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quinta-feira, 25 de abril de 2024

A Física Humana: O Homem Em Movimento

Quando eu era menino falava como menino, pensava como menino e raciocinava como menino. Quando me tornei homem deixei para trás as coisas de Menino. 1

É fato! O que se movimenta se transforma. A vida é uma sequência de movimentos. Todas as transformações ocorridas na história da humanidade, boas ou ruins é o resultado de seus movimentos. Quantas vezes ouvimos esta exclamação: “Passou tão rápido que nem vi!”, Ou: “O tempo voou!”. Todas estas expressões, nada mais são do que a tônica da vida em movimento, a dinâmica dos organismos e seres vivos. O curso natural da vida, ou seja; “a Física Humana: O homem em Movimento”. ii

O apóstolo Paulo, a semelhança de Jesus; também possuía grandes habilidades metafóricas, muitas foram as circunstâncias por Ele vividas, nas quais; há um uso abundante de metáforas e figuras de linguagem; por exemplo: “Eu sou o Pão da Vida”, “Eu sou a água da vida”, pão não fala e muito menos, água pensa, mas; tanto o pão, como a água, são apenas duas maneiras para se referir á àquilo para o qual, Ele veio ao mundo, isto é; “matar” a fome espiritual do homem e saciar a sede, daqueles que vivem sem Ele. Na “sequidão” desértica da vida humana.

No entanto; ao mesmo tempo em que esconde, nos revela uma grande verdade: “eu era” assim e me tornei, “deixei de ser”. Uma espécie de “metamorfose” existencial. Em contrapartida, ainda que pareça um contrassenso, “pareça” Jesus nos adverte a nunca deixarmos de ser criança, ou melhor; de agir como criança, porque serão estes, que agem como crianças, que pensam como crianças, com a naturalidade e espontaneidade de uma criança sem o desejo por vezes oculto em prejudicar ou causar dano ao outro, que habitarão o “reino de Deus”. Dentro desta perspectiva, Jesus cresceu em sabedoria, estatura e graça. iii Gozou Ele, dos aspectos do desenvolvimento integral. Não somente diante de Deus, como também; diante dos homens. Infelizmente, contrário a toda física em movimento, o crescimento como manifestação dicotômica, ou seja; os crescimentos nos contextos físicos e espirituais, muitas vezes, se opõem. Não se constrói uma grande nação com “pequenos” homens! Não há contrassenso entre estas duas palavras, mas sim; percepções e olhares diferentes, enquanto Paulo constata o processo de transformação humana, de menino a homem, Jesus desvia seu olhar para uma dicotomia, humano-divina “diante de Deus e dos homens”. No entanto, para um leigo em Teologia, pode não ter soado bem estes termos, conquanto, você venha a compreender algo difícil de ser compreendido, ou seja; Jesus era revestido por uma dicotomia existencial (Deus – homem), ele veio habitar entre os homens com a finalidade de nos revelar que ao mesmo tempo em que vivia dentro das prerrogativas humanas, também gozava de uma natureza divina. Para que isto fique bem claro, Ele também era, e é Deus. iv

Entretanto; quando eu era menino, falava (linguagem), pensava ou penso, ou raciocino (cognitiva) e raciocinava como menino. Uma estruturação neurolinguística. Todavia; passando pelas etapas do desenvolvimento, me tornei homem, (adulto) e naturalmente; deixei para trás as coisas de menino.

Paulo, ao escrever á Igreja que estava na cidade de Corinto, se referiu a eles de uma forma depreciativa, observando; que nem sempre o tempo; manifestará do ponto de vista espiritual, um crescer de fato, o que pode ser de direito, nem sempre se transformará em fato! Há grandes anomalias, aspectos contraditórios no desenvolvimento natural das coisas e pessoas. Paulo chama os crentes em Corinto de “crianças em Cristo”, ou seja; o tempo passou, porém continuavam a pensar e agir como “crianças”, notem; que há uma dupla interpretação diante da forma em que se aplica o sentido de “criança” há uma disparidade entre a cronologia e os desenvolvimentos se tornaram anômalas, ou seja; o tempo não corresponde á maturidade. Por outro lado; Paulo segue o curso natural do desenvolvimento humano, “quando eu era menino” falava, pensava e agia, manifestações específicas do desenvolvimento, porém; ao me tornar, chegar e me constituir um homem, atravessando as etapas características do movimento humano, partindo de um ponto a outro, a chegada á idade adulta, tornou-me possuidor de novas manifestações de vida, na vida e pela vida, e isto; me fez abandonar os comportamentos característicos, específicos de uma criança. Dentro da Psicologia do Desenvolvimento, cada teórico, aponta manifestações específicas correlatas ao comportamento infantil, Piaget, com sua teoria Biogenética, Vygotsky, com sua visão Histórico-Cultural; Freud, com seus apontamentos Psicanalíticos, enfim; semelhantemente a vida humana, o desenvolvimento espiritual, também é um movimentar constante do homem, deixando velhas coisas, abandonando velhos hábitos, e angariando novos comportamentos, novas atitudes diante da vida, diante dos homens e principalmente, diante de Deus.v Quem se movimenta se transforma, quem se transforma, adquire, e quem adquire, deixa o passado para trás. Quando eu era menino, falava como menino, pensava como menino e agia como menino, agora, que me tornei homem; deixei para trás, as coisas de menino. Que assim seja!

i 1ª Aos Coríntios 13:08.
ii O sentido inicial da criação do termo “Sociologia” se emana da ideia de uma sociedade em movimento.
iii Lucas 2:52
iv Teologicamente, os termos e definições que dão certificações, desta dicotomia existente e existencial em Jesus, são representados pelos termos: (União Hipostática, e/ou; Dupla natureza de Cristo). Doutrina clássica da Cristologia, a qual aponta para as duas, naturezas de Cristo, sendo Ele, homem e Deus, ao mesmo tempo.
v Romanos 12:01-03.

Claudinei Telles
Telles
O autor é Mestrando em Ciências Educacionais (UNIVERSIDADE LEONARDO DAVINCI - PY). Bacharel em Teologia. (Faculdade Teológica Sul americana - FTSA). Licenciado em: Filosofia, Teologia, História e Pedagogia. E especialista em: Orientação Educacional, Teologia Bíblica, Ciência da Religião e Neuropsicopedagogia. Atuou por alguns anos, no Ministério Pastoral, Ensino de Teologia e Educação secular, nos níveis Fundamental e Médio.

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