro, há pouco, até pensei te encontrar, porém; meu extenso labutar, meu desdenho pelo amor, o instinto da dor, me ensina a me sobrepor, os elos de um mundo hostil. Parado em meu leito, ás escuras no calar da noite, me pego a pensar, me insisto a me perguntar: Noite, por que o dia foi tão longo? Até parecia que a noite não existiria! Vi pessoas de um lado a outro, desde o simples indouto, questionar em prol da vida, “Senhor afaste de mim este cálice!” como me lembrei da canção! Como beber desta bebida amarga?ii Tão amarga, que até me lembrei da vida! Depois de passado o sol ao final do dia, me retratei de me retratar, me não concordei a me consolar, como desejei-te, noite! A fim de me ver distante deste longo dia. Há noites que parecem dias, e dias que parecem noites. Debaixo do sol, mas no meio da noite, meu leito parecia uma ágora, no tempo da virtude, em meio há questionamentos, meu íntimo me chacoalhava, como quem me dissesse! Acorda! Pense que durante a noite, como uma sentinela, o guarda de Israel não dorme, não tosqueneja! Agora, uma boa parte do mundo descansa como dormem como crianças, desvinculados dos infames problemas durante o dia! Ás vezes; lançar sobre mim a vossa ansiedade é a melhor maneira de fechar os olhos para o dia, de abrir a alma durante á noite, mas não é a noite que os olhos estarão fechados? De certo que sim! Mas quem disse que apenas os olhos se fecham? Se é durante a noite que as portas se abrem! A noite é como uma criança que deita em seu leito, desvinculando-se do mundo, inimagindo o sentido de problemas, é a alma, é o coração, é a mente despreocupada, desvinculada, desconectada, de suas instâncias, relevâncias e suas próprias razões! No meio da noite, ouço o “barulho” em meio ao silêncio, não tinha estrondos estarrecedores, eram apenas os batimentos de um coração acelerado! Tentando tatear os olhos, já lhes escorrendo lágrimas, não lágrimas de dor, mas um lacrimar de amores! Entre eu, e Senhor dos Senhores! Quando me dei por conta, olhei sobre as arestas da janela, parecia à pomba de volta à arca da esperança, retornando assinalando o fim da tempestade! Tão intensa! Tão atroz! Que até parecia que por ela seria eu consumido. O pior já teria passado! De fato, o pior já passou! Quando abri-me os olhos, vi que não passou de um sonho. Uma metáfora, um suadouro em meio à madrugada! Quando me tomei à consciência, percebi que não era nada, foi tudo; apenas um sonho! “Debaixo do sol”.

i Eclesiastes 1:09.
ii Trecho da música “Cálice” (Chico Buarque de Holanda).

Claudinei Telles
Telles
O autor é Mestrando em Ciências Educacionais (UNIVERSIDADE LEONARDO DAVINCI - PY). Bacharel em Teologia. (Faculdade Teológica Sul americana - FTSA). Licenciado em: Filosofia, Teologia, História e Pedagogia. E especialista em: Orientação Educacional, Teologia Bíblica, Ciência da Religião e Neuropsicopedagogia. Atuou por alguns anos, no Ministério Pastoral, Ensino de Teologia e Educação secular, nos níveis Fundamental e Médio.

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