(DEPOIS DE LER ESTE ARTIGO, SUA VISÃO ACERCA DO COMPARTILHAMENTO DE ESTUDOS NUNCA MAIS SERÁ A MESMA!)
Que as dificuldades da vida as vezes nos pegam de jeito, isso não podemos negar. Eu mesmo, em meados de 2006, cheguei a pedir dinheiro na rua. Isso mesmo: J. Pinheiro, desempregado, sem recursos, certa vez pediu moedas pela rua: e fui ajudado (yeah!). Há pessoas que são confrontadas com estas situações, após receber ajuda dos caridosos, “elevam sua moral”, colocam suas vidas nos trilhos, e seguem a jornada da existência comum a todos. Afinal, tudo passa nesta vida, inclusive momentos ruins.
Mas infelizmente há pessoas que veem, na ajuda recebida, uma maneira pusilânime de sobreviver. E mais que sobreviver, uma maneira de gozar a vida sem muito esforço mesmo. Nas ruas, fazem do contribuinte como refém, que acaba cedendo de seu suor, para que não tenha que ceder sangue em uma facada ou golpe qualquer. Ou mesmo para que não sinta peso na consciência pelo mendigo ter afirmado que “a sorte de quem tem, é o azar de quem não tem”. De passagem digo: puro sofisma, conversa de mendigo, mas tudo bem.
Como assim mendigo????
A palavra mendigo[1] é originária do latim “mendicum”, da raiz “menda”: “que tem defeitos físicos”[2], e no passado vivia de caridade. Neste sentido, observa-se que segundo o dicionário Michaelis (2020), mendigo é “o indivíduo que vive de pedir esmolas” (MICHAELIS, 2020). Diante desta evidência etimológica, não se faz adequado tomar o termo mendigo como sinônimo fiel para todo indivíduo que estiver morando nas ruas, por exemplo, mas sim à aquele que pede. Neste sentido, Reis, Prates e Mendes (1995) afirmam que mendigo é aquele que pratica mendicância, esmola ou fica a mercê de ajuda nos espaços públicos. Portanto, ao contrário do que se pensa, não há relação indissolúvel com falta de recursos e pobreza. Nascimento (2021), citando Stoffels (1977), afirmou que há quem a autora chame de “mendigos profissionais”, aqueles que fazem da mendicância um meio profissionalizado de prover sustento, de modo que em muitos casos, tais pessoas possuem casas, móveis, bens a as vezes até carros. Estes profissionais da mendicância usariam da solidariedade alheia como uma maneira espúria de arrecadar dinheiro, como se de fato fosse um emprego lícito.
Mendigos profissionais, via de regra, não se esforçam de maneira alguma, mas desejam os resultados de quem se esforça: faltam-lhes ética e altruísmo. Vitimizam-se e reclamam que estão prejudicados pelo sistema. Contraditoriamente, são vistos alegres, bebendo, fumando, comendo, e até gozando de alguns prazeres às custas do contribuinte, que por sua vez ajudou por compaixão, pena, medo, por meta da ONG, ou mesmo para ver o sujeito ir embora rápido.
o concurseiro mendigo
A realidade contextualizada acima pode se transformar em alegoria para melhor compreensão de outros cenários da vida estudantil. Nos concursos públicos, esta realidade não é diferente! Você vê pessoas diariamente dando duro, estudando, fazendo exercícios, resumos, passam madrugadas em claro lutando contra Morpheu (deus dos sonhos na mitologia grega), tudo para subir um degrau na carreira profissional. Mas não muito longe, lá está ele: o concurseiro mendigo.
O CONCURSEIRO MENDIGO não dá 10% de esforço legítimo, mas quer 110% de resultado, ou melhor: DO SEU RESULTADO CARO LEITOR. Ele não planta nada, mas quer colher. Observa diante da oportunidade de “dar o chapéu” nos colegas uma chance de vencer na vida. Inventa horas extras, dores, doenças, tragédias familiares, tudo para não estudar, não se dedicar, não estar nas aulas, enfim, não pagar o preço.
De maneira controversa, no Instagram e nos status das demais redes sociais, são muitas suas postagens de ostentação: ele sai, viaja, “sextou” no bar, boate, churrasco e até na praia. Momentos depois ele quer que você, “o contribuinte do próprio conhecimento”, pague pela vadiagem do descompromissado.
