17.8 C
São Paulo
sábado, 7 de setembro de 2024

A taça de cristal

Capítulo Cinco

O relógio marcava pouco mais de três horas da madrugada quando o ônibus finalmente encostou na plataforma de desembarque… Cecília estava meio sonolenta e demorou um pouquinho para processar onde se encontrava. Não sabia onde poderia ir, uma vez que não conhecia a cidade e, é obvio, tudo estava fechado devido ao horário. O mais sensato seria ficar no próprio terminal e esperar amanhecer, quando então decidiria o que fazer. Agora, que chegara na cidade, já não achava sua ideia de fugir para longe tão boa assim. Tudo bem, ninguém conseguiria encontrá-la, principalmente Ricardo… isso, se ele realmente quisesse conversar com ela, do que Cecília tinha sérias dúvidas. Afinal, se ele realmente se importasse, não a teria traído nem brigado por outra pessoa… mas isso eram águas passadas, o que realmente importava agora era o que ela iria fazer… bem, tinha que pensar em algo…

Uma coisa ela sabia que tinha que fazer logo pela manhã… ligar para o seu gerente e explicar sua posição. Afinal, o mínimo que se poderia esperar dela, naquela altura do campeonato, era que entregasse seu pedido de demissão, para que pudessem substituí-la…

Pegou suas malas e sentou-se em um dos bancos espalhados pela rodoviária. Olhou seu relógio, já eram quase quatro horas da manhã. Mais um pouquinho e o dia amanheceria. Felizmente estava no verão, quando o sol costuma despontar mais cedo no horizonte. A brisa fria da madrugada começou a soprar… bom, fria para os padrões da cidade, é claro. Por ser madrugada ainda, o termômetro acusava uma temperatura entre 20 a 23ºC. Estava uma madrugada gostosa. A possibilidade de chegar a uns 30ºC dali a algumas horas era real. Bem, já que estava com o celular ligado mesmo, Cecília resolveu explorar os entornos da cidade. E foi então que descobriu que ali bem perto havia um restaurante, que também era um bar e pizzaria, que se encontrava aberto naquele horário. Sem pensar duas vezes, dirigiu-se para lá. Bem, não era tão perto quanto parecia a princípio, mas não dava para ser muito exigente, naquele horário. Depois de alguns minutos de caminhada chegou finalmente ao local.

Dirigiu-se à recepção, perguntou se poderia registrar-se, pois acabara de chegar de viagem e não tinha nenhum lugar para ficar até aquele momento. O recepcionista deu uma olhada nos registros, confirmou que haviam alguns quartos vagos e fez o check-in de Cecília. Dali a alguns minutos ela já estava confortavelmente instalada em um quarto. A diária não era cara, mas ela não poderia permanecer por muito tempo ali.

Teria que tomar algumas decisões em sua vida e depois partir para a luta. De uma coisa ela tinha certeza… queria distância de Ricardo.

Depois de algumas horas de descanso, com a cabeça fria, finalmente resolveu tomar algumas providências, que se faziam necessárias. A primeira delas foi ligar para seu chefe. Sem entrar em muitos detalhes explicou que estava fora da cidade, não tinha pretensão de voltar tão cedo e que por isso estava solicitando seu desligamento da empresa. Ele até que tentou argumentar, mas ao ver que sua subordinada estava irredutível, limitou-se a pedir que esta enviasse um pedido de demissão formal eletronicamente para a empresa, para que os trâmites pudessem se cumprir. Bem, um problema a menos para resolver, pensou ela após desligar seu celular. Agora teria que decidir o que faria da vida. Permanecer no hotel por muito tempo estava fora de cogitação, assim como permanecer desempregada. Decidido isso, resolveu dar uma caminhada pelo centro da cidade, para ver se havia alguma possibilidade de conseguir uma colocação o mais rápido possível… aproveitou, também, para ver se encontrava alguma casa para alugar, na hipótese de resolver criar raízes por ali. E saiu a perambular sem destino, procurando algo que não tinha a menor ideia do que seria.

Já era bem tarde quando ela retornou ao hotel. Não estava cansada, pois limitou-se a conhecer os arredores sem se preocupar com qualquer coisa além do básico para o momento. Havia encontrado uma casinha que lhe serviria como uma luva. Era apenas um quarto e cozinha, mas ela não precisava de mais do que isso para o momento. E quanto ao emprego, teve uma conversa promissora com o gerente da loja de móveis próxima a Paróquia São José…

Tania Miranda
Tania Miranda
Trabalho na Secretaria de Estado de Educação do Estado de São Paulo e minha função é "Agente de Organização Escolar", embora no momento esteja emprestada para o TRE-SP, onde exerço a função de "Auxiliar Cartorário". Adoro escrever, e no momento (maio de 2023) estou publicando meu primeiro livro pela Editora Versiprosa...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Leia mais

Reflexões

Brincar de “Poliana”

A batalha da vida

Quem somos nós?

Patrocínio