Ele te liga ou manda mensagem pedindo que você envie seus materiais, esquemas, croquis, acrósticos, bizus e fotos de cadernos que foram suadamente copiados à mão. Sei que há exceções, colegas sofridos de verdade. Eu mesmo já fui ajudado várias vezes, mas não fiz disto um pote de ouro. Fui grato, recuperei minha força/organização e segui. Quando posso, sempre ajudo ao outro também. Falamos aqui dos inescrupulosos por opção mesmo.
Que sujeito manso… Ou melhor, folgado!
Além de pertencer à classe dos hematófagos, o indivíduo é folgado: mal agradece, não ajuda ninguém, nunca contribui com nada, e depois diz que alcançou sozinho, “ralando”. E se por um acaso você não der o que ele te pede, coloca a culpa em você pela tragédia Matrix que ele vive. No fundo é um mentecapto egoísta. Por isso, não podemos ter pena de pessoas que ficam buscando desculpas esfarrapadas para não estudar, para não ter compromisso. Não tenha pena destes calhordas.
Destarte amigo leitor, você que está suando a camisa e os dedos na batalha dos concursos públicos, deve filtrar quem te pede ajuda, matérias, etc. Isto, para que por fim não esteja carregando “concurseiros mendigos” nas costas. Afaste-se destes tipos de pessoas. São parasitas que sugam suas forças, sua seiva estudantil. NÃO TENHA MEDO DE DIZER NÃO A ESTES CALACEIROS.
E você? O que vai dizer àquele (a) amigo preguiçoso quando te perguntar: “e aí fera, manda seu caderno pra mim???”. Deixe nos comentários aqui em baixo!
Desejo a todos bons estudos. Abração, e até a próxima!
Prof. Júlio César Pinheiro
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[1] Disponível em: https://origemdapalavra.com.br/?s=mendigo. Acesso em 01 Jan. 2021.
[2] Como esta ocorrência em épocas antigas implicava em que a pessoa não teria meios de ganhar bem a vida, o significado adquiriu a conotação de “pobre” e depois a de “pessoa que vive de caridade”. Existem Ordens Mendicantes na Igreja Católica, que começaram com a ideia de serem sustentadas pela comunidade. Disponível em: https://origemdapalavra.com.br/palavras/mendigo/. Acesso em 01 Jan. 2021.
REFERÊNCIAS
MICHAELIS moderno dicionário da língua portuguesa. São Paulo: Melhoramentos, 2020. Disponível em: http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=mendigo. Acesso em 01 Jan 2021.
NASCIMENTO, Júlio César Pinheiro do. A igreja cristã e a segurança pública: A contribuição da Igreja para a Segurança Pública, através de intervenções com indivíduos em situação de rua, no contexto brasileiro, com destaque em Minas Gerais. Dissertação/Projeto (Mestrado em Teologia). Faculdades Batista do Paraná, 2021. Orientadora: Prof. Dra. Marivete Zanoni Kunz
PRATES, J. C.; PRATES F. C.; MACHADO, S. Populações em situação de rua: os processos de exclusão e inclusão precária vivenciados por esse segmento. Temporalis, Brasília, ano 11, n.22, p.191-215, Jul./Dez. 2011.
STOFFELS, M. G. Os mendigos na cidade de São Paulo: ensaio de interpretação sociológica. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.
E vocês amigos: conhecem algum concurseiro mendigo?
Adorei a forma como você escreveu interagindo com o leitor.
Texto muito legal ! O concurso se apresenta como uma boa oportunidade para milhares de pessoas, por isso, todo mundo conhece um concurseiro mendigo. Essa é a realidade.
Eu nunca nego o meu caderno. Dessa forma me sinto como um grande filantropo!
Adorei o texto! Expõe a realidade que muitos desconhecem. Conheço vários assim!
ótima exposição e análise da realidade de muitos hoje em dia.
Excelente, mudou minha visão, conteúdos como esse só agrega nossos conhecimentos.
Magnífico..
De modo geral aprendi a detestar avareza, sei que parece um discurso de teóricos de prosperidade, mas já vi pessoas assim , não sei se encaixam nos casos mas só querem receber , pegam apostilas de um de outro , pra não gastarem , até se esforçam , estudam mas tem esse defeito ,
Meu REI, melhor professor que ja tive, capacidade fora do normal, como sempre!